Editorial: “a Política e a mesquinharia nossa de cada dia”

Editorial: “a Política e a mesquinharia nossa de cada dia”

Por David Ribeiro Jr.

Eu nunca morri de amores pelo ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Sinceramente, não sei se “tiraria o chapéu” para o homem. Mas, vivendo num país onde a maioria absoluta dos nossos representantes eleitos fazem os desmandos de Teixeira à frente da CBF parecerem fichinha, também não tenho o hábito de demonizá-lo ou criticá-lo. Numa coisa eu concordo com ele: o brasileiro convive muito mal com o sucesso alheio.

Em 2011, numa entrevista que cedeu à Revista Piauí, o ex-poderoso da CBF disse o seguinte: “O neguinho do Harlem olha para o carrão do branco e fala: ‘Quero um igual’. () o negro não quer que o branco se foda e perca o carro. Mas no Brasil não é assim. É essa coisa de quinta categoria”, raciocinou ele. E, convenhamos, nisso Teixeira estava certo.

Antes dele, o maestro Tom Jobim já havia expressado algo bem parecido: aqui (no Brasil) as pessoas têm dificuldades de encarar e de conviver com o sucesso alheio. E eu digo mais: se isso já é difícil no Brasil, aqui na terrinha parece ainda pior. Querem um exemplo? Já notaram como a maioria das pessoas fala mal do deputado estadual Neilando Pimenta? O homem pode até não ser a Madre Tereza de Calcutá — e duvido que seja mesmo —, mas as pessoas o criticam apenas pelo fato de ter saído da pobreza e se tornado um empresário rico e bem sucedido. Ninguém avalia o fato de o sujeito ter trabalhado duro, ter estudado, ter empreendido, ter ousado e ter acreditado num filão que todo mundo dizia que seria o futuro da nossa cidade (tornar Teófilo Otoni um grande centro universitário), mas que ninguém tinha coragem de dar o primeiro passo. E, detalhe: depois de ele ter dado o primeiro passo, outros tentaram imitá-lo, mas sem o mesmo sucesso. Então, convenhamos que, gostando ou não da pessoa do deputado Neilando Pimenta, ou do homem Neilando Pimenta, algum mérito ele tem — ou não estaria onde está. Mas, como já dizia Jobim, e bem frisou Ricardo Teixeira, as pessoas preferem demonizar o sujeito como se ele fosse culpado de algo grave. Mas o pecado em questão é apenas o de ser bem sucedido e de ter empreendido um projeto (a UNIPAC) que foi bom para toda a comunidade local e regional. Ninguém fala mal, por exemplo, dos donos da DOCTUM. É porque esses não moram por aqui e estão longe dos nossos olhos. O outro, Neilando, por ser da terra, tem que conviver com a infame inveja do sucesso alheio. E essa inveja é sempre maior quando o bem sucedido em questão é um irmão que vive ou que está perto de nós. O sucesso dele ofusca os medíocres que, insatisfeitos, destilam todo o seu odioso veneno na vã tentativa de minimizar o sucesso do outro.

E antes que alguém pense o contrário, não estou escrevendo isso para massagear o ego do deputado Neilando Pimenta. Já trabalhei diretamente para ele em 2010, quando assumiu a TV Imigrantes, e só saí porque eu quis — na época preferi continuar à frente dos meus projetos pessoais. O empresário (ainda não era deputado) foi até incisivo no seu convite para que eu continuasse trabalhando por lá. Além desse episódio, também já prestei outros tantos serviços a ele e à UNIPAC através da EMPECOM e da Santhar Produções. Então insisto: não estou escrevendo este texto para passar mel na boca de Neilando. Conheço-o bem demais para saber que é mais inteligente do que isso. Só quis usar o seu caso para ilustrar uma verdade incontestável de nossa cidade, de nossa região, de nosso Estado e de nosso país: a dificuldade para se conviver com o sucesso alheio.

Comecei a notar essa triste faceta da nossa gente no início dos anos 2000, quando a maioria das pessoas criticava os secretários do prefeito Getúlio Neiva. O interessante é que meses antes faziam a mesma crítica a respeito dos secretários de Edson Soares. Fulano tá roubando, Beltrano tá desviando dinheiro, Ciclano só está construindo uma casa tão grande e tão cara porque está envolvido em algum esquema sujo… e etc, etc. … Aí veio a Administração petista da prefeita Maria José e… adivinhe! … As críticas eram as mesmas. E depois de oito anos de gestão petista, novamente a metralhadora da crítica — e muitas vezes da difamação — se volta para a equipe de governo do prefeito Getúlio Neiva. Hoje eu entendo que a crítica sempre acompanhará o governo de turno. A crítica sempre acompanhará as pessoas que estiverem em alguma posição de destaque. Infelizmente, também, a crítica sempre será a arma dos invejosos e daqueles que não têm condições de tentar fazer igual, e, indispostos a assumir a sua incompetência, preferem afiar a língua e começar a falar mal de A e Z que se ponham diante de si.

É claro que entendo que algumas dessas críticas são até justas e merecidas. Sim, isso é uma verdade incontestável. Mas é verdade, também, que você não verá pessoas bem sucedidas perdendo tempo com críticas e maledicências. As pessoas de sucesso, ou bem sucedidas, conforme você preferir, sempre serão marcadas por se manterem focadas em seu objetivo de vida. Não têm tempo para ficar de olho na vida dos outros. Que observam o mercado? Sim, observam. Que estão de olho nas ações dos seus adversários? Sim, estão de olho nas ações dos adversários — as ações diretamente ligadas aos seus projetos. Os bem sucedidos não dão a mínima para com quem fulano dorme, com quem acorda, que roupa usa, onde mora ou quanto ganha.

E é exatamente essa coisa mesquinha que tanto marca a nossa gente, de ficar olhando para os outros antes mesmo de olhar para si mesmo, que tem sido responsável por nossa cidade estar andando para trás todos os dias. E pior: essa nossa característica de criticar e punir o sucesso faz com que pessoas mal-intencionadas se finjam de tadinhas para ganharem o apoio popular. O maior exemplo disso é o que ocorreu recentemente com o PT nacional. O partido tentou associar a imagem do senador Aécio Neves a de um mauricinho enquanto tentava fazer Dilma parecer uma mulher do povo. … Bem, os fatos acabaram por mostrar que enquanto Aécio foi um governador que privilegiou os interesses do povo à frente do Governo de Minas, Dilma, e Lula, que a antecedeu, privilegiaram apenas os interesses do seu partido e dos devidos apaniguados e associados — e imaginar que essa expressão ‘associados’ era usada pelos antigos mafiosos sicilianos da Cosa Nostra para se referirem aos seus compinchas. Assim, pode-se dizer que essa nossa tendência à mesquinharia, ao invés de prejudicar o alvo do ódio das massas, tem prejudicado exatamente às massas populares que não percebem estar sendo manipuladas.

Mas voltemos à terrinha. Aqui a maioria das pessoas não tem coragem de dar o primeiro passo rumo ao empreendedorismo, rumo às novas ideias, rumo ao progresso. Preferem ficar assentados em suas poltronas confortáveis nos camarotes de luxo onde estão instalados vendo a ação dos inovadores, mas torcendo para dar tudo errado — porém, ávidos por roubar os louros quando algo der certo.

Entendeu agora porque há tantas faculdades que não deram certo ou que trocaram de mãos em Teófilo Otoni? Se não entendeu isso, espero que tenha entendido pelo menos o motivo para que a nossa política seja tão ruim.

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Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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