Explosão em navio-plataforma da Petrobras mata ao menos três pessoas

Explosão em navio-plataforma da Petrobras mata ao menos três pessoas

Há ainda 10 trabalhadores feridos e 6 desaparecidos, segundo a ANP; havia 74 pessoas embarcadas na plataforma

Navio plataforma FPSO Cidade São Mateus (Divulgação)
Navio plataforma FPSO Cidade São Mateus (Divulgação)

Um vazamento de gás causou uma explosão na casa de bombas do navio-plataforma da Petrobras FPSO Cidade de São Mateus e deixou pelo menos 3 trabalhadores mortos e dez feridos no litoral do Espírito Santo nesta quarta-feira, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

​A ANP informou que está mandando duas equipes para acompanhar a investigação do acidente. Uma deve ir para a sala de crise da Petrobras, no Rio de Janeiro, e a outra embarcará no navio-plataforma. Ainda segundo a agência, não houve derramamento de óleo, o fogo já foi apagado e a plataforma está estabilizada. Há ainda 31 pessoas a bordo e seis delas estão desaparecidas.

Segundo o secretário de Finanças do Sindicado dos Petroleiros do Espírito Santo, Davidson Lomba, o acidente atingiu funcionários terceirizados pela estatal e ocorreu por volta de 12h50 na região litorânea de Aracruz, no norte do Estado. “É um acidente trágico. Não havia acontecido um acidente nessa plataforma antes e o sindicato vai apurar as causas reais”, disse Lomba ao site de VEJA.

A ANP confirmou que 33 funcionários foram deslocados para uma baleeira, uma espécie de embarcação de fuga, e foram transportados para Vitória, sem ferimento algum. A plataforma está incomunicável.Explosao-size-1406

O navio-plataforma pertence à BW Offshore, é afretado no campo de Camarupim e pode produzir 25 mil barris de óleo e comprimir até 6 milhões de metros cúbicos de de gás por dia. A produção, contudo, estava em 2,250 milhões de metros cúbicos de gás/por dia e 350 metros cúbicos de óleo/por dia. A produção de gás era escoada por meio de um duto para a terra. O navio foi construído em 1989.

Trata-se do segundo acidente da petroleira este ano. Uma explosão no último dia 19, na Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, deixou três trabalhadores feridos, um deles com queimaduras em 70% do corpo. O acidente aconteceu na Unidade Geradora de Hidrogênio, durante um serviço de manutenção na unidade.

As vítimas estão sendo encaminhadas para o hospital Vitória Apart Hospital, local de referência em tratamento de queimados. Militares do Batalhão de Trânsito estão ajudando no deslocamento das ambulâncias até os hospitais. A Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo informou, em nota, que dez vítimas tinham chegado a Vitória. Duas sofreram queimaduras graves e oito foram vítimas de trauma.

Terceirizados — Um especialista que trabalhou na área de gestão de risco da Petrobras, mas que preferiu não ter seu nome revelado, afirmou que o fato de se tratar de uma plataforma terceirizada não implica em maior risco para os funcionários embarcados. “Não importa se é fretada ou própria. Se está no mar, a plataforma segue rígidos padrões de segurança internacionais, ditados por órgãos internacionais de certificação. Esses órgãos acompanham desde o projeto, a planta, até a obra finalizada. São inúmeros padrões e todos seguem rigidamente, alguns até exageram; o medo de um acidente é muito grande”, afirmou a fonte.

Cerca de 90% dos acidentes em plataformas de petróleo no mundo provém de erros operacionais, humanos, e não de padrões de segurança. Segundo a fonte, a grande diferença entre plataformas próprias e terceirizadas é a produção, maior ou menor. “Nem sempre compensa para uma grande empresa, como a Petrobras, construir tantas plataformas. Por isso a necessidade de alugá-las. Mas, independentemente do modelo de contratação, há uma fiscalização periódica onde são revistos todos os procedimentos da operação e também do casco, para conferir se não há corrosão e vazamentos”, afirma.

Por Luís Lima e Naiara Infante Bertão, na VEJA.com



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