Quem, em Teófilo Otoni, terá, de fato, espaço no Governo Pimentel?
Quem, em Teófilo Otoni, terá, de fato, espaço no Governo Pimentel?
01-01-2015, 09:49h | Atualizado em 01-01-2015, 11:14h
Por David Ribeiro Jr.
Com a posse do novo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), já há um verdadeiro bolsão de apostas para saber quem terá mais e/ou menos espaço no novo governo petista — o primeiro legitimamente petista da história de Minas Gerais. Antes, o partido havia apenas composto com Itamar Franco no 2º turno das eleições de 1998.
Enquanto as bases ficam brigando para saber quem será mais ou menos importante, acaba-se cometendo um erro gravíssimo, que é o de não levar em consideração quem terá, de fato, “alguma” importância no novo governo.
Sempre que um governador toma posse, é natural que haja mudanças. O governador, mesmo quando se trata de alguém eleito com o apoio do grupo do seu antecessor, acaba implantando algumas inovações para que a sua gestão tenha uma marca própria. E se já é assim quando o governador eleito é do mesmo grupo, imagina o que vai acontecer agora com a posse de Fernando Pimentel?!
É claro que a maioria dos cargos comissionados deverá ter novos ocupantes já nos primeiros dias de janeiro. Alguns cargos, em função do alto nível técnico exigido, deverão demorar um pouco mais para receber novos titulares. Mas a troca de nomes é inevitável. Até por força do hábito, o eleito quer privilegiar pessoas do seu partido e do seu grupo.
Acontece que o fato de alguém deter um cargo na estrutura do governo não quer dizer — pelo menos não necessariamente — que tenha alguma importância política na estrutura deste mesmo governo. Muitas vezes trata-se apenas de um pião, alguém que está ali para que outro não esteja.
Assim, o fato de virmos a partir deste mês de janeiro um monte de novos nomes como assessores do governo, ou diretores de órgãos do governo, não fará dessas pessoas “autoridades”, do mesmo modo que os atuais ocupantes desses mesmos cargos, na maioria dos casos apadrinhados políticos, também não são autoridades coisa nenhuma.
Autoridade de verdade é quem tem prestígio. É quem consegue canalizar recursos, programas, projetos, convênios, e, principalmente, quem consegue ter vez e voz na estrutura de governo. A diferença de autoridade e “aspone” é que autoridade é alguém que detém algum prestígio junto ao governo; é alguém que é ouvido pelo mandatário sobre as ações e projetos em prol da governabilidade no Estado como um todo, ou em uma região específica. E, convenhamos, num estado com 50 mil cargos de confiança, duvido que pelo menos 1% (um por cento) dos indicados tenham, de fato, algum prestígio político. O resto é só o resto. São os apadrinhados. Os aspones. São os indicados dos nomes que relacionamos abaixo como aqueles que terão de fato alguma vez e voz no governo.
Veja, no slideshow abaixo, os nomes que relaciono como de fato importantes neste primeiro momento do Governo Fernando Pimentel em nossa cidade neste primeiro momento:
1. Maria José Haueisen Freire
Apesar da idade avançada — ela completou 84 anos em setembro —, e de não ocupar no momento nenhum cargo importante, a ex-prefeita e ex-deputada estadual Maria José já é a pessoa mais respeitada pelo novo governador no Nordeste Mineiro. Sempre que alguém da região vai até Belo Horizonte discutir as ações de governo com Pimentel, ele logo pergunta: “e Maria José? Você tem visto ela? Tem conversado com ela?... Leve o meu abraço a ela, por favor!” Não precisa falar mais nada, né? Acredite você, ou não, Maria José será uma das mais importantes figuras do governo em nossa cidade e região. Todos se lembram da influência que o falecido Maron Mattar exercia sobre Aécio Neves. Agora é a vez de Maria José.
02. Ademir Camilo
O PT local não engole o deputado federal Ademir Camilo, que continuará deputado, mesmo tendo ficado na primeira suplência nas eleições 2014. Acontece que, o PT local gostando ou não, não se pode deixar de levar em consideração que Ademir optou pela candidatura de Pimentel, mesmo quando grande parte do PT estadual ainda queria prévias partidárias e sonhava com a possibilidade de ter Patrus Ananias como o candidato ao Governo. Ademir soube escolher o lado vencedor desde o primeiro momento. E, como todos sabem, Pimentel sabe ser um homem grato. Agora, como presidente do PROS em Minas, Ademir será um dos mais importantes nomes da base governista de Pimentel em Brasília. Tá podendo!
03. Fabinho Ramalho
Mesmo tendo mais votos do que Ademir — o que, tecnicamente, deveria deixá-lo na frente de Ademir nesta lista, Fabinho só assumiu a campanha de Pimentel em meados do pleito. E, ainda por cima, apoiou, para senador, o ex-governador Anastasia, contrário à eleição de Pimentel. É claro que Fabinho terá espaço no Governo, afinal, ele é deputado federal legitimamente eleito e é um articulador de mão cheia. Fabinho tem contatos, conhece como poucos o funcionamento das engrenagens do poder em Brasília, sabe articular e compor com aliados e adversários, e certamente será uma voz importante para dar sustentação ao novo governo. Seu único pecado, se é que foi pecado, foi demorar a assumir a campanha do PT. E aí, né...
04. Jorge Arcanjo
O consultor político Jorge Arcanjo tem sido companheiro de fato de Pimentel desde à campanha de 2010, quando coordenou a sua campanha para senador, mesmo tendo como adversário o então todo-poderoso Aécio Neves. Jorge mostrou que tem garra, que é fiel ao grupo, e que é uma pessoa confiável. O próprio Pimentel disse isso mais de uma vez em reuniões políticas por toda a nossa região. Não será nenhuma surpresa, inclusive, se Pimentel já começar a preparar Jorge Arcanjo para disputar uma vaga na Assembleia em 2018. Mesmo sem mandato eletivo, Jorge detém algo que em política é fundamental: ele tem contatos. Tem disposição para trabalhar, e pode se filiar ao PT a pedido do amigo Fernando Pimentel.
05. Thalles Contão
Thalles é jovem, é inteligente e tem sabido como poucos fidelizar a sua base. Devido à sua proximidade com o deputado federal Reginaldo Lopes, chegou a ser convidado para assumir a 37ª Superintendência Regional de Ensino. Ainda não deu uma resposta definitiva, mas sabe-se que, se não aceitar, deverá indicar o nome. O maior obstáculo de Thalles é a sua reeleição daqui a dois anos. Muita gente dentro do próprio PT se prepara para lhe disparar fogo amigo por causa de sua postura. Querem que ele faça oposição sistemática ao prefeito Getúlio Neiva, mesmo que, para isto, tenha que votar contra projetos que são bons para o povo. Thalles tem preferido ficar do lado do povo. Tem feito a coisa certa... mas PT é PT... né?!
06. Ricardo da Emex
Ricardo da Emex pertence ao novo PT do Século XXI. Tem espírito arrojado, é um empreendedor nato e dono de uma inteligência ímpar. É por isso que foi escolhido pelo PT nas últimas eleições municipais para disputar a Prefeitura. Não venceu, mas fez bonito ao somar quase 30 mil votos. Nas últimas eleições, neste ano, não conseguiu repetir a mesma votação, mas o partido estava dividido com vários nomes apoiando candidatos diferentes. Frente à Presidência da Associação Comercial tem feito um excelente trabalho, o que o credencia a disputar novamente a Prefeitura. E, além do mais, Ricardo foi candidato a deputado atendendo a um pedido direto de Pimentel. É claro que isso diz alguma coisa no jogo político.
07. Neilando Pimenta
Que ninguém se engane! Mesmo não tendo apoiado à candidatura de Fernando Pimentel, Neilando Pimenta terá, sim, espaço em seu governo. Neilando está, atualmente, no PP, partido da base governista na Câmara Federal, e logo deverá compor a base de Pimentel no Estado, mesmo tendo ficado, durante a campanha, com o seu opositor. Sendo o único deputado estadual da cidade, Neilando será, sim, comunicado de todas as grandes obras, de todos os grandes projetos, e terá a opção de se envolver e apoiar o governador na cidade e região. E é claro que ele dirá sim a Pimentel. Pode não ser hoje ou amanhã. Mas, mais cedo ou mais tarde, estará do lado do governador discutindo os projetos e programas para a nossa região.
08. Getúlio Neiva
Muita gente deve estar estranhando a inclusão do nome de Getúlio nesta lista. Mas não é nenhum exagero afirmar que ele terá algum espaço e importância na discussão dos rumos da política de nossa cidade. Gostando o PT local ou não, ele é prefeito e tem que ser ouvido quando o assunto é o futuro — e principalmente o presente — de Teófilo Otoni. O PT local, quando esteve à frente da Prefeitura, fez um monte de cargas d’água e deixou a Prefeitura endividada. Só falta, para piorar a situação, atrapalhar agora alguém de fazer o que não teve competência para fazer. Como Pimentel está acima destas questiúnculas, acredita-se que Getúlio sentará, sim, na mesa de discussões políticas. Quem viver, verá!
09. Daniel Sucupira
Daniel é uma incógnita. É difícil de dizer ao certo qual será o seu papel no governo Pimentel, mas sabe-se que ele será ouvido, sim — afinal, o homem provou que é bom de voto. O problema de Daniel é que, embora esteja sabendo se projetar junto às bases, tem cometido alguns pecados quando o assunto é fidelizar o grupo. Ou seja: não tem sabido compor com os companheiros de expressão no diretório municipal do partido. Exemplo disso é que os outros dois vereadores do PT preferiram votar duas vezes em Northon Neiva para presidente da Câmara do que em Daniel, que é do mesmo partido. Isso, na verdade ajuda a projetá-lo nas bases, mas cria um ambiente hostil entre as lideranças partidárias. E aí, né...
10. Maria Helena Costa Salim
A ex-secretária municipal de Educação e atual presidente do PT em Teófilo Otoni é outra pessoa que, até em função da sua proximidade com a amiga e companheira de partido Maria José, deverá ter algum espaço no novo governo. Não se sabe ainda qual cargo ela poderá ocupar, mas sabe-se que será um cargo importante e que, indiferente do cargo, ela terá direito a se expressar e ser ouvida sobre os rumos da política estadual em nossa região. Já há quem comente que o convite para que Thalles Contão seja diretor da Superintendência de Ensino foi uma jogada para que ele recuse e indique Maria Helena para o lugar, e desta forma tenha a gratidão dela para a campanha de prefeito daqui a dois anos. Será?
11. Padre Giovanni
O homem é um verdadeiro paladino do PT e das esquerdas em nossa cidade. Ele criou a APJ, ajudou a criar e a difundir o Partido dos Trabalhadores na cidade ainda nos idos dos anos 80, e sempre foi considerado o maior exemplo de bom esquerdista de toda a nossa cidade. Foi graças ao seu trabalho com a APJ que o PT conseguiu formar uma base partidária tão forte e tão eficiente em Teófilo Otoni, sendo o único partido da cidade que goza do apoio de uma militância genuína. Foi assim que o Padre Giovanni obteve o respeito, e algum espaço na Administração da ex-prefeita Maria José, e que espera-se obtenha o mesmo espaço e o mesmo respeito do governador Fernando Pimentel à frente do Governo de Minas.
12. Dr, Jean Freire
O médico Dr. Jean Freire, da cidade de Itaobim, eleito deputado estadual pelo PT, é mais um nome que, mesmo não tendo tido uma votação muito expressiva na cidade, deverá ter alguma influência nos rumos da política local. O Dr. Jean, que por três vezes foi vereador em Itaobim, é um homem sério, pragmático, mas também alguém com um espírito moderno e muita vontade de ajudar a região. Teófilo Otoni sempre quis eleger alguém para herdar o espólio político da ex-deputada estadual Maria José. Nunca conseguiu. Os analistas acreditam que o Dr. Jean fará de tudo para ocupar esta lacuna. Jovem e simpático, ele pretende apresentar projetos que ponham o Norte/Nordeste de Minas na rota do desenvolvimento.
É claro que nós veremos muitos outros nomes posando de autoridade. E alguns até terão alguma importância administrativa no Estado. Mas apenas isso. Quem terá vez e voz são os relacionados no slideshow acima — pelo menos num primeiro momento. Quanto a depois… bem, aí só o tempo poderá dizer o que ocorrerá.
(Fonte: Jornal O REPÓRTER NOTÍCIAS – Ed. 172 (12 a 18/12/2014)
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