O novo presidente do PMDB de Teófilo Otoni, Nagib Nedir, concedeu entrevista na manhã desta quarta-feira (19/08) ao Programa Conexão 98, da Rádio 98 FM, ocasião em que comentou o fato de ter assumido o partido — como já havia sido, inclusive, antecipado pelo minasreporter.com, conforme você pode ler aqui.

Na entrevista Nagib usou um tom extremamente conciliador ao mencionar a mudança de comando da legenda. Disse, por exemplo, que não assumiu o partido para fazer um novo PMDB, e sim para administrar esse período de transição. Ele só não explicou a qual período de transição se referia.

Entendendo a celeuma
Em novembro do ano passado terminaria o mandato estatutário do Diretório Municipal do PMDB local, que era até então presidido pelo presidente da Câmara dos Vereadores, Northon Neiva Diamantino. Antes disso, porém, alguns membros do Diretório Estadual do PMDB teriam pedido à Executiva que destituísse o Diretório Municipal de Teófilo Otoni por não ter formalmente apoiado a eleição do então candidato Fernando Pimentel ao Governo de Minas. Esta foi a desculpa apresentada à época.

Mas, ainda à época, o que se comentou nos bastidores do poder — informalmente, é claro! — é que o verdadeiro motivo do pedido de destituição do diretório era uma antiga rixa pessoal do ex-governador Newton Cardoso, um dos caciques do partido no Estado, que ainda se ressentia por Getúlio Neiva, filiado ao partido, ter se debandado para apoiar o então candidato ao Governo do Estado Aécio Neves (PSDB) em 2002. Contudo, como o então secretário municipal de Serviços Urbanos José Milton dos Santos, o “Alemão do Sucatão”, apoiou no ano passado a candidatura de Newton Cardoso Jr., que disputou, e venceu, uma vaga de deputado federal, acreditava-se que Alemão conseguiria convencer Newtão, como o ex-governador é conhecido, a deixar isso pra lá. Mas, como ficou provado, não conseguiu.

Na ocasião do imbróglio o ainda presidente do partido, Northon Neiva, chegou a enviar uma carta para o presidente do PMDB estadual, Antônio Andrade (atual vice-governador de Minas), explicando que a pessoa do prefeito Getúlio Neiva não apoiou Pimentel por uma questão de divergências políticas históricas com o PT na Cidade, mas que o Diretório apoiou, sim, a campanha vitoriosa de Pimentel, inclusive com amplo registro desse apoio.

Apesar de toda a articulação local — que demonstrou por “A + B” que o motivo alegado para a destituição do diretório era sem fundamento lógico, a destituição acabou acontecendo, não se permitindo a convenção do partido que deveria eleger o novo diretório municipal. Desde então foram citados “N” nomes que poderiam assumir o partido. Mas a confirmação do novo presidente, agora de uma comissão provisória, saiu apenas há poucos dias quando Nagib Nedir já estaria convidando algumas pessoas para comporem com ele a comissão.

Conciliador
Durante a entrevista em que confirmou a sua condição de novo presidente da legenda, Nagib disse, inclusive, que Getúlio Neiva continua, sim, filiado ao PMDB, e que o partido deverá confirmar a pré-candidatura dele, Getúlio, à reeleição no ano que vem. “Getúlio só não será candidato se não quiser”, afirmou Nagib. Conciliador, voltou a repetir que só é presidente da comissão provisória. “Eu assumi apenas para fazer esta transição”, insistiu. Nagib também fez questão de elogiar a Presidência de Northon Neiva à frente da legenda: “o PMDB sob a gestão de Northon Neiva sempre foi um partido ativo. Não é à toa que as duas maiores lideranças da cidade, o prefeito e o presidente da Câmara, são do PMDB”, disse ele.

Apesar do tom conciliador, Nagib não comentou se pretende realizar convenção para a eleição de um novo Diretório Municipal, nem explicou a qual “transição” se referiu por três vezes durante a entrevista. Agora é esperar e ver o que vai acontecer. Ninguém deve se esquecer de uma coisa bastante óbvia: ser presidente do PMDB não é uma tarefa fácil em Teófilo Otoni para quem pretenda se opor ao grupo que até então presidia o partido. Em qualquer convenção, Getúlio e Northon Neiva, mesmo sem cargos de diretoria na legenda, têm maioria entre os filiados, que acabariam aprovando apenas uma agenda apontada por eles. O presidente, caso tivesse interesse conflitante, teria apenas a prerrogativa de colocar a pauta — ou não — em votação. Este teria sido, inclusive, o motivo pelo qual o assessor especial do governador Pimentel, Jorge Arcanjo, acabou optando por não assumir a Presidência do partido quando esta lhe foi oferecida, preferindo assumir o novato — e em formação — MB (Muda Brasil). Além de Jorge Arcanjo foram cogitados, também, os nomes de André Neiva, Leonardo Leal, o próprio Alemão do Sucatão e muitos outros. Mas foi a Nagib Nedir que coube a incumbência.

Concluindo, e apenas lembrando o que já escrevi antes: Getúlio Neiva é o chefe de Nagib na Prefeitura. Então, pelo menos relativamente, “tudo como antes na terra dos Abrantes”.