Texto do século XIII revela novos detalhes sobre a vida do santo pobre, como seu choque ao conhecer os mendigos
O francês Jacques Dalarun, especialista em estudos franciscanos, descobriu biografia inédita de São Francisco de Assis com novos dados sobre a vida do santo pobre. O jornal da Santa Sé, L’Osservatore Romano, informou nesta segunda-feira sobre a descoberta, feita em biblioteca particular. Aquilo que parecia ser “um manuscrito insignificante” apresenta detalhes como a passagem que narra uma viagem de Francisco, filho de um rico mercador, a Roma, segundo entrevista com o historiador publicada no periódico.
Esta versão conta que “Il Poverello” (“O Pobrezinho”, em português), como ficou conhecido, fez a viagem não como peregrino, como se acreditava, mas como um negociante surpreendido com o sofrimento dos mendigos que se amontoavam em sua passagem. “Não tem nada a ver com a versão edulcorada que se divulgou sucessivamente: um Francisco já religioso que sofre com os mendigos. Nesta versão, o contraste é muito mais forte. Não é uma mudança paulatina, mas um verdadeiro choque’, explicou Dalarun.
A obra descoberta por Dalarun é datada de 1237 a 1239 e tem 122 páginas cobertas de minúsculos caracteres latinos. “Estava procurando o texto há sete anos. Durante meus estudos, encontrei fragmentos soltos e tudo indicava a existência de algo intermediário de Tomás de Celano, sucessiva à primeira versão e precedente à segunda biografia que conhecemos”, disse o historiador.
Ele afirmou que ainda resta muito por compreender, mas encontrou entre suas páginas elementos de interesse, como um resumo escrito entre 1232 e 1239 da primeira versão. “É um texto amplo: a edição latina conta com 64 partes com algumas folhas de papéis. Muitos comentários acrescentados na primeira versão foram eliminados e há alguns pontos novos”, explicou Dalarun.
Na nova biografia, “ressalta-se muito mais a experiência da pobreza, não em sentido simbólico ou meramente espiritual, mas real”, afirmou. Além disso, o autor aprofunda sobre a questão da fraternidade com a criação, um traço essencial da filosofia franciscana.
Além disso, o livro revela outros detalhes “muito concretos e realistas” sobre, por exemplo, a forma como Francisco remendava sua túnica, usando fibras extraídas das cortiças das árvores.
Biografias não oficiais — Francisco de Assis morreu em 1226, tornou-se santo em 1228 e, no ano de 1260, o Capítulo Geral da Ordem Franciscana encomendou uma biografia oficial para acabar com todas as versões não aprovadas pela congregação. No entanto, com o passar dos séculos, foi possível encontrar obras anteriores que ficaram esquecidas.
Trata-se dos relatos de Tomás de Celano, um dos homens mais próximos a São Francisco, que no ano 1228 recebeu a incumbência do papa Gregório IX (pontífice entre 1227 e 1241) de narrar a vida do santo. Esta primeira biografia foi encontrada no século XVIII, enquanto em 1806 foi descoberta uma posterior, redigida pelo mesmo autor em 1244.
“Estava procurando o texto há sete anos. Durante meus estudos, encontrei fragmentos soltos e tudo indicava a existência de algo intermediário de Tomás de Celano, sucessiva à primeira versão e precedente à segunda biografia que conhecemos”, disse o historiador.
Ele afirmou que ainda resta muito por compreender, mas encontrou entre suas páginas elementos de interesse, como um resumo escrito entre 1232 e 1239 da primeira versão. “É um texto amplo: a edição latina conta com 64 partes com algumas folhas de papéis. Muitos comentários acrescentados na primeira versão foram eliminados e há alguns pontos novos”, explicou Dalarun.
Na nova biografia, “ressalta-se muito mais a experiência da pobreza, não em sentido simbólico ou meramente espiritual, mas real”, afirmou. Além disso, o autor aprofunda sobre a questão da fraternidade com a criação, um traço essencial da filosofia franciscana.
(Com Agência EFE)