O ministro a Advocacia-Geral da União José Eduardo Cardozo falou já na madrugada desta segunda-feira sobre o processo de impeachment autorizado neste domingo pela Câmara dos Deputados contra a presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, o governo recebe com ‘indignação e tristeza’ o resultado da votação. E afirmou, seguindo o discurso petista de que a eventual deposição de Dilma seria um golpe, que ‘a luta pela democracia continua’. “Ninguém hoje discutiu os fatos que são objeto da acusação. A votação de hoje foi puramente política, e não é isso que prega a Constituição”, afirmou. O ministro disse que a presidente falará nesta segunda-feira.
“A decisão da Câmara foi puramente política, o que é inaceitável no presidencialismo. Isso nos deixa indignados, configura um golpe. Um golpe nos votos de 54 milhões de brasileiros. Um golpe na Constituição. É o golpe de abril de 2016”, afirmou Cardozo.
O AGU criticou a maneira como a Câmara tratou do processo, ignorando, segundo ele, decisões técnicas de acordo com as quais os argumentos para o processo de impeachment não configurariam crime. E desferiu sua artilharia especialmente contra Eduardo Cunha, presidente da Câmara. “Ele é acusado de graves delitos. Seu processo de cassação começou antes do de impeachment. O processo contra Dilma andou muito mais rapidamente do que o contra Cunha”, disse, sugerindo que ele faz uso do cargo para prejudicar a presidente.
Ao encerrar, disse que Dilma não se abaterá: “Isso não fará com que ela deixe de lutar contra aquilo em que acredita. Dilma dedicou sua vida à luta por seus ideais. Ela esteve presa por defender seus princípios e não se acovardou. Ela vai lutar, não esperem outra postura da presidente”.
(VEJA)