Com poucas opções no mercado, diretoria passa a ter pressa para anunciar técnico, e Marcelo Oliveira ganha força.
A reunião de sábado à noite, que selou a permanência de Jorginho no Vasco, deixou a diretoria do Cruzeiro em situação difícil no mercado para substituir o demitido Deivid. O presidente Gilvan de Pinho Tavares e seus executivos do futebol tinham muita confiança no acerto do comandante vascaíno, como confirmou um forte integrante do conselho consultado pela reportagem: “O Jorginho divulgou nota?”, perguntou, espantado. “Surpreende a todos nós, pois a posição que a diretoria tinha era a de que ele (Jorginho) queria só encerrar o Carioca para assumir o Cruzeiro. Ele era o plano A, o que todos queriam”, disse a fonte, que pediu sigilo.
Na noite de sábado, o presidente do Vasco, Eurico Miranda, publicou nota no site oficial do clube dizendo que Jorginho e seu auxiliar Zinho ficam em São Januário por “tempo indeterminado”. Neste domingo, o técnico finalmente se pronunciou por meio de sua assessoria de imprensa. “A respeito das informações divulgadas nos últimos dias, o técnico Jorginho descarta a possibilidade de deixar o Vasco neste momento. Jorginho reafirma o compromisso de continuar o trabalho iniciado em agosto do ano passado e também com o desafio de ajudar a levar o Vasco de volta à Série A do Campeonato Brasileiro”.
Ricardo Gomes, técnico do Botafogo, foi outro que descartou a hipótese de dirigir o Cruzeiro neste momento, embora a diretoria celeste não o considere carta fora do baralho. Na sexta-feira, ele concedeu entrevista coletiva e disse que não havia recebido o convite. Mas, de antemão, avisou que cumprirá o seu contrato com o Alvinegro. Gomes é visto com bons olhos na Toca da Raposa II por sua experiência na função.
Diante disso, o Cruzeiro passa a correr contra o tempo para encontrar um novo treinador para a sequência da temporada. Como não quer investir em uma nova “aposta”, inevitavelmente Marcelo Oliveira passa a ser o nome forte da lista celeste. Ele foi demitido pelo Palmeiras em 10 de março pela falta de encaixe do time e recusou convite do Sport nos últimos dias. Em 20 de abril, chegou a declarar ao Superesportes que ia se dedicar à família por mais algum tempo. Nos últimos dias, o técnico passou a não atender ligações da imprensa. Isso se repetiu neste domingo.
Entre os técnicos desempregados, Marcelo é o único que tem conquistas de expressão recentes no currículo. Foi bicampeão brasileiro com o Cruzeiro em 2013 e 2014, com o time jogando em alto nível, e campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras, em 2015, sem sua equipe mostrar futebol vistoso. Em São Paulo, o trabalho teve muitas contestações.
Dos treinadores brasileiros, Marcelo Oliveira é o preferido da torcida para assumir o Cruzeiro. Em enquete do Superesportes, com mais de 60 mil votos, ele ficou com 23% dos votos. Adilson Batista foi o segundo, com 14%.
A grande questão é que, desde a saída de Deivid, o presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, vinha se mostrando resistente em abrir negociações com Marcelo Oliveira, demitido por ele em 2 de junho do ano passado. O mandatário sabe que o relacionamento se deteriorou e tem restrição a integrantes da comissão técnica. Outro fator que preocupa é o desgaste com algumas peças do atual elenco.
Por sua vez, Marcelo ficou magoado pela forma foi conduzida a sua saída. No pronunciamento de despedida, na Toca da Raposa II, nem Gilvan nem dirigentes do futebol o acompanharam, apenas o diretor de comunicação Guilherme Mendes. Tudo isso depois de ser bicampeão nacional. Vanderlei Luxemburgo foi anunciado horas depois. Como se não bastasse, na apresentação do treinador carioca, Gilvan foi infeliz ao dizer que o ideal teria sido trocar o comando na pré-temporada.
Marcelo dirigiu o Cruzeiro em 168 jogos e obteve 68,84% de aproveitamento, com 105 vitórias, 32 empates e 31 derrotas. No clube, ele ainda foi campeão mineiro de 2014.
Aposta estrangeira?
Até a semana passada, a diretoria do Cruzeiro colocava o colombiano Reinaldo Rueda, de 59 anos, como uma das alternativas a Jorginho. Ele tem longa experiência em seleções, como Colômbia, Honduras e Equador, tendo levado as duas últimas a Copas do Mundo, e faz grande trabalho à frente do Atlético Nacional de Medellín desde junho do ano passado. Foi campeão colombiano em 2015 e teve a melhor campanha da fase de grupos da edição atual da Copa Libertadores. Nas oitavas de final, o time de Rueda define sua classificação contra o Huracán na próxima terça-feira, em casa, após empate por 0 a 0 na Argentina.
Neste domingo, em novo contato com a reportagem, Reinaldo Rueda reafirmou o que disse na quinta-feira ao Superesportes. “Não recebi convite nenhum do Cruzeiro”.
Como Rueda está envolvido na disputa da Copa Libertadores e com chance grande de avançar, o Cruzeiro pode nem contatá-lo. Contra ele e outros nomes estrangeiros pesam a possível demora na adaptação ao futebol brasileiro e o desconhecimento do elenco.
Brasileiros sem clube
Bem visto por parte da torcida, Adilson Batista está sem clube desde que deixou o Joinville no ano passado. Gilvan de Pinho Tavares tentou contratá-lo em 2012, mas o paranaense preferiu seguir no Atlético-GO, clube no qual acabara de chegar. O presidente se irritou com a recusa e jamais admitiu procurá-lo novamente. Neste domingo, Adilson disse aoSuperesportes que não foi sondado, mas agradeceu o fato de ter ficado atrás apenas de Marcelo na preferência dos cruzeirenses entre os profissionais brasileiros. “Agradeço carinho do torcedor. Sempre tive muito respeito pelo clube. Aguardando para voltar um dia”.
Outros nomes disponíveis no mercado são Falcão, Cristóvão Borges, Renato Gaúcho, Ney Franco, Celso Roth. Desses, talvez só o primeiro seja levado em conta.
(Superesportes)