Por David Ribeiro Jr.
TEÓFILO OTONI
Nas últimas duas semanas tenho visto muita gente se perguntando “o que aconteceu para Daniel Sucupira vencer as eleições em nossa cidade?” O questionamento, convenhamos, é um tanto quanto preconceituoso, pois, quando colocado em forma de pergunta, faz parecer que a vitória do petista tenha sido uma excepcionalidade e uma casualidade, e, cá pra nós, não foi nada disso. A eleição de Daniel foi, na verdade, o resultado de uma campanha que apresentava melhores condições de comunicação entre o candidato e o eleitor. Simples assim!
Eu até esperei passar o oba-oba inicial da vitória do “13” para escrever sobre este tema unicamente para não ser mal interpretado por um lado e outro, vencedor e vencido, diante do que alguns podem entender serem palavras duras.
Todo mundo que me lê no minasreporter.com e que acompanha o meu trabalho há mais tempo sabe o que penso do prefeito Getúlio Neiva. Eu o vejo como um gestor público acima da média dos outros que tivemos aqui ao longo das últimas décadas. Eu, particularmente, tenho até mais acesso ao também ex-prefeito Edson Soares, mas não se pode negar que Getúlio tenha apresentado maiores e melhores resultados do que Soares quando se leva em consideração a situação conjuntural das épocas que cada um governou.
Dito isto, permita-me explicar que este texto não se propõe a falar da gestão de Getúlio Neiva. Longe disso, quero discorrer um pouco sobre o processo eleitoral 2016, sobre a campanha propriamente dita — o que é completamente diferente do que penso dele, de Getúlio, ou da sua Administração.
Pois vamos lá! A comunicação institucional da campanha do PMDB no atual pleito foi de mal a pior. É claro que o prefeito Getúlio Neiva não tem culpa do problema de saúde que lhe ocorreu… lógico que não! Eu, de minha parte, honestamente torci e continuo torcendo pela sua recuperação.
Agora sejamos objetivos: Uma vez que se decidiu manter Getúlio como cabeça de chapa, mesmo doente, cabia ao grupo aqui em Teófilo Otoni empreender uma campanha visando resultados. Qualquer pessoa minimamente inteligente, com apenas os pés no chão, e não as mãos também, podia prever que seria uma campanha difícil. Daí a razão para uma grande maioria do grupo de apoiadores querer substituir Getúlio Neiva por Neilando Pimenta.
Como a boca miúda se comentava que sondagens mostravam Getúlio levemente à frente na intenção de votos no período que antecedeu a campanha, o seu grupo se acomodou e tentou fazer uma campanha voltada a administrar vantagem, mais ou menos como fez em 2004, 2008 e 2012.
Pois é… só que em 2004 e 2008 a opção por uma campanha onde só se administra vantagem não funcionou. A campanha de 2004 acabou sendo atropelada pela promessa de uma universidade federal. Já a campanha de 2008 naufragou diante da promessa de 20 mil empregos na ZPE.
E agora? Qual foi a razão para o atropelo em 2016?
Respondo: a proliferação da ideia de que Getúlio não tinha condições de administrar e de que quem governaria seria o vice dele, o médico Dr. Ilter Martins, que, segundo os mesmos boatos, quebrou o Hospital Santa Rosália.
Mas isso é verdade? Tem algum fundamento lógico?
Não. Claro que não! Isso não tem nenhum fundamento lógico. Primeiro porque Getúlio só optou por permanecer candidato porque acreditava, com base em prognósticos dos próprios médicos, que em breve se recuperará. Segundo: mesmo que o Dr. Ilter fique por um tempo à frente da Prefeitura, ou até por muito tempo, que mal há nisso?
Ah! Ele quebrou o Hospital Santa Rosália…
E quem disse que o Dr. Ilter, que era diretor técnico do Hospital, tem alguma coisa a ver com as finanças daquela casa? E mesmo que tivesse, por que atribuir a responsabilidade a ele pelo que ocorreu com o hospital, que tem um enorme corpo de diretores, e alguns deles até ligados a candidatos de outras coligações também?
Pois é! Se ficarmos aqui fazendo conjecturas e digressões, passaríamos horas sem chegar a nenhum consenso… mas a questão foi exatamente esta: durante a campanha eleitoral, a discussão foi feita por horas e horas a fio nas redes sociais. Todos os dias o meu número de whatsapp era cadastrado em vários grupos diferentes, mesmo sem a minha autorização, e muitos desses grupos foram criados com o único propósito de denegrir a imagem do prefeito e do seu grupo. Um determinado vereador com quem conversei depois do pleito… um dos poucos que não foi eleito pelo grupo de Getúlio… me disse algo interessante. Segundo esse vereador eleito, a cidade foi invadida por uma onda de pensamento que dava conta de que era necessário tirar Getúlio e seu grupo da Prefeitura. A população não sabia nem por quê. Só sabia que tinha que tirar ele de lá. É o típico efeito manada.
E mesmo com toda essa onda negativa contra o vice da chapa, o que fez a coordenação da campanha de Getúlio?
Nada. Absolutamente nada. Preferiu acreditar que poderia administrar vantagem. Não houve uma única resposta à questão. Pelo menos não houve uma resposta colocada maciçamente para a população. Eu, por exemplo, mesmo trabalhando na imprensa, não vi nenhuma resposta. Faltou marcar posições.
Do outro lado, Daniel
Enquanto o grupo do 15 fazia uma campanha que parecia um jogo em busca do resultado de meio a zero, a campanha de Daniel Sucupira se mantinha ativa e proativa. Mesmo com poucos recursos, a campanha ousou e contratou os melhores profissionais possíveis para formar a sua equipe de comunicação, inclusive contando com nomes como o jornalista Sidney Júnior, que sempre trabalhou em campanhas que defendiam Getúlio Neiva, e que conhecia bem o seu estilo… sem falar na eficiência de Jorge Arcanjo para fazer barulho nas redes sociais. Leia mais aqui.
Enquanto a campanha de Getúlio era baseada em números e estatísticas difíceis de serem compreendidos pela maior parte da população, e mais difíceis ainda de serem digeridos por quem de fato os entendia, a campanha de Daniel Sucupira tratou de humanizar o seu candidato, de mostrar um rapaz novo, cheio de garra, que é do povo, que é gente do povo, que é povo, que entende as pessoas, que se mistura a elas e que, com a experiência política já adquirida, pode, sim, governar para o povo.
Funcionou!
Do outro lado, o vice de Getúlio, Dr. Ilter, que estava tentando segurar a campanha, era diuturnamente bombardeado sem que houvesse quem o defendesse. Acontece!
O que nos reserva o futuro
É claro que ganhar a eleição foi apenas a parte difícil do processo. Agora Daniel terá que enfrentar a parte ainda mais difícil: administrar tendo que conviver com egos inflamados e uma sanha da parte de alguns para se vingar da direita pelas recentes vitórias em nível nacional. Mas Daniel é inteligente. Acredito que ele será prudente o bastante para contornar essas dificuldades para construir uma gestão verdadeiramente nova. Até porque ele está ciente de que, se não o fizer, sofrerá ainda mais a cobrança da população.
Eu, como cidadão, desejo-lhe boa sorte e todo o sucesso em seu mandato. Até porque o seu sucesso enquanto prefeito é, ou pelo menos deve ser, o sucesso de cada cidadão teófilo-otonense também.
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