Balanço do estado confirma óbitos por influenza na Grande BH e em pelo menos outras três regiões. Corrida esgota vacinas contra a gripe na rede particular.
As últimas doses disponíveis da vacina contra a gripe H1N1 esgotaram-se ontem, em poucas horas, em seis clínicas de imunização, laboratórios e hospitais de Belo Horizonte, antes mesmo da confirmação das sete mortes por síndrome respiratória aguda grave por influenza, incluindo H1N1, em Minas. O anúncio feito ontem pela Secretaria de Estado da Saúde mostra que, em uma semana, mais do que triplicaram os óbitos provocados pela doença em relação ao último balanço, quando constavam apenas dois casos relacionados ao município de Frutal, localizado no Triângulo Mineiro, na divisa com São Paulo, estado que já registrou este ano mais de 372 notificações e 55 mortes por H1N1.
Desta vez, as mortes confirmadas pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) por influenza A alcançaram as cidades de Santa Luzia e Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O terceiro caso de morte por influenza A ocorreu no Sul mineiro, em Guaxupé. A morte por influenza B foi registrada em Astolfo Dutra, na Zona da Mata mineira. O sétimo e último óbito foi descrito somente como sendo de outro estado, sem mais detalhes informados pela SES.
A secretaria não confirma a investigação do caso de um comissário de bordo que está internado no centro de terapia intensiva (CTI) do Hospital Vila da Serra, no bairro de mesmo nome, em Nova Lima, desde a última quinta-feira com suspeita de H1N1. Como noticiou ontem o Estado de Minas, o paciente desenvolveu quadro de pneumonia. Segundo familiares do homem, exames constataram o contágio pelo vírus H1N1, mas a unidade de saúde nega a informação. Porém, uma fonte da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde da cidade confirma que o caso está sob investigação, assim como o quadro da esposa da vítima, internada no Biocor, no mesmo município.
Para Tatiane Bettoni, coordenadora de Doenças e Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde (SES), até o momento Minas não está em situação de surto, que seria definida por uma concentração do número de óbitos em localidade determinada. “Os dados parciais da influenza estão dentro do esperado, apesar da sazonalidade atípica, no outono, em vez de ocorrer no inverno, provavelmente em função do quadro em São Paulo.”
Embora boa parte das pessoas tenha sido vacinada contra a influenza no ano passado, a doença chega cada vez mais perto de Belo Horizonte, provocando corrida às clínicas de vacinas particulares, com mensagens divulgadas por grupos familiares e de pais de alunos por meio de WhatsApp. No Hospital Mater Dei, o estoque de vacinas se esgotou pouco depois do horário de almoço e não há previsão de reposição das doses. Na maior rede de laboratórios de BH, as vacinas do tipo trivalente estão esgotadas em todas as unidades até o fim de semana. Na Clínica Imunológica, com sede em Contagem, havia chegado ontem um lote de 500 doses, segundo Igor Barbosa, coordenador de Marketing. “Vamos distribuir em nossas 13 unidades na Grande BH para oferta só no balcão. A orientação aos pacientes é ligar antes de ir, pois em poucas horas acaba”, recomenda.
Minas Gerais recebeu 1.319.600 milhão de doses da vacina contra a gripe, o que representa 25% do total que será enviado pelo Ministério da Saúde. Com isso, segundo Tatiane Bettoni, a vacinação para pessoas que integram o grupo de risco poderá ser antecipada, entre os dias 25 e 30 de abril. Segundo a técnica, as cidades que já registraram mortes por influenza terão autonomia para antecipar a campanha de vacinação pública do Ministério da Saúde, que permanece com o dia D marcado para 30 de abril. “Para as faixas etárias que não são cobertas pela vacinação, é recomendável lavar bem as mãos com água e sabão, tossir e espirrar usando a etiqueta do cotovelo ou lenços de papel e manter ambientes ventilados, inclusive nos ônibus”, diz a coordenadora.
Neste ano, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) já registrou 23 casos de síndrome respiratória aguda grave por influenza e outros 117 diagnósticos ainda estão sendo investigados, assim como quatro mortes. A Secretaria Municipal de Frutal já confirma três mortes de H1N1, embora a Secretaria de Estado contabilize dois óbitos. A cidade já tem outros 12 casos confirmados da doença e outro de influenza B.`
Já em Lavras, no Sul de Minas, 12 casos foram notificados e um confirmado. O paciente está internado em um hospital, deixou a unidade de terapia intensiva e tem boa recuperação, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Uma morte está sendo investigada. Para tentar diminuir a propagação do vírus, a Vigilância em Saúde iniciou a distribuição de materiais informativos e promove palestras em hospitais, escolas, empresas e universidades. Também no Sul de Minas, em Nepomuceno, três mortes são apuradas. Em Varginha, um homem de 27 anos recebeu alta da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com suspeita da doença. Em Campo Belo, na Região Centro-Oeste, sete casos suspeitos foram notificados e duas mortes estão sendo investigadas.
Mortes em Minas
Influenza A (H1N1): Frutal (Triângulo Mineiro) – 2
Influenza A (sem subtipo definido): Guaxupé (Sul de Minas) – 1; Ribeirão das Neves (Grande BH) – 1; Santa Luzia (Grande BH) –1
Influenza B: Astolfo Dutra (Zona da Mata) – 1; Outros estados –1
(Estado de Minas)