Por David Ribeiro Jr.
Houve quem dissesse que pedir aos secretários municipais para colocar os cargos à disposição (leia mais aqui), deixando o prefeito livre para promover alterações no time, ou até eventuais substituições, se fosse o caso, teria sido uma grande jogada de mestre. Eu permito o uso aqui neste texto da expressão “teria sido” porque, de fato, os resultados da atitude nunca poderão ser eficientemente mensurados. Já os que defendem a ideia de deixar os secretários à disposição gostam de dizer que foi uma jogada de mestre porque a ação deixaria os secretários “mais espertos” e “mais dispostos” a trabalhar para ajudar a Administração Municipal. … Bem, quem costuma me acompanhar nestas páginas sabe exatamente o que penso sobre o assunto. Para mim, isso é, com todo o respeito, uma grande bobagem.
Vejamos! Eu sempre questionei a mera substituição de secretários, a troca pura e simples, por achar que isso resolve muito pouco ou quase nada. Um dos textos mais recentes publicados por mim a este respeito foi Dança das cadeiras em Teófilo Otoni: será que apenas trocar os secretários municipais resolve? … Também é verdade que eu, embora não veja com bons olhos a ideia do prefeito de criar um governo misto, inclusive contando com nomes do PT, defendi a sua coragem para dar o primeiro passo para terminar uma guerra que já dura anos. Vou transcrever a seguir, em vermelho, o que já publiquei antes:
(…) Só quem tem a perder com isso é Getúlio Neiva, e isso é um fato sobre o qual escreverei depois. E mesmo assim ele deu o primeiro passo. Agora é a vez do PT mostrar se está preocupado em governar ou em ter poder. Agora é que são elas. Se não der certo, é só sair do governo e dizer depois que não dá para compor com Getúlio. Mas isso é o tipo de coisa que só dá para falar depois de tentar. Antes, é só especulação — e politicagem. (leia a íntegra do texto aqui).
Hoje eu já começo a entender porque o prefeito quer um governo misto. Antes eu pensava que era por causa da recente vitória de Fernando Pimentel, do PT, para o Governo do Estado. Hoje eu começo a ver que tem muito mais do que isso em jogo. Hoje eu entendo que tão perigosa quanto a ação de eventuais nomes do PT no governo de Getúlio, ou ainda mais perigosa, é a ação de alguns atuais secretários que às vezes dão a impressão de torcerem contra o prefeito e seu governo, e, por consequente, contra a cidade.
Dá pra acreditar, por exemplo, que em meio à crise institucional que estamos vivendo, haja secretários que promovem reuniões com pessoas ditas… “amigas”, e admitem para essas pessoas terem certeza de que o prefeito não tem a menor chance de voltar?! Ora! Faça-me o favor!… Eu, de minha parte, prefiro acreditar que isso seja apenas boato.
Penso, inclusive, que se algum secretário tem essa opinião, que me desculpe a sinceridade, mas que peça demissão e se afaste do governo. Aliás, convém destacar que, se as suspeitas de algum secretário que pense assim fossem fundamentadas, até a hipótese de esta situação estar sendo ventilada seria, de certo modo, culpa do próprio secretário. Talvez o(a) nosso(a) hipotético(a) titular do cargo de primeiro escalão pense estar soprando isso apenas em ouvidos supostamente amigos e confiáveis. Mas esses ouvidos são tão confiáveis que a informação poderia, por descuido, vir parar na redação de um site de notícias. Já pensou?!
É claro que “se” isso ocorresse eu ficaria me perguntando se a informação, insisto: “se” chegasse até mim, não seria exatamente uma tentativa de manipulação do minasreporter.com para plantar notícias que são do interesse de um grupo específico. Mas aí eu penso: mas e se a fonte da informação nunca tivesse me falhado nestes muitos anos como produtor de notícias que sou? E se as dicas dessa fonte sempre tivessem se mostrado muito acertadas? E se fosse essa mesma fonte que me dissesse ter ouvido da boca de um secretário a tal infâmia — e chamo de infâmia porque, além de ser uma informação que não passa de mera opinião, torna-se aceita como uma verdade se for dita por uma fonte supostamente crível?!
Apenas a título de comparação: Galileu estava certo e a Igreja errada quando ele disse que a Terra girava em torno do sol. Mas como a Igreja era a Igreja, o errático ficou como certo e a teoria de Galileu, que estava certa, ficou, pelo menos em sua geração, como algo errado e abominável. E faço questão de citar esta comparação apenas para que o secretariado do prefeito perceba o peso de suas palavras. No dia 09/01 eu critique os secretários que querem passar uma imagem de que tudo está bem quando, definitivamente, não está (leia aqui). Mas, por favor!, jogar a toalha… aí já é coisa de perdedor. E, de acordo com os sociólogos, há dois tipos de perdedores: 1. O que pensa que já perdeu; 2. O que pensa que já ganhou.
E aí até dá para entender porque o prefeito, como dizem alguns, está ansioso para ter o PT do seu lado. É que com amigos como alguns que ele “teria” hoje… é mais fácil contar logo com os inimigos.
É… parece que a ideia de colocar os secretários municipais com os cargos à disposição só piorou a situação. O suposto sacode não funcionou. Que pena!
A presidente Dilma ressurgiu ontem (27/01) convocando os seus ministros a travarem uma guerra da comunicação a favor do seu governo. Parece que o prefeito Getúlio Neiva terá que convocar algo parecido.
Quem diria que teríamos algo a aprender com o PT de Dilma?! Mas como a política é uma caixinha de surpresas…