— Por David Ribeiro Jr. —
Depois de mais de noventa dias sem escrever um editorial para o minasreporter.com, estou de volta. Antes de tudo, quero agradecer pelas muitas mensagens recebidas de apoio e de acolhido cobrando mais textos deste escrevinhador. De coração, obrigado a todos!
Agora vamos voltar ao título deste editorial. Na manhã de hoje (13/11) o prefeito Daniel Sucupira (PT) concedeu uma entrevista ao apresentador Vanilson Souza, do programa Conexão 98, da Rádio 98 FM. Como não poderia ser mesmo diferente — poder até que poderia… mas como sempre acontece — o prefeito foi bombardeado com dezenas de perguntas da população cobrando isso e aquilo. Acredito que Sucupira já nem perca mais o seu sono com cobranças. Já deve ter entendido que isso faz parte do sistema, que é inerente da função de chefe do Poder Executivo em uma cidade como Teófilo Otoni.
Como ainda sugere o título deste editorial, uma frase em especial, dita pelo prefeito durante a entrevista, me chamou mais a atenção. Perguntado por um ouvinte por que o asfalto que está sendo aplicado em ruas do bairro Marajoara já está se soltando apenas alguns poucos dias depois da aplicação, o prefeito foi muito feliz na sua resposta. Segundo Daniel, a obra ainda não foi entregue à Prefeitura, e mesmo que fosse, a sua Administração, evidentemente, não a receberia. O prefeito explicou que aquela situação sequer é culpa da empreiteira. Disse que, quando o asfalto é aplicado, em média demora 72 horas para ficar compactado, e como choveu antes, terá que ser refeito. Inteligente, Sucupira ainda fez questão de lembrar à audiência que todo mundo sabe que ele não dá moleza para empreiteiras. Não sei o que quis dizer com isso, mas foi uma sacada muito boa. E melhor ainda foi o que ele disse ao lembrar que muita gente na cidade está torcendo para que aquele asfalto dê errado, para que a reforma do Mercado dê errado e para que tudo dê errado na cidade.
Foi exagero do prefeito dizer isso?… Ainda mais num programa de tamanha audiência, como é o Conexão 98?
Infelizmente, não. Neste particular, o prefeito está correto. Podemos discordar do prefeito em muitas coisas, mas não há como negar que há muita gente nesta cidade que está torcendo para que tudo dê errado, ou para que a administração de Sucupira dê errado, mesmo que esse eventual fracasso represente o atraso para toda uma comunidade.
Alguns que estão na política há mais tempo podem até dizer que isso foi uma prática inaugurada pelo próprio PT, o partido do prefeito, que durante muitos anos promoveu uma eterna — e sem sentido — luta do “nós contra eles”. Sim, em parte o PT fez isso mesmo. Mas, e daí? Por acaso os eventuais erros cometidos pelo PT local podem ser usados como desculpa para que outros grupos e agremiações cometam os mesmos erros? E, afinal, o PT foi o único grupo político-partidário que errou em Teófilo Otoni? Por acaso os outros fizeram tudo sempre certinho?
É claro que não! E tem mais: torcer para que tudo dê errado na cidade é mais do que um erro, é uma atitude baixa, é algo asqueroso, é algo que demonstra muito mais sobre o torcedor do que sobre aquele para quem está se torcendo para as coisas darem errado.
David, você voltou a escrever e resolveu recomeçar justamente puxando o saco do prefeito Daniel Sucupira?
Não, mesmo! Quem acompanha o meu trabalho sabe que eu jamais me prestaria a essa função de puxa-saco de quem quer que seja. Mas como alguém que procura pensar criticamente, entendo que é preciso defendermos as nossas instituições, até porque nós, enquanto pessoas, passamos, mas as instituições permanecem.
Ok! Até eu reconheço que essa última frase ficou parecendo um clichê. Mas, para ser mais prático do que teórico, lembro a vocês que em 25 de novembro de 2015 escrevi um editorial que o intitulei assim: “Não gostar de Getúlio não dá a ninguém o direito a desrespeitá-lo ou de achincalhar a sua gestão”. Mas cerca de um ano depois, em 13 de novembro de 2016, escrevi outro editorial intitulado “Como as pessoas de bem devem reagir à vitória de Daniel Sucupira”. Será que com isso eu me revelo um puxa-saco do prefeito de turno?
É claro que não! Basta verificar no Portal Transparência quanto o Jornal O REPÓRTER NOTÍCIAS, que eu dirigia, recebeu do governo passado, do ex-prefeito Getúlio Neiva, para ver que nunca tive mesmo motivo para puxar saco. E o minasreporter.com, que já existia, não recebeu absolutamente nenhum centavo. Que fique claro que puxa-saco eu não sou!
O que demonstro com os meus textos é respeitar a democracia, o Estado de Direito e torcer para o bem da minha cidade. Entendo que essa deve ser uma atitude comum às pessoas de bem. Quer saber quando comecei a pensar assim? Respondo. Desde que comecei a me envolver em política, acompanhando o meu saudoso avô que, como já disse antes em outros textos, era a minha referência política. Foi ele quem me ensinou que nós temos todo o direito de discordar das ideias das pessoas, da sua ideologia e das suas propostas, mas nós não temos o direito de torcer contra as pessoas que exercem cargos públicos. Segundo o que o meu avô me ensinou, e esta lição trago sempre comigo durante toda a minha vida adulta, e ainda mais na profissão que exerço, eu posso discordar de uma pessoa em quase tudo o que ele propõe, mas, se essa pessoa for eleita, é preciso orar para que esse nome tenha sucesso em seu mandato porque o sucesso dessa pessoa tem a ver com o nosso sucesso também — o meu, e o seu que está me lendo agora.
Teófilo Otoni, nessas eleições (2018), tinha um monte de nomes que se candidataram a deputado estadual (vamos nos ater a essa função para ilustrar o meu exemplo). Apenas um nome foi eleito: Neilando Pimenta (Podemos). Quem não votou em Neilando tem o direito de criticá-lo e de achincalhá-lo? Bem… direito até que tem. Estamos num país livre. Mas será que isso é producente? Não é mais razoável que nós torçamos por ele e que inclusive o cobremos por uma atuação mais viável e de resultados?
Essa mesma lógica vale para o prefeito, e em especial para o prefeito de Teófilo Otoni em qualquer tempo. Atualmente, o nosso prefeito é Daniel Sucupira. Ninguém precisa gostar dele. Ninguém precisa concordar com ele. Ninguém precisa achar que ele é bonito ou bom administrador. Nada disso! Mas, acredite, torcer contra ele é burrice. E revela mais sobre você do que sobre ele.
Eu David Ribeiro Jr., sou nascido em Teófilo Otoni, embora tenha ido para São Paulo com apenas 30 dias de nascido. Mas depois voltei e vivo nesta cidade há trinta e cinco anos. E, por isso mesmo, por viver aqui, prefiro torcer pelo sucesso do prefeito Daniel Sucupira, mesmo discordando dele em muita coisa. Eu quero que ele empreenda a melhor Administração Municipal de todos os tempos. Quero que ele consiga calçar ruas, pavimentar ruas, fazer galerias, tapar buracos, desassorear rios, instalar o distrito industrial e começar uma nova era de prosperidade econômica para a cidade. Por quê? Porque sou prestador de serviços e dependo de que haja giro de dinheiro na praça. E mesmo você que tem emprego estável precisa de que a economia vá bem para que a sua cidade vá bem… e para que você e sua família possam ir bem também.
Mas e se nada disso ocorrer? E se o prefeito não fizer uma boa administração?
Daqui a dois anos tem eleição municipal. Se você e eu não estivermos satisfeitos com o trabalho do prefeito, é só não votarmos nele. Daqui até lá todos nós temos o direito até de tecer críticas à sua gestão, desde que essas críticas sejam devidamente bem fundamentadas. Mas torcer contra apenas por “ser contra” é burrice.
Mas, David. Isso faz parte do jogo político.
Não. Isso faz parte da má política. E se você acha que com isso vai se promover para ser o próximo chefe. Desista! Isso só vai revelar o quanto você é vazio de conteúdo.
Finalizando, quero lembrar outro editorial que escrevi em 25 de abril de 2016: “Atenção, pré-candidatos ao cargo de prefeito! Vencer Getúlio Neiva é mais fácil do que parece. Entenda como e por quê”. A lógica prevista naquele editorial também vale para quem quer tomar o lugar de Sucupira. Acredite, é muito mais producente como eu expliquei lá.
E, como eu sempre digo, quem viver, verá!
