O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Teófilo Otoni, FRANK ALVES, tem se mostrado muito preocupado com o atual momento que a classe empresarial está atravessando com o protocolo denominado “Onda Roxa”, que é o fechamento quase que total das atividades empresariais, exceto daquelas consideradas essenciais para o funcionamento social. Nesta semana o portal Voxvales divulgou uma nota em que atribuía ao presidente da CDL uma fala em que FRANK se disse decepcionado com a atuação do Governo do Estado, que, além de não apresentar uma única proposta viável para a retomada do desenvolvimento socioempresarial, também não abriu espaço para que as lideranças setoriais e regionais pudessem apresentar alguma proposta na recente reunião virtual entre o governador Romeu Zema. Ao minasreporter.com Frank Alves concedeu uma entrevista em que, na condição de presidente da CDL, deixou clara a sua desaprovação para como os políticos têm conduzido esse momento de crise.
Acompanhe o nosso bate-papo:
MINAS REPÓRTER — Como o comércio lojista de Teófilo Otoni tem visto este momento delicado que estamos vivendo com tantas paralisações e restrições?
FRANK ALVES: Estamos vendo com muita preocupação. Sabemos que o momento da saúde no Estado e na cidade é complicado, mas ficamos muito preocupados também com a saúde econômica de nosso pessoal, em especial aqui em nossa cidade, já que Teófilo Otoni é uma cidade pobre. A economia está cada dia pior, o comércio está cada dia pior… Com essa crise do fechamento do comércio, a preocupação é maior ainda, pois não sabemos onde tudo isso vai chegar. Outra coisa que nos preocupa ainda mais é a disputa político-partidária, pois isso está afetando todo o processo de cura dessa doença e da retomada do desenvolvimento. Essa situação nos deixa muito preocupados e inseguros sobre qual caminho seguir. Estamos tentando buscar o entendimento e a negociação, mas o problema maior é que o comércio de Teófilo Otoni não aguenta mais. Como eu disse, somos uma cidade pequena e precisamos olhar com mais carinho, principalmente para os pequenos empreendedores, que estão sofrendo muito.
MINAS REPÓRTER — O comércio, desde o primeiro momento há um ano, já tinha a preocupação de fornecer máscaras para todos os associados, além de álcool em gel e outros elementos. O problema, defendem alguns, não é o comércio em si, e sim a população que circula estando o comércio aberto ou fechado. É justo o comércio pagar essa conta, que não é da sua responsabilidade?
FRANK ALVES: Claro que não! Nós não admitimos de maneira alguma essa possibilidade de o comércio ter de pagar por uma responsabilidade que não é nossa. Para os políticos é muito mais fácil jogar jogarem a culpa no comércio e apelar para o discurso de briga de classes. Mas isso não faz sentido. Suponhamos que o comércio de Teófilo Otoni tenha entre quatro e cinco mil empresários, contando com os pequenos empreendedores. Os políticos, tendo do lado deles as pessoas que os apoiam e os idolatram, acabam esquecendo a razão e se esquecem do próximo, ou seja, de nós, os empresários. Esses mesmos políticos não tomaram as devidas medidas preventivas, o que nós fizemos, e também não empreenderam as ações que deveriam ser feitas. Como não fizeram nada do que deveriam, os políticos estão jogando a culpa no comércio. As entidades do comércio (nós — a CDL —, o Sindcomércio e a Associação Comercial) empreendemos várias ações. Os empresários também fizeram a parte deles, mas o poder público só bateu cabeça e continua brigando por espaço político sem ter que fazer os seus deveres.
MINAS REPÓRTER — Mesmo com o comércio fechado a população continua indo ao Centro; ou seja: a situação pode se agravar ainda mais, mesmo com o comércio fechado…
FRANK ALVES: Sim, com certeza! A Praça Tiradentes virou um centro de lazer, principalmente para aqueles que não têm o que fazer, sem falar que está cheia de camelôs efetuando vendas, enquanto que nós, do comércio legalizado e devidamente constituído, somos obrigados a ter as portas dos nossos estabelecimentos fechados. Seria necessária uma ação na praça também, já que estão punindo os empresários. Seria necessário punir também aquelas pessoas que estão lá sem necessidade, mas nada disso está sendo feito.
MINAS REPÓRTER — E o toque de recolher que foi imposto por um tempo, em um horário que já nem tinha tanto fluxo? Na verdade, só diminui a movimentação nos bares, que já estavam fechados, mas não afetou em nada a circulação de pessoas durante o dia…
FRANK ALVES: É isso mesmo. Durante o dia os ônibus estão lotados, a Praça está lotada, as calçadas lotadas de vendedores na região central, mas a gente só vê fiscalização no comércio. Eu gostaria muito que olhassem o lado dos empresários, o lado do comércio de Teófilo Otoni, que gera milhares de empregos. Hoje em nossa cidade pelo menos 60 a 80% dos empregos formais vêm do comércio, mas as autoridades parecem não estar levando isso em conta.