
Por Carlos Liesner
Ao meu amigo, Getúlio Neiva!
Depois de todas as caminhadas, permita-me uma reflexão. Em 31 de dezembro de 2004 encerrava a segunda administração de Getúlio Neiva à frente da Prefeitura Municipal de Teófilo Otoni, derrotado nas urnas, na tentativa de reeleição, pela então deputada Maria José (PT). Eu, secretário de Governo, fui dos últimos a descer a rampa, acompanhando o chefe, como que rumo ao exílio.
Não há nada mais melancólico que final de governo, ainda mais quando derrotado! Mas, com muita dignidade, fizemos o ato final. Nas ruas as hostilidades de uns poucos eram constantes, e nas mais diversas modalidades: fogos, buzinas, caixões, além de repetidas tocadas do sucesso da época, “Arruma a mala aí”. Sempre procurava passar ao largo, para não testar o meu grau de tolerância.
São interessantes os fatos, que se repetem; alteram apenas as posições de alguns personagens. Naquele fatídico dia, entrevistado, fiz o uso de citação de Joseph Schumpeter: “O ruim das vitorias é que elas não são definitivas, mas o bom das derrotas é que são passageiras”. Pois bem, passaram-se oito anos, e cada vez fica mais atual, indicando que a derrota foi sucedida pela vitória, que como toda a glória do mundo é transitória. Sic transit gloria mundi é uma expressão do Latim que significa literalmente “Assim passa a glória do mundo”. Ela tem sido interpretada como “as coisas mundanas são passageiras”. É possivelmente uma adaptação de uma frase no trabalho “Imitação de Cristo” do monge agostiniano Tomás de Kempis de 1418, em que ele escreve: “O quam cito trânsito gloria mundi” (“o quão rapidamente passa a glória do mundo”).
Ouso-me, dar um conselho ao meu amigo Getúlio Neiva, a poucas horas de assumir o seu terceiro mandato como prefeito do município de Teófilo Otoni — fato inédito e histórico. Que tenha sempre em mente duas recomendações básicas da experiência de outros, quais sejam, da transitoriedade do poder, a consciência de que somos passageiros, que a marca da nossa existência é a forma de agir, dentro do respeito ao outro, ao seu ideal, à pluralidade de ideias. Ainda, há algo mais importante, que como político jamais deverá apartar, que a sua vitória é construída dos sonhos de muitos, que depositados, esperam sua materialização nas ações que serão implementadas pelo chefe do Poder Executivo. Devendo esse, sempre, valer-se de uma recorrente pergunta, que antecederá a todas as decisões solitárias: “estou agindo dentro do que esperam de mim?” A esperança de um povo não pode ser esfacelada sobre qualquer pretexto. Valendo do poeta William Butler Yeats, posso me fazer portador do que todos diriam ao prefeito de Teófilo Otoni: “Eu estendi meus sonhos sob os teus pés. Caminha suavemente, pois caminhas sobre meus sonhos.” Agindo assim, viverás eternamente na memória deste povo, serás amado, marcarás a vida e a história desta terra.
Sonhe, acredite, confie!