Por David Ribeiro Jr.
TEÓFILO OTONI
Sou teófilo-otonense de nascimento, mas meus pais se mudaram para São Paulo quando eu tinha apenas 30 dias de nascido. Voltamos a morar em Teófilo Otoni, embora ainda não em caráter permanente, em 1982, quando Getúlio Neiva foi eleito prefeito pela primeira vez. Eu era criança, mas ainda me lembro daquela campanha e de ter corrido atrás de santinhos na rua, como todas as crianças faziam no nosso tempo quando viam um carro de política passando próximo de casa.
Desde então eu tenho observado a política à distância — às vezes não tão distante assim, já que a minha família sempre foi bastante politizada — até que em 1993 fui trabalhar na imprensa, inicialmente no Jornal AGORA e, no ano seguinte, na Rádio Mucuri AM, quando a emissora ainda fazia parte do Sistema Itaoca de Rádio, que também controlava a 98 FM.
Como profissional de comunicação acompanhei as campanhas de 1994 (quando foi reeleita a deputada estadual Maria José [PT] e o deputado estadual Kemil Kumaira [PMDB], e Edson Soares ficou na suplência como deputado federal); 1996 (quando Edson foi eleito prefeito para o seu segundo mandato como prefeito); 1998 (quando, pela primeira vez, tivemos uma única deputada estadual eleita na cidade — no caso, Maria José, do PT, e Kemil Kumaira ficou na suplência); 2000 (quando Getúlio Neiva foi eleito para o seu segundo mandato como prefeito; 2002 (quando novamente só tivemos uma única deputada eleita: de novo Maria José. Na época Kemil Kumaira ficou na suplência como deputado estadual e Ademir Camilo na suplência de deputado federal); 2004 (quando Maria José [PT] foi eleita prefeita pela primeira vez, e Ademir Camilo [PPS] assumiu o mandato de deputado federal, do qual era suplente, e Kemil também assumiu como deputado estadual); 2006 (quando Getúlio Neiva [PMDB] foi eleito deputado estadual, e quando tivemos dois federais eleitos: Ademir Camilo[PDT] e Fabinho Ramalho [PV]; 2008 (quando Maria José foi reeleita prefeita), 2010 (quando reelegemos Ademir Camilo [PDT] e Fabinho Ramalho [PV] deputados federais, e elegemos Neilando Pimenta [PHS] deputado estadual); 2012 (quando Getúlio foi eleito para um terceiro mandato de prefeito) e 2014 (quando foram reeleitos Fabinho Ramalho [PV], federal, e Neilando Pimenta [PP], estadual, e Ademir Camilo [PROS] ficou na suplência como deputado federal, e depois acabou assumindo).
Bem… diante do meu histórico de acompanhamento político, seja como profissional de imprensa ou como profissional de Marketing, afirmo aqui, sem medo de errar, que nunca vi uma eleição tão complicada de se acompanhar e de se analisar como a atual campanha em Teófilo Otoni
Atente bem, você que me lê agora, que neste ano foram registradas seis candidaturas: Ademir Camilo (PTN), Daniel Sucupira (PT), Getúlio Neiva (PMDB), Paulo Henrique Coimbra (PR), Roberto Marcos (PSOL) e, depois, tardiamente, Edson Soares (PCdoB). Ademir Camilo desistiu apenas dois dias depois do registro. Já Edson Soares registrou a sua candidatura no apagar das luzes, depois de boatos darem conta de que ele poderia sair candidato a vereador e que também seria o coordenador geral da campanha de Daniel Sucupira, do PT.
Agora, veja vem… Por que digo que esta campanha está tão difícil de ser acompanhada e também de ser analisada? Primeiro: a última vez que tivemos cinco candidatos disputando foi em 1996, quando disputaram “Getúlio Neiva”, “Edson Soares”, “Wander Lister”, “Nagib Nedir” e “Rui Bráz”. Há vinte anos que não tínhamos tantos candidatos. Segundo: não se sabe se Getúlio será mesmo candidato. Os próprios partidos que o apoiam convidaram o deputado estadual Neilando Pimenta para ser o candidato do grupo (leia mais aqui). Segundo: há candidatos que parecem até ter incorporado a pecha do “já perdeu”. Eles não saem às ruas, não fazem uma campanha minimamente equilibrada no aspecto mercadológico, e simplesmente agem como se a derrota fosse iminente. Parece até que só estão cumprindo uma tabela, um compromisso. E, por último, mas não menos importante: por que Edson Soares resolveu registrar a sua candidatura no apagar das luzes?
Pois é. A explicação dele é bastante simples. É quase como se estivesse apenas apresentando uma argumentação elaborada por alguém da equipe de publicidade e propaganda. Ou seja: é exatamente o que se espera que dissesse.
Será que a candidatura é motivada apenas por boa vontade para com a vida pública?
Há quem diga que, na verdade, com a recusa do deputado estadual Neilando Pimenta de assumir a vaga de Getúlio, Edson Soares estaria sendo “testado” para ser o candidato do grupo de Getúlio. Os dois já estiveram juntos em várias ocasiões, inclusive na eleição de 2012, e têm, apesar de algumas divergências, um perfil bastante parecido. Seria, em tese, o candidato ideal para substituir Getúlio Neiva, que ainda se encontra em Belo Horizonte se recuperando do AVC isquêmico sofrido em junho.
É claro que as pessoas ligadas à Getúlio, principalmente os mais apaixonados, negam a possibilidade de substituir o seu nome pelo de Edson Soares. Insistem em afirmar que Getúlio é candidato, e pronto.
Mas será mesmo?
Seja como for, penso que esta dúvida vai se estender até o dia 12 de setembro, prazo final para que os partidos e coligações substituam os seus respectivos candidatos. De fato, a campanha de Getúlio está bastante modesta, bem diferente do que se esperava dele e do seu grupo. E, do mesmo modo, a campanha de Edson, também. É como se estivessem aguardando o resultado de pesquisas para tomarem uma decisão definitiva do que fazer.
Enquanto isso outros candidatos estão com as suas campanhas na rua. Como será que isso vai terminar?
Quem viver, verá!