O administrador de empresas PAULO HENRIQUE RODRIGUES COIMBRA, 33 anos, filiado ao Partido da República (PR) foi candidato a prefeito de Teófilo Otoni na eleição deste ano (2016) com a proposta de ser uma via alternativa na política local, sempre polarizada pelo PMDB (representado pelo prefeito Getúlio Neiva) e o PT (que neste ano teve como candidato o atual vereador Daniel Sucupira, que se sagrou o grande vencedor do processo político). Embora nunca tenha sido candidato a cargo eletivo, Paulo Henrique se apresentou como detentor de um enorme know how político, pois já atuou como secretário-executivo da unidade Nordeste da Associação Mineira de Municípios (AMM), gerente executivo do Consórcio Intermunicipal de Saúde Entre Vales do Jequitinhonha e Mucuri (CIS-EVMJ), e também foi assessor contábil de algumas câmaras municipais da região.
Ao se apresentar como o candidato novo, Paulo Henrique conseguiu arrebanhar 11.440 votos, tornando-se, assim, o candidato da terceira via mais votado da nossa história, o que elevou imediatamente o seu nome no bolsão de apostas políticas da cidade e região. Nesta semana Paulo Henrique conversou comigo, David Ribeiro Jr., e concedeu uma animada entrevista ao minasreporter.com, quando avaliou a sua participação no pleito eleitoral, seu desejo de se manter na vida pública, inclusive garantindo que será candidato em 2018, e, na ocasião, contrapôs-se a todas as críticas que lhe são feitas acusando-o de ser o responsável pela derrota do prefeito Getúlio Neiva. Acompanhe, a seguir, o nosso bate-papo:
minasreporter.com — Completados dois meses da eleição municipal, qual a avaliação que você faz de tudo que aconteceu?
Paulo Henrique Coimbra: Uma avaliação muito positiva. Nunca uma terceira via foi tão bem votada na cidade, com quase 12.000 votos. Antes, ficava numa média entre 3.000 e 8.000 votos. Eu penso que a minha expressiva votação é um reflexo desse grito brasileiro, e até mundial, pelo novo. Isso nos traz uma garantia e uma certeza de que estamos no caminho certo e de que fizemos um belo trabalho no decorrer desse pleito eleitoral. Eu acredito que nesse curto espaço de tempo, já que, com essa nova lei, não tivemos a possibilidade de nos aprofundar mais no debate das ideias, meus concorrentes saíram em vantagem por estarem há mais tempo em evidência no processo político. Talvez se tivéssemos pelo menos três meses, como sempre foi campanhas passadas, certamente que teríamos um alcance ainda maior. De qualquer modo, estou muito feliz, refleti bastante, e agora estou me preparando para entrar 2017 com algo novo, com algo voltado também para a gestão pública.
minasreporter.com — Você pretende se manter na vida pública, inclusive se mantendo candidato a algum outro cargo eletivo?
Paulo Henrique Coimbra: Sim, com certeza! Eu entrei nessa disputa para transformar Teófilo Otoni e nossa região. Então, não é essa primeira derrota que vai me esmorecer. Pelo contrário, estou com mais força e mais garra, e entendendo agora, de fato, o processo e seu contexto, suas dificuldades e caminhos para que eu possa acertar mais a partir de 2017.
minasreporter.com — Em Teófilo Otoni as pessoas cobram que seus candidatos demonstrem toda a sua capacidade, mas não há como o candidato novo demonstrar sua capacidade sem que tenha experimentado o cargo primeiro. Como driblar essa dificuldade?
Paulo Henrique Coimbra: Isso é, de fato, algo surpreendente. Mas, graças a Deus, a população tem entendido, através da minha formação acadêmica e através do meu trabalho, que estou, sim, pronto para essa conjuntura. Penso que consegui demonstrar que sou digno dessa confiança e da credibilidade das pessoas ao longo dos projetos em que atuei em Teófilo Otoni, seja na Coelmig, no Senai… enfim, eu sempre demonstrei a minha capacidade de gerir e de administrar. Sendo assim, acredito que tenho facilidade e condição de ajudar as pessoas a me conhecerem melhor, saberem do meu trabalho e do meu papel em todos os lugares onde trabalhei. Hoje as pessoas sabem do projeto que tenho para a cidade e para a região, e acredito muito nisso. O projeto quando mostra credibilidade, demonstra que tem condições de ser feito. As pessoas acreditam e seguem essa linha, e essa é a nossa linha.
minasreporter.com — Você disse que continua na vida pública partidária, o que quer dizer que será candidato em 2018. O que pretende: deputado estadual ou federal?
Paulo Henrique Coimbra: Nós estamos olhando isso com a direção do partido (PR) em Belo Horizonte. Já temos o nosso estadual, que é o deputado Gustavo Santana. Estamos vendo se ele vai se manter no cargo ou se pretende disputar uma vaga de deputado federal. Esta decisão será tomada conjuntamente com o PR estadual. Vamos discutir qual a melhor conjuntura para inserirmos o meu nome no próximo pleito. Mas já posso dizer que me manterei na vida pública e que serei candidato em 2018, e pretendemos fazer ainda mais bonito dessa vez.
minasreporter.com — Como candidato a deputado, seja estadual ou federal, você terá que falar com um público ainda maior do que o de Teófilo Otoni, o que demandará uma logística também muito maior. Está preparado para isso?
Paulo Henrique Coimbra: Estamos preparados, sim, e já articulando. Até já visitei alguns municípios, vários prefeitos eleitos que são nossos amigos, prefeitos foram reeleitos, alguns que voltaram às suas prefeituras depois de algum tempo longe… enfim, tenho essa facilidade, e, por isso, já estou pleiteando algumas coisas, inclusive no Vale do Jequitinhonha, com meu amigo Roberto Botelho, prefeito eleito da cidade de Jequitinhonha. Penso poder dizer que já estou até preparado para essa nova batalha, e agora com mais tempo, o que vai me possibilitar fazer mais visitas e os contatos necessários com o povo da nossa região.
minasreporter.com — Você pediu afastamento do Consórcio Intermunicipal de Saúde para ser candidato. Agora que a eleição terminou, pretende voltar ao Consórcio?
Paulo Henrique Coimbra: Eu estou com uma nova empreitada que gostaria de dar continuidade. Já estou conversando e articulando com o deputado Gustavo Santana alguns projetos já pré-estabelecidos. Estou aguardando apenas um pouco dessa poeira abaixar, da política nacional e estadual, para começar a empreender algumas ações que tragam mais seriedade com a coisa pública da nossa região. Há muitas propostas em vista. Estou analisando tudo com carinho.
minasreporter.com — Vamos falar agora de assuntos mais polêmicos. Pessoas ligadas à atual Administração Municipal o acusam de ser o responsável pela derrota do prefeito Getúlio Neiva. Como você reage a esse tipo de crítica?
Paulo Henrique Coimbra: Quando não se aceita a derrota, sempre se acha um culpado. Pra mim, dizer uma coisa dessas é apenas demonstração de fraqueza. Nós não podemos apontar os nossos erros como se fossem de outras pessoas. Acredito, sinceramente, que que não tive interferência nisso; eu tive a minha parcela de votação, e pronto. Os meus votos foram de pessoas que acreditavam no projeto que eu defendia, e temos que entender que a máquina pública é para o povo. Qualquer um que quiser ser candidato tem o direito de ser candidato a prefeito, e de modo algum pode ser punido por isso. Nós temos que saber diferenciar as coisas. A máquina pública não é de fulano nem de ciclano; não é do PT, do PSDB, do PR, o meu partido… enfim, é de quem se preparou e de quem conseguiu transferir confiabilidade para o público através de um projeto viável para a população. Eu acredito que o Daniel foi eleito por que conseguiu transformar isso; e, se ele foi eleito, e eu não, se alguém tem culpa pela derrota do atual prefeito é o Daniel, e não eu. Faço essa análise por que minha família e eu entendemos que aquele não era mais o momento de apoiarmos o prefeito Getúlio Neiva. Tenho o maior respeito por ele, estou até em orações pela sua melhora; quero fazer uma visita a ele e reaproximar essas pessoas. Entendo que Teófilo Otoni tem que ser pensada em grupo, em contexto. Já não é mais tempo de a gente ficar brigando com fulano e com beltrano enquanto a cidade se deteriora e vai se encurtando. É hora de apaziguar a política, e eu quero desempenhar esse papel de juntar todos em prol do desenvolvimento de uma cidade e de uma região, a fim de fazermos com que o Vale do Mucuri seja respeitado, e cresça como outras regiões, como no Norte do Estado, por exemplo… lá em Montes Claros, em Uberaba no Triângulo Mineiro, a região do Sul de Minas. Todas essas regiões conseguiram crescer. Agora é a nossa vez. É a vez do nosso povo e da nossa gente.
minasreporter.com — Dentro dessa sua visão, você está disposto a ajudar de alguma maneira o prefeito eleito Daniel Sucupira?
Paulo Henrique Coimbra: Sim, claro! Já conversei com ele e me dispus a apresentar alguns projetos que tenho na área da saúde. Acredito que posso contribuir nessa área e mostrar que algumas mudanças são necessárias. Hoje corremos o risco de uma redução ainda maior dos recursos da saúde, e com isso uma falência total do sistema. Eu estou apresentando algumas preocupações, não só para o Daniel, mas também para os prefeitos da nossa região que precisam estar atentos a isso. Já fiz uma visita à GRS, hoje Superintendência Regional de Saúde, para mostrar isso também, e como podemos fazer para mudar um pouco isso. A minha preocupação é a seguinte: a campanha política já passou. Agora é hora de transformarmos as necessidades de nosso povo, e potencializarmos isso para que cada um seja bem-atendido e respeitado como cidadão de fato.
minasreporter.com — Você acredita na possibilidade de reestruturação do Santa Rosália?
Paulo Henrique Coimbra: Eu acho que fica um pouco difícil com a mesma diretoria porque as pessoas não têm mais credibilidade para isso. A população não consegue enxergar credibilidade. E quando sua empresa não tem credibilidade, sua tendência é falir. Eu acho que é hora de repensarmos essa estrutura. Acredito que há pessoas de bem ali; acredito que tudo tenha começado com algum erro de processo administrativo, talvez até motivados por atrasos em repasses, e isso culminou nessa falência. Entendo ser a hora de resgatarmos a credibilidade do Santa Rosália, fazer um novo planejamento e, principalmente, pedir que os municípios ao redor também abracem esta causa, pois todos eles ficam prejudicados diante dos problemas do Santa Rosália. Isso tem que ser feito: uma nova linha, um novo desenho para o hospital, inserindo os municípios que aqui são atendidos para que a gente possa resgatar e fazer com que o Hospital tenha uma vida financeira saudável e consiga cumprir seus compromissos e atender o nosso povo. Não é difícil fazer isso, mas é preciso ter planejamento, gestão, ferramentas de controle básicas da administração, que vão dar rumo à gestão do Santa Rosália.
minasreporter.com — Você acredita que o Hospital Regional resolverá todos esses problemas de saúde na região?
Paulo Henrique Coimbra: O Hospital Regional precisa ser entregue ao Consórcio Intermunicipal de Saúde. Se não se fizer uma pactuação bem-feita para os municípios vizinhos, se tornará um grande Santa Rosália em escala maior. Precisamos colocar o Hospital Regional dentro de um consórcio para que você tenha a praticidade das compras, a praticidade da prestação de contas, a agilidade dos processos e para que você consiga ser atrativo para os municípios. Desenhando essa linha, aí você pode acolher a situação de maneira programada e projetada de acordo com a demanda da nossa região. Se nós não fizermos isso, teremos um grande Hospital Regional que vai sofrer da mesma maneira a carência que hoje sofre o Hospital Santa Rosália. Será só uma questão de tempo. Não podemos deixá-lo, também, se tornar um elefante branco.
minasreporter.com — Obrigado pela entrevista e lhe desejamos sucesso!
Paulo Henrique Coimbra: Eu que agradeço a você e a todos os eleitores de Teófilo Otoni, independentemente de terem ou não votado no Paulo Henrique. Quero agradecer a cada voto recebido, por ter aberto as portas, por terem me recebido em seu lares, conversado comigo na rua e por entenderem a nossa proposta. Agradeço aos quase 12.000 eleitores que confiaram em mim nesse processo eleitoral e desejo a todos vocês um Feliz Natal, um excelente 2017, e que todos nós possamos ser cercados de muitas realizações positivas.