“O Sicoob Credivale, além de ser uma cooperativa séria, é producente”, diz Antônio Galvão

“O Sicoob Credivale, além de ser uma cooperativa séria, é producente”, diz Antônio Galvão

Relembre, a seguir, uma entrevista exclusiva que o pecuarista Antônio Galvão concedeu ao Jornal O REPÓRTER NOTÍCIAS por ocasião da comemoração dos seus 25 anos à frente da presidência do Sicoob Credivale, em 2013:

Antônio Costa Galvão, presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credivale
Antônio Costa Galvão, presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credivale

O presidente do Conselho de Administração do SICOOB CREDIVALE, pecuarista ANTÔNIO COSTA GALVÃO, recebeu em seu gabinete, na sede da entidade, ao editor d’O REPÓRTER NOTÍCIAS, David Ribeiro Jr., ocasião em que relembrou um pouco da história dos vinte e cinco anos da cooperativa. De acordo com o pecuarista, que também foi um dos fundadores da instituição, muita coisa mudou ao longo deste quarto de século. Segundo ele o cooperativismo hoje está muito mais consolidado, mais forte, e com resultados muito positivos para atrair cada dia mais associados.

O REPÓRTER: A CREDIVALE acaba de completar 25 anos sob sua direção, com um balanço financeiro excepcional que é fruto da boa gestão aqui praticada. O senhor esperava por isso há 25 anos atrás?

ANTÔNIO GALVÃO: Não só não acreditava, como vou mais além. Naquele tempo eu sequer sabia o que era uma cooperativa de crédito. Tudo aconteceu mais ou menos assim: o presidente da Cooperativa de Laticínios, Gladstone (Tadeu Vieira Abrantes), era um homem muito inteligente e tinha alma de cooperativista mesmo. Ele já havia trabalhado muito tempo em Governador Valadares e veio para cá para ser candidato a presidente da CLTO. E ele se elegeu. Pena que ele tenha falecido num desastre de automóvel, o que para nós foi uma perda irreparável. Um dia nós estávamos numa reunião em cima da Caixa Econômica, e havia lá umas cinqüenta ou sessenta pessoas tratando de cooperativismo. Foi lá que surgiu a ideia de uma cooperativa de crédito, e o Gladstone citou o meu nome. Eu tive que falar a verdade. Disse que não conhecia nada a respeito de cooperativa de crédito, não sabia como funcionava, não sabia direito nem o que era isso… e por todas essas razões eu não tinha a menor condição de ser o presidente. Havia tanta gente formada e inteligente que achei que, além de não dar certo comigo, seria injusto com os outros. Mas o Gladstone insistiu que tinha que ser eu. De tanto ele insistir, eu acabei propondo o seguinte: eu iria experimentar por seis meses. Se desse certo, bem! Se não desse, eles que arranjassem outro, até porque eu também não gosto de ficar preso a nada… E esse preso a nada acabou por se estender por vinte e cinco anos, que é o tempo que estou à frente da CREDIVALE.

O REPÓRTER: E como foi esse início, de aprendizado para o senhor, e de formação para a cooperativa?

ANTÔNIO GALVÃO: Tivemos, nesse período, a perda do GLADSTON, e eu tive que ficar por um tempo à frente das duas cooperativas – a Cooperativa de Laticínios e a Cooperativa de Crédito. Ela ficou meio parada por uns tempos porque ficou na mão só do gerente. Eu tinha que trabalhar na outra cooperativa cerca de doze horas por dia e aí ficava pesado dar assistência às duas. A Cooperativa de Laticínios estava em dificuldades e levamos um tempo para acertá-la. Aí eu saí de lá e vim exclusivamente para a Cooperativa de Crédito, onde comecei a trabalhar e a desenvolver. Começamos com vinte pessoas, com uma pequena cota de participação de cada um, que era o capital inicial, e nós fomos abrindo novos convênios e procurando nos firmar. Naquele tempo o BNCC (Banco Nacional de Crédito Cooperativista) era o banco que dava suporte às nossas transações. Mas, quando entrou o Collor (ex-presidente da República – 1990-1992, que promoveu um confisco geral), o banco fechou e nós ficamos com três mil cheques na praça. Aí a diretoria toda saiu. Só ficou eu e mais um, que disse assim: “eu não saio. Eu fico com Galvão”.

O REPÓRTER: E quem foi esse que ficou do seu lado?

ANTÔNIO GALVÃO: Foi Moretzon José Barbosa. Ele ficou comigo. Os outros saíram todos. Praticamente acabou a cooperativa. Naquele tempo nós tínhamos só um computador velho… deu uma mão de obra danada para resolver tudo, mas conseguimos. Os cooperados acreditaram em nós e continuamos em frente. Com o fim do BNCC nós passamos a pertencer a Caixa Econômica Estadual, a Minas Caixa. Mas um dia o gerente do Banco do Brasil me perguntou se eu queria me conveniar e trabalhar com eles. Eu disse que havia possibilidade, mas que iria pensar um pouco e depois ofereceria a resposta. Dois dias depois eu fui lá e fechamos negócio. Saí da Caixa Econômica Estadual e fui para o Banco do Brasil. Coincidentemente, dois ou três meses depois a Minas Caixa fechou. E não foi novidade, afinal, a Minas Caixa era administrada por políticos, e políticos não administram; políticos fazem política. Fechou a Minas Caixa e inviabilizou tudo. Todas as cooperativas de crédito tiveram que fechar também. Mas, felizmente, eu já tinha me mudado para o Banco do Brasil. Só saímos do Banco do Brasil quando avançamos com a fundação do nosso Banco, o Bancoob, que é o banco das cooperativas, que hoje é o terceiro ou quarto banco do Brasil.

O REPÓRTER: O BANCOOB ajudou a alavancar as cooperativas de crédito?

ANTÔNIO GALVÃO: Com o Bancoob tivemos um êxito enorme e hoje temos recebido um apoio muito grande, porque o Bancoob é nosso, é das cooperativas. Hoje temos segurança para trabalhar com cheques e outras transações bancárias e financeiras. Felizmente, estamos com vinte e cinco anos, e estamos bem. Se eu for contar com detalhes tudo o que vivenciamos ao longo deste tempo, levaríamos o dia inteiro, mas certo é que hoje, graças a credibilidade que conquistamos, ganhamos visibilidade e crescimento, a ponto de hoje termos vinte e duas agências que operam com lucros. É importante apenas esclarecer que nós não disputamos com os bancos. Somos uma cooperativa de crédito, uma alternativa financeira. Não convidamos ninguém para sair do banco e vir para cá… Apenas apresentamos o nosso trabalho. Se a pessoa gostar, a pessoa pode ficar aqui. Se ela preferir, pode dividir o seu movimento entre o banco tradicional e a cooperativa de crédito. Foi assim que conseguimos crescer, expandir os nossos negócios, adquirir outras duas cooperativas, que são a de Padre Paraíso e a de Almenara, e hoje temos mais de treze mil cooperados em nossas vinte e duas agências.

O REPÓRTER: Como foram comemorados os 25 anos?

ANTÔNIO GALVÃO: Em nosso aniversário de vinte e cinco anos nós não fizemos festa. Nós participamos de um culto em uma igreja evangélica com uma turma que temos aqui, e depois participamos de uma missa em ação de graças na Igreja Matriz. Eu me lembro que na ocasião o padre falou que Teófilo Otoni é uma cidade diferente. Aqui as coisas começam, mas nem sempre terminam bem, mas a Credivale é uma instituição que começou bem, está bem, e projetando estar cada dia melhor. E diante disso eu posso dizer que o nosso objetivo para os nossos associados e clientes é avançar ainda mais. Hoje nós temos quase tudo que um banco convencional tem. Estamos disponibilizando sistemas automatizados para acessar a conta de casa, da Internet e do telefone, e, por isso mesmo, a nossa prestação de serviços é excelente, faltando muito pouco para nos compararmos com os melhores bancos do Brasil e do mundo.

O REPÓRTER: O que mais mudou hoje em relação aos 25 anos da Cooperativa?

ANTÔNIO GALVÃO: Hoje o sistema de gestão da cooperativa está muito diferente, mais profissionalizado. Eu fui presidente da Cooperativa por muitos anos. Hoje não existe mais essa função. O que existe hoje é a figura do presidente do Conselho de Administração. Como presidente, eu administro a reunião do Conselho. O Conselho é quem normatiza e decide. E aí passamos para os diretores que executam aquilo que normatizamos no Conselho.

O REPÓRTER: Ao contrário de diretores de outras instituições de sucesso que já entrevistamos, o senhor está nos relatando que o sucesso da Cooperativa é o resultado de muita persistência, porque houve muita dificuldade para chegar até aqui…

ANTÔNIO GALVÃO: Ah, sim, houve. E muita dificuldade. Mas é como eu disse. Aprendemos com essas dificuldades. Tanto é que a primeira grande festa da Cooperativa foi a do seu aniversário de 20 anos. É como se nós, naquele momento, estivéssemos dizendo para todo mundo que conseguimos… que chegamos. Agora, aos 25 anos, é só mais uma data que temos para refletir que, de fato, valeu a pena insistir. E tanto é assim que acreditamos não ser necessário fazer festa para comemorar os nossos 25 anos. E, por não fazer festa, economizamos. E para quem fica esse dinheiro economizado? Para o próprio cooperado. Eu vou fazer uma declaração aqui, agora, para você, que pouca gente sabe. Quando começamos a Cooperativa, entramos com um capital pequeno. Eu, por exemplo, entrei com uma cota pequena, simples, mas nunca mexi nela. Graças às sobras da Cooperativa, que foram sendo incorporadas à minha cota, eu já tirei um dinheiro aqui uma vez que deu para comprar um Corola. E hoje eu tenho em minha cota como associado, e é bom que se diga que isso não tem nada a ver com o fato de eu ser presidente… é igual para todo e qualquer cooperado. Hoje eu já tenho em minha cota recursos que são o suficiente para comprar outro Corola, e ainda sobra mais um pouco, tudo graças às sobras que são creditadas e incorporadas à minha cota, e que eu deixo aqui rendendo. Se todo mundo entender isso, a grandeza desse sistema, viria para cá. Todo mundo teria uma cota aqui, e teríamos não apenas treze mil, mas talvez trinta mil cooperados. O sistema de cooperativismo de crédito tem crescido no Brasil todo, mas aqui em Teófilo Otoni e região as pessoas ainda não entenderam que a Cooperativa é séria, ela não fecha, não quebra, e oferece toda a segurança, o suporte e o respaldo do Bancoob, do Banco Central, a Central Crediminas, além da nossa diretoria, que eleita por sua seriedade e pela confiança que inspira ao nosso cooperado e aos órgãos que nos fiscalizam e nos dão suporte. E tem mais: há dois anos a diretoria optou por um procedimento inédito na história do cooperativismo, mas que foi respaldado por trazer ainda mais credibilidade e demonstrar o nosso foco na pessoa do cooperado, e não num sistema financeiro frio e calculista que só pensa e aumentar números. Aos setenta anos o cidadão não está morrendo, mas já viveu grande parte da sua vida produtiva, e agora merece gozar daquilo que produziu. Por isso ele pode vir aqui e apanhar o dinheiro da sua cota em cinco prestações. Aos setenta e cinco anos ele pode sacar todo o dinheiro da sua cota. Se não precisar, o dinheiro pode ficar aí rendendo juros para ele mesmo e para sua família. Mas, se quiser, o dinheiro está à sua disposição sem ter que esperar pela próxima assembleia geral. Foi por isso que eu mesmo já fiz um primeiro saque, como eu já disse, e ainda tenho um bom dinheiro incorporado à minha cota. E insisto: isso não tem nada a ver com o fato de ter sido presidente. A regra é a mesma para todo e qualquer cooperado, e os rendimentos, também. Em outro banco eu teria pago cinco ou seis vezes mais em taxas diversas, e sairia com uma mão na frente e outra atrás, sem nenhum tostão lá de saldo. É que o banco trabalha em prol dos seus donos. A cooperativa trabalha para os seus cooperados. Cooperativismo é uma coisa séria. E é por isso que eu estou aqui: porque eu gosto de coisa séria.

O REPÓRTER: Qual a mensagem que o senhor deixa para os seus associados, seja aqueles que estão aqui desde o início, os que vieram ao longo da história, e até mesmo os mais recentes?

ANTÔNIO GALVÃO: A mensagem que eu deixo é que o cooperativismo é muito sério, e é muito bom para quem busca um parceiro que ajude os seus negócios a crescer. A Cooperativa está apta a receber todo e qualquer associado, seja ele proprietário rural, que era o foco inicial, ou não. Qualquer segmento é muito bem vindo aqui. A Cooperativa trabalha com livre admissão do cidadão. Eu quero deixar uma mensagem muito séria para todos: A Cooperativa, além de ser séria, é producente. Tem quem administra bem e não oferece problemas. Os bancos têm os seus chefes lá no Rio e em São Paulo que fazem o que quer, a hora que quiserem, e pronto. A Cooperativa, por sua vez, segue com extremo rigor as diretrizes e normas do Banco Central, e não visa dar lucros para um punhado de pessoas. Ao contrário, a Cooperativa visa dar lucro para todo o corpo dos seus cooperados. E outra segurança: você pode ver falar de problemas repentinos em alguns bancos. Em Cooperativas isso não acontece. Como a fiscalização aqui é muito maior do que nos bancos, se houver algum problema, e quaisquer riscos, o próprio Banco Central, anuncia isso aos cooperados. Esta é a principal diferença e virtude das cooperativas de crédito: elas existem para os cooperados, e visa dar lucros aos cooperados. É por isso que vale a pena. E, por isso mesmo, eu aguardo a todos que ainda não se associaram a nós, para virem fazer uma visita e conhecer o nosso sistema.



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