Por David Ribeiro Jr.
TEÓFILO OTONI
Como eu já escrevi aqui mesmo no minasreporter.com, Teófilo Otoni, pelo menos em matéria de pré-candidatos ao cargo de prefeito, é uma cidade abençoada. Há pelo menos uma dúzia de nomes enfileirados por aí se colocando à disposição da população para suceder o atual mandatário do cargo, o prefeito Getúlio Neiva (foto), do PMDB.
Nesse enorme caudal há candidatos para todos os gostos, preferências e orientações políticas. Há os que já estiveram lá, e agora querem voltar; há os que nunca estiveram, mas não querem morrer sem passar por lá; há os que sempre estiveram perto do poder, mas agora, cansados de serem apenas próximos, querem assumir o poder de fato; há aqueles que defendem uma administração mais à esquerda, mais à direita, mais ao centro, mais atrás, mais à frente… até quem defenda que o prefeito tem que trabalhar por apenas dois salários mínimos por mês (embora todos nós entendemos que as chances de isso acontecer são quase zero).
Mas antes que eu divague demais, deixe-me voltar ao foco deste texto. O que eu disse no título, e pretendo entregar, de fato, é o segredo de como vencer Getúlio Neiva nas eleições municipais.
Vamos analisar a situação de forma pontual. É consenso geral que o prefeito Getúlio Neiva tem enfrentado muitos problemas na atual administração. E bota “MUITOS” nisso! Porém, com exceção dos pré-candidatos que têm uma orientação política mais à esquerda, quase todos os demais querem proximidade com o homem. Querem até mais do que isso. Na verdade, quase todos estão se oferecendo para ser seu vice e, na eventual possibilidade de um impedimento, ser o seu candidato.
Como profissional de Comunicação e Marketing, e também como observador do cenário político há muitos anos, quero lembrar aos pré-candidatos que não é necessário ter todo esse medo do prefeito Getúlio Neiva. Acreditem, ele não é esse bicho-papão todo que alguns pintam. Getúlio é apenas um homem. E já que ele não tem poderes mágicos (acho que alguém anda lendo muitas revistas em quadrinhos ultimamente, ou então assistindo demais a toda essa safra de filmes de super-heróis), e, de fato, poderes ele não tem, qualquer um pode alcançar o mesmo status político que Getúlio alcançou. E pode até superá-lo, se assim o quiser, e se planejar direitinho.
Para isso só é preciso entender algumas coisas simples. Por exemplo: quem é Getúlio Neiva? Como ele chegou no lugar em que se encontra?
Bem… primeiro ele, Getúlio, procurou se formar em duas áreas do conhecimento que são a essência da política e das relações humanas: Direito e Jornalismo. Divagando um pouco, eu me lembro de uma piada que a gente ouvia na faculdade que versava mais ou menos o seguinte entre os acadêmicos que já se projetavam na futura profissão: “os advogados apenas pensam que são deuses. Os jornalistas têm certeza de que são…”. Brincadeiras à parte, ninguém pode negar que essas duas áreas estão diretamente ligadas à política. Pois é… E Getúlio Neiva se formou em ambas. Tudo bem que ele se formou há cerca de quarenta anos… mas se formou.
Depois de buscar para si uma boa formação para quem pretendia ser uma figura política algum dia, Getúlio voltou para a cidade e aqui criou um jornal num tempo em que a imprensa escrita era a que detinha a maior credibilidade possível. Assim, ele passou a controlar, pelo menos em parte, a informação. Com esse controle, mesmo sendo uma pessoa pobre de recursos materiais, galgou espaço na sociedade, tornou-se presidente da Associação Comercial, foi convidado a ser secretário municipal e, enfim, viu que o cenário era positivo e, diante da oportunidade, se lançou candidato a prefeito. Perdeu no número de votos para o então candidato Eduardo Tomich, mas como naquela época prevalecia um sistema de coeficiente, mais ou menos como ocorre hoje com as candidaturas às diferentes instâncias parlamentares, foi eleito.
E desde então Getúlio esteve envolvido com a política quase que vinte e quatro horas por dia, mesmo quando ficou seis anos sem mandato (1995-2000). Houve quem dissesse nessa época que Getúlio não ganharia mais nada, nunca mais, nem mesmo para síndico de condomínio. Mas ele deu a volta por cima, foi eleito prefeito, perdeu de novo, foi eleito deputado estadual, voltou a disputar a Prefeitura, perdeu… depois ganhou… e hoje se tornou essa figura quase mítica da nossa política local. …
Bem… eu disse que mostraria como vencer Getúlio Neiva, não que iria escrever uma ode em sua homenagem. Pois, bem! Para vencer Getúlio Neiva é necessário que o pretendente ao seu posto se mostre melhor do que ele. Simples assim!
O grande problema dos nossos pré-candidatos, pelo menos da maioria, é que eles simplesmente somem por quatro anos e, quando estamos às vésperas das eleições, aparecem do nada para se apresentarem ao povo. Muitos desses pré-candidatos estiveram durante uma boa parte do tempo ligados ao prefeito de turno (já que isso não é uma exclusividade dos que querem substituir Getúlio apenas) e, quando pensam que não estão sendo devidamente valorizados ($$$), se apresentam como uma alternativa ao prefeito. E aí é que mora o problema. Ninguém… pelo menos ninguém de bom senso, vota num candidato só porque ele é uma “alternativa” ao outro. Não é assim que funciona a cabeça do eleitor. O povo não quer ter uma série de alternativas para votar. Isso não é um jogo. Pelo menos para o povo não é. As pessoas querem votar em alguém que seja a melhor opção para a sua cidade, para gerir os rumos do seu município e para garantir a aplicabilidade das políticas públicas em prol de um futuro melhor para todos.
Em resumo: as pessoas querem votar na melhor OPÇÃO, e não em outra alternativa pura e simples. Um exemplo do que estou tentando explicar aqui pode ser entendido na campanha presidencial do então senador mineiro Aécio Neves. Ele não era tão conhecido nacionalmente como seus colegas de partido José Serra e Geraldo Alckmin… mas ambos já haviam sido candidatos contra o PT e se deram muito mal. Alckmin tinha uma reeleição quase que garantida para governador (e ganhou mesmo), e Serra tinha a sua campanha para o Senado praticamente assegurada (e também ganhou). Embora ambos tivessem, e ainda têm, o desejo de disputar a Presidência com o PT, e vencer, ambos preferiram ficar em suas respectivas zonas de conforto. Se não fosse por isso, Aécio dificilmente teria sido o candidato do seu partido à Presidência. E, ainda em se falando de Aécio, ele dirigiu uma campanha voltada a mostrar ao grande público que ele era a MELHOR OPÇÃO para o Brasil. Não era apenas uma alternativa à Dilma e ao Petismo. Ele era a MELHOR OPÇÃO para o Brasil. Mas, para isso, para dar sustentação ao que pregava, usou todo o currículo construído ao longo da sua vida pública para mostrar que não era apenas um aventureiro qualquer, nem tampouco o netinho de Tancredo Neves, como a oposição tentou pintar. Ele era o homem que se preparou durante toda a sua vida para fazer do Brasil um lugar melhor.
Ele ganhou? Não. Perdeu. Mas conseguiu superar todo o misticismo da candidata Marina Silva, muito mais conhecida do que ele em nível nacional, e se firmar como o maior nome da direita e da oposição neste momento político. E tudo porque ele não se mostrou apenas como uma alternativa. Ele se mostrou como uma Opção. Mais do que isso, mostrou-se como A MELHOR OPÇÃO.
Voltando a Teófilo Otoni.
Se você, pré-candidato, quer ter alguma chance neste processo político, pare de fazer reuniões fechadas em gabinetes na calada da noite. Isso parece muito mais conspiração do que campanha eleitoral — ou pré-eleitoral, como a lei me obriga a denominar. Sem falar que aquelas pessoas com quem você se encontra na calada da noite são metidas a entender de política, mas nunca ganharam nenhuma campanha por si mesmas. Elas não representam ninguém além de si mesmas. Não têm voto.
Para ser candidato a prefeito com chances reais de vitória é preciso, como fez Getúlio, primeiro obter uma boa formação e um bom currículo. Depois é preciso construir uma trajetória vitoriosa, garantir que as informações que fluam ao seu respeito sejam as melhores, e também mostrar capacidade e condições reais de ser o homem, ou a mulher, que o povo quer e precisa. E, claro!, é preciso aparecer, ser visto, estar presente… e não apenas dar às caras de quatro em quatro anos disparando uma metralhadora contra quem já é político — como se você não fosse —, mas sem dizer o que fará de diferente se tiver uma oportunidade. Getúlio fez isso. Você, se quiser um lugar ao sol, ou à sombra, como preferir interpretar, também precisa fazer. Do contrário, você não passará de uma nota de rodapé na história do município, como um(a) candidato(a) que se pretendia uma terceira ou quarta via, mas que não passou de um experimento político fracassado.
E antes que algum bacana venha dizer que estou, com este texto, enaltecendo a figura política de Getúlio Neiva, não estou. O que estou fazendo é mostrar, de forma nua e crua, que, em política, não existe mágica. Política é uma ciência. E, como toda ciência, precisa ser encarada com experimentos de tentativa e erro até que se possa chegar a uma teoria testada e aprovada. E Getúlio fez o seu dever de casa. Não dá para você superá-lo sem também fazer o seu dever de casa. Entenda isso de uma vez por todas.
Para vencer Getúlio é preciso ser melhor do que ele. Mas, para isso, é preciso, primeiro, ser pelo menos igual a ele… para só depois melhorar e superá-lo. O resto é conversa fiada. E se você, com base nesta análise, percebeu que agora não é a sua vez, que agora não tem chance, tenha pelo menos a hombridade de não atrapalhar o processo, retirar-se e deixar que os que de fato têm alguma chance disputem. Ou, como eu já disse, resigne-se a ser apenas uma nota de rodapé na história desta cidade.
Quem viver, verá!