Por David Ribeiro Jr.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu com mais uma das suas no programa partidário do PT exibido “gratuitamente” na noite da última quinta-feira (06/08). E, só pra constar: as aspas na palavra gratuito são para lembrar que o programa partidário na televisão, seja do PT ou de qualquer outro partido, só é gratuito para “o partido”. Nós, o povo, pagamos a conta por aquele tempo que os bacanas usam de graça na TV aberta e no rádio.
Mas voltemos a falar de Lula. O que foi aquilo? Eu fiz até questão de, depois de ter assistido ao programa na TV (assumo, eu fiz isso), ter voltado ao youtube para saber se havia entendido direito. Entendi, sim. No auge da sua sabedoria, que às vezes parece transcender à lógica humana, o homem mais poderoso do partido que um dia foi dos trabalhadores (hoje está mais para o partido dos mafiosos — o mensalão, o petrolão e a Operação Lava Jato estão aí para confirmar isso), soltou a seguinte pérola: “Eu sei que a situação não está fácil e que a crise já chegou nas nossas casas… mas nosso pior momento ainda é melhor para o trabalhador do que o melhor momento dos governos passados”.
Quando vi aquilo e, principalmente quando revi, me perguntei: “de onde o homem tirou essa informação? Como ele consegue ser assim tão cara de pau para apresentar essa falácia como se fosse uma estatística confiável, mesmo tendo certeza de que não é?… Convenhamos, ele é o cara… o cara de pau. Qualquer semelhança com o Pinóquio dos contos de fadas pode não ser mera coincidência.
Há muito tempo que venho fazendo aqui no minasreporter.com algumas críticas ao comportamento e às falácias do ex-presidente Lula. Já escrevi, por exemplo, que de Minas ele só quer saber, usando suas próprias palavras, de votos e do nosso frango com angu. Geralmente, quando isso ocorre, quando eu teço uma crítica, as pessoas me rotulam como direitista e coisas do gênero… como se isso fosse um defeito. Mas não sou direitista. Se fosse — e não vejo nenhum problema em o ser —, certamente que diria; mas não sou. Ao contrário, até já votei no Lula. O que hoje sou é realista. E é por isso mesmo, por ser realista, que não voto mais no Lula e me acho no direito de tecer críticas a ele, individualmente, e ao PT enquanto agremiação partidária. O meu problema com Lula e o PT não é que eu não aceite o que eles fizeram de bom. Aceito, sim. O problema é que eu não consigo aceitar o que eles fizeram de ruim e de errado. E não aceito mesmo.
O PT… o mesmo partido que se diz do povo e do trabalhador, é a agremiação que, no poder, aumentou de forma recorde o endividamento público. Com isso o Brasil atualmente paga uma dívida de cerca de R$ 251 bilhões por ano só de juros da dívida pública. Ou seja: o País gasta por ano, só com juros, mais do dobro do que investe em saúde e quase o triplo do orçamento da Educação. E essa disparada da dívida se deu no governo petista, sim. Antes que alguém pense o contrário, que fique claro que essa dívida não é herança dos governos passados. Que Lula, ao receber o País em 2003, encontrou dívidas, sim, é verdade, encontrou. Mas ele, e a Dilma depois, conseguiram multiplicá-la assustadoramente, mesmo num momento em que, graças à “bolha das commodities” o País estava arrecadando mais do que em qualquer outra época da história. E se arrecadava tanto, qual a razão daquele endividamento?
Boa pergunta. Será que tem a ver alguma coisa com “caixa 2”?… É só uma pergunta.
Você já notou que o PT nunca reclamou das dívidas que recebeu do governo FHC? Pois é. Nunca reclamou porque multiplicou aquela dívida muitas vezes. E somos nós, você e eu, que pagamos essa conta.
Quando o Lula disser que “tá ruim, mas tá bom”, ou, sendo mais literal, quando ele disser que “tá ruim, mas tá melhor agora para o trabalhador do que antes”, como disse no programa do PT, não acredite. Ou melhor: acredite em partes. Ele disse que mesmo agora, quando a economia, sob o governo petista, não está boa, está melhor do que nos governos anteriores. Mas isso não é verdade. Há mais de 25 anos que o país não apresenta déficit no crescimento econômico, como vem apresentando agora. Em outras palavras, a economia brasileira está ainda mais comprometida do que no tempo de Collor. É duro admitir isso, mas é uma verdade inquestionável. E se você que me lê agora ainda tem dificuldades para aceitar a realidade, dê uma olhadinha na sua conta de luz e compare com quanto você pagava em agosto do ano passado. Aí depois a gente conversa.
Adiante. Quando eu disse que você deve acreditar em parte na fala do Lula, é porque há um segmento de trabalhadores para quem as coisas certamente estão melhores agora. O que vou apresentar está escancarado na imprensa que, quando solta a notícia, é logo rotulada de golpista apenas por mostrar fatos irrefutáveis. O Lula, o pai dos pobres, como ele gosta de ser chamado, recebeu um apartamento tríplex de 297 m² do BANCOOP, uma cooperativa habitacional que era gerida por ninguém menos do que João Vaccari Neto, o ex-tesoureiro do PT que foi preso na Operação Lava Jato. A cooperativa quebrou em 2006 deixando mais de 3500 famílias na rua da amargura. Lula, no entanto, que tinha adquirido um imóvel do BANCOOP, recebeu o seu apartamento luxuoso no ano passado. Ah! E o Vaccari também. Os trabalhadores de verdade, gente como você e eu, que também haviam comprado imóveis do BANCOOP, ficaram no prejuízo.
Se fosse em qualquer outro país de orientação democrática, Lula seria expurgado da vida pública por receber o imóvel enquanto milhares não puderam receber os seus. Aqui no Brasil, e sob o manto do PT, Lula é aclamado como herói. Talvez eu esteja errado e ele tenha um mínimo de razão: “Tá ruim, mas nunca o grupo de trabalhadores da cúpula petista esteve tão bem”.
Agora eu entendi.
E, se você tiver paciência, e ainda não tiver visto o programa, assista-o aí em baixo.