Por David Ribeiro Jr.
TEÓFILO OTONI
Talvez você que me lê agora até me chame de radical por causa da dureza das minhas palavras. É um direito seu pensar isso ou qualquer outra coisa que você quiser. Mas eu insisto no meu raciocínio de que, durante todo o desespero causado pelo risco iminente de um surto de febre amarela em nossa cidade, foi perceptível que muita gente bacana usou (???) a ocasião pura e simplesmente para aparecer. E aparecer no sentido mais pejorativo da palavra.
Como você bem se lembra, ainda estamos num momento de transição política. A maioria dos municípios da nossa região não reelegeu o seu prefeito; e muitos dos novos mandatários, me desculpe a sinceridade, e também o trocadilho, estão mais perdidos do que cego em tiroteio. E isso vale, também, para muitos vereadores, secretários municipais e até para gente cujo cargo não passou por nenhuma transição recente. Refiro-me a alguns dos… como chamá-los?… nossos deputados — ou seria apenas “deputados”, sem o pronome “nossos”?
Essa gente que não faz nada, ou que não sabe quais ações empreender para fazer jus ao mandato que ocupam — alguns apenas ocupam mesmo, e mais nada —, parece estar procurando desesperadamente por uma melancia para pôr na cabeça e sair na rua chamando a atenção dos cidadãos de bem, dos eleitores, dizendo mais ou menos assim: “Eu estou aqui”.
Agora vamos nos focar um pouco mais na real proposta deste editorial. Primeiro, por que estou escrevendo todas estas coisas? Simples… porque durante as duas últimas semanas o que mais vimos foram pessoas dando pitaco e cobrando soluções dos outros. Essas pessoas, esses cobradores de plantão, em momento algum se lembraram de assumir a responsabilidade por também serem homens e mulheres públicos, o que quer dizer que também são responsáveis por apresentar soluções, e não apenas repetir a lengalenga de que o problema existe. E olha que não estou sequer pedindo que os nossos homens e mulheres públicos doem, do seu bolso, lotes de vacina. Não sou tão ingênuo assim. O que estou cobrando aqui é que essa gente não use do momento de crise e de comoção social para colocar mais lenha na fogueira e depois esconder a sua responsabilidade pelo crepitar das chamas.
Não foram raros os casos de bacanas que foram para o jornal, para a rádio ou, pelo menos, para as mídias sociais, dizer que iriam cobrar do prefeito, do governador e de não sei mais quem uma posição imediata… e em momento algum lembrou que, em tese, ele(a) também deveria ser parte da tal solução imediata, já que foi eleito(a) para isso. Convenhamos que, para apontar o problema, o que mais temos são técnicos… aliás, foi exatamente graças a um técnico que fomos alertados do surto. Definitivamente, não precisamos de políticos para isso. Dos políticos, o que queremos é SO-LU-ÇÃO.
Quer um exemplo de alguém que demonstrou bastante vontade de ajudar? Vou apresentar pelo menos um caso aqui. Diante das enormes filas que tomaram conta de todos os postos e locais de vacinação, o vereador e odontólogo Dr. Gilson Ferreira Gonçalves, o Gilson Dentista (PP), ofereceu o seu complexo odontológico, no Bairro São Jacinto, para ser convertido em posto de vacinação durante o sábado (14/01). Acabou não dando certo porque, segundo o que ele mesmo explicou, existem algumas regras do Ministério da Saúde que precisam ser observadas.
Houve quem dissesse que o vereador foi apenas diplomático e conciliador ao justificar o fato de não terem sido aplicadas as vacinas no seu complexo. Alguns insistem que, na verdade, a aplicação não deu certo por motivação política. Essa versão dá conta de que o deputado federal Ademir Camilo (PROS) teria oferecido uma equipe de profissionais para ajudar o Dr. Gilson a aplicar a vacina, e a participação dele, de Ademir, teria elevado alguns ânimos político-partidários. … você entendeu, né?!
Eu não sei qual é a verdade nesse caso. E neste momento não estou preocupado em descobrir. Para esta nossa discussão, o que importa é que o vereador se prontificou a ajudar de forma prática, de forma razoável, enquanto muita gente bacana só fez proselitismo visitando os locais de vacinação, tirando selfies para postar nas mídias sociais e dando palpite nisso e naquilo, como se essa conversa mole pudesse ajudar em alguma coisa. Tenha dó!
E já que o nosso foco agora está em quem de fato trabalha, permita-me fazer um elogio à pessoa do prefeito Daniel Sucupira, que é, inclusive, extensivo a toda a sua equipe. Muita gente pode não gostar desse início de Administração do prefeito; mas que o homem trabalhou muito no combate à possibilidade de um surto da febre amarela, isso ninguém pode negar. Daniel se mostrou muito ágil em oferecer uma resposta à altura do que o problema exigia desde o primeiro momento. E para isso contou com o apoio do seu vice, o médico José Roberto Correa, que também é secretário municipal de Saúde.
Como eu disse, as pessoas podem não gostar, e até criticar o prefeito por vários outros motivos… não vou entrar no mérito da questão neste editorial. Mas ninguém pode negar que a resposta que ele ofereceu ao problema do risco de um surto de febre amarela foi condizente com o que se espera do prefeito da nossa cidade. … Poderia ter sido melhor? Claro que sim. Aliás, evidente que sim. Mas entendo que ele, o prefeito, fez o que era possível ser feito, e num tempo bastante razoável — até porque vacina não dá em árvore, e os aplicadores precisam ser minimamente preparados para a tarefa, o que leva, evidentemente, algum tempo.
Neste meu primeiro editorial inédito de 2017 não vou citar nomes dos muitos caras que usaram a crise da febre amarela apenas para aparecer. Até porque a crise e os riscos inda não acabaram, e eu, da minha parte, não quero polemizar ainda mais. Preferi citar neste editorial apenas nomes de pessoas que entendo terem sido ágeis e proativas durante o problema. Mas que fique claro aos que só conversaram e fizeram barulho, sem nenhuma solução prática, que estamos de olho. E uso o verbo no plural porque não se trata apenas de mim. Toda a sociedade está de olho. Todos os teófilo-otonenses estão de olho. E, acreditem, na hora certa daremos nomes aos bois.
Quem viver, verá!
———————————–
Leia outros editoriais:
“É preciso fazer o que precisa ser feito!”
Como Daniel Sucupira faz para administrar tantos novos “amigos”?
Como as pessoas de bem devem reagir à vitória de Daniel Sucupira