Por David Ribeiro Jr.
Acredite: nunca foi tão fácil eleger um “prefeito novo” em Teófilo Otoni. E atente bem para o fato de que, voluntariamente, não usei a expressão “novo prefeito”. Por quê? Simples. Porque um “novo prefeito” é apenas um nome diferente do que aí está, podendo, inclusive, ser alguém que já tenha estado aí antes (e olha que de rodízio de prefeitos os teofilotonenses entendem bem). Um “novo prefeito” é um nome novo, alguém que nunca tenha estado lá antes.
Por exemplo: quando Getúlio se elegeu para suceder Maria José em 2012 tornou-se o “novo prefeito” da cidade. Se tivesse sido eleito Ricardo Bastos, o Ricardo da Emex, ele teria sido o “prefeito novo”. Pode até parecer pura e simplesmente duas palavras alternadas. Mas não é só isso. É algo com um significado muito maior e mais profundo.
Bem… de qualquer maneira, o meu propósito com este texto não é discutir o significado das expressões. É, antes disso, discutir a possibilidade de se eleger um “prefeito novo” para Teófilo Otoni. E quando digo prefeito, me refiro ao cargo. O mesmo vale para uma prefeita nova. Ah! E antes que eu me esqueça: a métrica que apresentarei a seguir vale para praticamente todas as cidades de nossa região.
Por que digo isso?
Explico: quando foi a primeira vez que Teófilo Otoni contou de fato com uma nova proposta para as eleições municipais? Foi em 2004, quando Giovani Cota foi candidato pelo PV. Antes disso o processo era sempre marcado por nomes que sempre representavam correntes políticas que estavam profundamente arraigadas na história da cidade. Giovani veio para inovar de verdade. Há quem diga que antes dele tivemos o caso de Nagib Nédir em 1996. Mas Nagib, por mais louvável e importante que tenha sido a sua candidatura para o processo democrático, representava algumas ideias já conhecidas. Afinal, ele havia sido um dos mais influentes defensores do nome de Luiz Leal em 1992, na eleição anterior. E antes que alguém deturpe as minhas palavras: isso não desmerece a candidatura de Nagib, apenas a caracteriza. Já quando Giovani foi candidato, trouxe uma proposta completamente nova. Será que ele teria condições de cumprir todo o programa de governo, caso fosse eleito? Não sei. Mas como diz um amigo que conheci nas campanhas da vida: “em política, o maior pecado é perder”.
O que tem a ver uma nova proposta política com a possibilidade de eleição neste momento?
Respondo: tudo. Depois de Giovani nós tivemos a campanha de Fátima Dantas em 2012, que também tinha uma proposta bem diferente das demais. Era, de fato, uma campanha com uma proposta nova, mesmo contando com o apoio de alguns políticos tradicionais. Mas todas essas campanhas tinham um problema: não conseguiam enfrentar a força do peso da poderosa máquina partidária do PT e da sempiterna presença do nome de Getúlio Neiva, visto pela maioria da cidade, inclusive por quem não gosta dele, como um bom gestor. Ocorre que hoje a força destes dois elementos já não é mais a mesma de antes. O PT se deteriorou no cenário federal — e, ao que tudo indica, vai pelo mesmo caminho em Minas Gerais —, e já teve a sua cota de duas administrações desastrosas em Teófilo Otoni. Ou seja: acabou o encanto. Getúlio Neiva, por sua vez, por mais que seja, sem sombra de dúvidas, um gestor acima da média, não tem conseguido oferecer uma resposta à altura para os anseios populares e para os problemas que afligem a nossa gente. Substituí-lo é a solução? Eu, sinceramente, penso que não. Mas como o que eu penso não importa, é neste momento que se abre a possibilidade de uma terceira via com condições reais de se eleger.
Com o PT institucionalmente enfraquecido, e com Getúlio vítima do mal momento pelo que passa o País, qualquer um com um mínimo de condições de subsidiar uma campanha, mesmo modesta, e criar um fato novo, mesmo que o fato em questão seja apenas uma ilusão projetada marquetologicamente, pode levar — ou ganhar — a Prefeitura. Qualquer um que tenha cacife para bancar uma polêmica viável e hastear essa bandeira até o final da campanha tem fortes chances de se eleger.
É claro que a polêmica e o discurso inflamado da indignação pura e simplesmente não bastam. Isso é fácil de ser derrubado. É por isso que eu disse que essa hipotética candidatura alternativa tem que ter condições de custear a campanha, o que inclui uma sólida, mesmo que modesta, estrutura financeira (um bom tesoureiro com capacidade de captação de recursos), jurídica (uma boa assessoria por parte de advogados experientes) e marquetológica (dirigida por uma competente equipe de Marketing Político). E, além disso, claro que é necessária aquela coordenação típica que, por mais que alguns insistam em afirmar, ainda não está ultrapassada. Afinal, como disse um grande pensador: “que me desculpem os líderes, mas os administradores ainda são fundamentais”.
Dito isto, sintetizo: com recursos e com um bom discurso, qualquer um pode se eleger prefeito neste momento. Mas não confunda um bom discurso com polêmica pura e simples. E mais: não esqueça que para esse discurso ser ouvido é preciso recursos para se acessar canais de comunicação que o façam chegar até o eleitor. É fácil? É. Mas não tão fácil a ponto de só precisar de boa vontade. De boa vontade o inferno está cheio. E as listas de candidatos derrotados nas eleições anteriores, também.
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