Vai começar a maior guerra política da história de Teófilo Otoni

Vai começar a maior guerra política da história de Teófilo Otoni

Por David Ribeiro Jr.

Dizem que o brasileiro, em matéria de política, tem memória curta — e que o teofilotonense tem memória mais curta ainda. Eu não sei se isto é verdade. Não sei mesmo. Mas eu, de minha parte, tenho algumas boas lembranças de embates políticos que até mereciam ser cantados e decantados.

Quer um exemplo? Quem não se lembra de 1988, quando Edson Soares, apoiado por Getúlio Neiva, venceu Wander Lister, o Negão? E mais: quem não se lembra da quase inacreditável vitória do Dr. Samir sobre Luiz Leal em 1992? De lá para cá nós ainda tivemos um embate entre três ex-prefeitos em 1996, quando venceu Edson Soares, e a volta por cima de Getúlio Neiva, em 2000, quando todo mundo dava como certa a vitória de Maria José, do PT. E como esquecer o ano de 2008, quando todos apostavam na vitória de Getúlio, e deu Maria José?

Pois é! Quem acompanha a história política de Teófilo Otoni tem boas lembranças desses e outros embates que não podem nem devem ser esquecidos. Mas duvido que qualquer um desses tenha sido maior do que o que vem por aí em 2016. Preste atenção para o título que usei para este editorial. Propositadamente, não quis usar a expressão “embate”, nem tampouco “disputa”, “pleito” ou outras bem comuns para campanhas eleitorais. Eu usei conscientemente a expressão “guerra”. Isso mesmo, “guerra”. 2016 será a maior guerra política da nossa história — e eu não tenho nenhuma dúvida quanto a isto.

Agora preste atenção nas razões que me fazem crer nesta guerra:

De um lado nós teremos o PT, parcialmente dividido, com pelo menos três nomes postos como pré-candidatos, sem falar em nomes de pessoas que apoiaram Pimentel e que, mesmo não pertencendo ao Partido dos Trabalhadores, lutarão para conseguirem o apoio da legenda — é o caso, em particular, do deputado federal Ademir Camilo, que pode ser candidato, ou, caso desista de disputar, lançará o seu irmão, o médico pediatra Dr. Adail. Só isso já será o suficiente para render muito pano pra manga.

É importante esclarecer, no entanto, que esta não será uma disputa simples. Não se trata apenas de um pleito para saber quem assume a Prefeitura. Será, antes de tudo, uma guerra de grupos. O PT passou vinte e dois anos tentando chegar à Prefeitura de Teófilo Otoni. E, quando conseguiu, se apegou àquela boca e não queria largá-la de jeito nenhum. Getúlio por sua vez, passou toda a sua vida pública incorporando o papel de grande líder e referência política de Teófilo Otoni. No entanto, na última década viu seu prestígio seriamente comprometido pelo avanço do Partido dos Trabalhadores na cidade. E, nesta briga, Getúlio encontrou um adversário difícil de vencer: uma bandeira. O PT, embora, em nível nacional se fundamente na figura icônica de Lula, no interior não costuma deixar caciques se sobressaírem. O que importa é o partido. Na última eleição municipal, por exemplo, o PT, no afã de se renovar e se reinventar, lançou o quase desconhecido empresário Ricardo da Emex, e deu a ele quase 30 mil votos. Nenhum outro partido conseguiria nada parecido em tão pouco tempo.

Será que veremos, também — e de novo — o surgimento de uma terceira via, como foi o caso de Giovani Cota em 2004, Eduardo Tomich em 2008, e Fátima Dantas em 2012?… Bem, é possível. Mas a não ser que este nome da terceira via tenha muito dinheiro para gastar, duvido que consiga sequer o mesmo número de votos conseguidos pelos candidatos alternativos antes. E sabe por quê? Simples: porque esta será uma guerra do “nós contra eles”. E cada um dos lados envolvidos se revestirá do “nós” e rotulará os adversários como “eles”.

Há quem defenda que esta guerra pode ser boa para a política de Teófilo Otoni. Eu, particularmente, discordo. Vejamos o que ocorreu em nível nacional no ano de 2014. Os principais candidatos ficavam se atacando mutuamente e, assim, não apresentavam propostas — não sei se intencionalmente, ou se por falta de tempo nos programas. A presidenta Dilma foi reeleita sem apresentar uma única proposta nova de fato, mesmo num Brasil que está caminhando para trás a olhos vistos. E eu tenho muito medo de que isso ocorra também aqui na terrinha. Que assistamos a campanhas onde, ao invés de se apresentar propostas, os candidatos percam muito mais tempo demonizando os adversários.

A primeira guerra mundial, que completou 100 anos em 2014, matou mais de dez milhões de pessoas entre soldados e civis. E tudo isso por que o imperador austro-húngaro queria vingança pela morte do filho. No final da guerra o seu império, até então uma potência, foi simplesmente dissolvido. Brigou, brigou… e não se chegou a lugar nenhum. Muito pelo contrário, só houve perdas. E esse é o meu maior medo — que ocorra o mesmo conosco aqui na terrinha também.

Outro grande medo que tenho é que se consolide uma fala antiga da ex-prefeita Maria José: “Na luta entre o mar e o rochedo, quem sempre sai perdendo é o peixe” — que, coitado, não tem nada a ver com a briga dos outros.

Eu só espero que, como cidadão teofilotonense, não seja transformado em um peixe no final da briga dos grandes e poderosos para quem a Prefeitura há muito deixou de ser um objetivo para o progresso da sociedade, para se tornar uma ambição de conquista pessoal.

Que Deus nos ajude!

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Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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