Decisão acata um pedido feito pelo Ministério Público na última quarta-feira, por falta de provas
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira o arquivamento, por falta de provas, do inquérito contra o senador Antonio Anastasia (PSDB), ex-governador de Minas Gerais, na Operação Lava Jato.
Anastasia havia sido citado como destinatário de propina pelo agente da Polícia Federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o “Jayme Careca”, espécie de auxiliar no esquema de distribuição de dinheiro ilícito do doleiro Alberto Youssef. Segundo Careca, que só apontou o suposto beneficiário do dinheiro após ser confrontado com uma foto de Anastasia, o tucano recebeu 1 milhão de reais em 2010 em uma casa de Belo Horizonte. Na época, Youssef teria dito que o destinatário era o tucano, candidato à reeleição ao governo mineiro. Na sequência, porém, o doleiro negou ter enviado propina a Anastasia.
Na avaliação do Ministério Público, os indícios que motivaram a abertura do inquérito contra o tucano não se confirmaram. A Polícia Federal, no entanto, defendia a continuidade das investigações porque afirmava que informações de uma cidadã comum enviadas ao gabinete pessoal da Presidência da República, em janeiro deste ano, poderiam esclarecer as suspeitas de propina enviadas ao parlamentar. A denunciante já tinha trabalhado na secretaria de Planejamento do governo mineiro, ainda na gestão tucana, encerrada em 2014.
Na denúncia, a autora descrevia uma residência na qual um dos mensageiros do doleiro Alberto Youssef teria efetuado um pagamento em dinheiro a um político – a PF investigava se o destinatário seria Anastasia. O local seria o mesmo onde o ex-policial federal Jayme Alves de Oliveira, o Careca, teria entregado dinheiro para uma pessoa “parecida” com o ex-governador tucano.
O ministro Teori Zavascki, no entanto, acolheu a manifestação do Ministério Público, que afirmava não haver provas contra o senador, e determinou o arquivamento do inquérito.
O arquivamento da investigação contra Anastasia exclui o PSDB do grupo de partidos com parlamentares investigados na Lava Jato, ao menos entre as apurações conhecidas atualmente. Há pedidos de investigação feitos pela equipe do procurador-geral, Rodrigo Janot, com base em delações recentes, como a do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, mas permanecem sob segredo de Justiça no Supremo e aguardam decisão do ministro Teori Zavascki.
Por Laryssa Borges, de Brasília, na VEJA.com
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