Políticos preferem disputar prefeituras em vez do Legislativo

Políticos preferem disputar prefeituras em vez do Legislativo

Possibilidade de ver a concretização do trabalho no Executivo é maior incentivo para a troca da cadeira de deputado pela de prefeito, mesmo que a remuneração seja menor.

O salário é menor do que os de deputado federal e estadual, trabalha-se mais dias por semana e o emprego não dá direito a auxílio-moradia e outras verbas que engordam o contracheque. Mesmo assim, e em cenário de crise econômica e quebradeira nos caixas municipais, os ex-parlamentares mineiros que trocaram as cadeiras na Assembleia ou Câmara dos Deputados pretendem continuar comandando as prefeituras para as quais foram eleitos e vão tentar nas urnas o aval para mais quatro anos em outubro. Como eles, pelo menos 38 dos atuais deputados federais ou estaduais de Minas querem se tornar prefeitos. Além da vaidade de ser o principal nome no município de origem, ter a caneta na mão para comandar orçamentos inteiros e visibilidade para quando voltar a disputar mandatos parlamentares são alguns dos atrativos que tornam o cargo tão concorrido.

“Não volto mais a ser deputado estadual e federal, Já passei por lá e a missão está cumprida”, afirma o prefeito de Uberaba, no Triângulo, Paulo Piau (PMDB), que trocou o salário de R$ 33,7 mil (valor pago hoje aos membros da Câmara) por um de R$ 20 mil. Deputado federal até 2012, o peemedebista foi eleito com 79,7 mil votos para administrar uma cidade com um orçamento de cerca de R$ 1 bilhão. Piau diz que os prefeitos que pegaram a atual gestão tiveram de lidar com uma economia ladeira abaixo, com queda de arrecadação no fundo de participação e nos tributos estaduais. “No caso de Uberaba, a receita subiu 4% mas a inflação foi de 10,7%, isso significa que o poder de comprar remédio, gasolina e pagar conta de energia foi muito menor. Trabalhei com menos dinheiro em 2015 e, em 2016, estamos indo pelo mesmo caminho”, afirmou.

Mesmo com a “carga pesada”, Piau diz que ainda compensa ser prefeito. “É só imaginar uma partida de futebol. Quando você é parlamentar fica só no meio campo tocando de ladinho. Já o prefeito corre o campo todo, tem que ir para frente, fazer gol e voltar para a defesa”, disse o peemedebista, que considera mais fácil o trabalho no Legislativo. Segundo o parlamentar, o desafio é grande, já que tudo é cobrado diretamente no município, mas a satisfação compensa. Ele teve que cortar pessoal e custeio para conseguir fechar o orçamento. Piau está adiando a decisão, mas considera bem provável tentar se reeleger. Segundo ele, concorrer para outros cargos, só se for no Senado, governo ou vice-governador.

Refém Outro que ainda não confirma mas está quase colocando o time em campo para se reeleger é o prefeito de Sete Lagoas, Região Central, Márcio Reinaldo (PP). Para ele, a vida de prefeito é mais dinâmica. “Deputado fica muito refém de um contexto maior, varia com o gosto das lideranças que estejam no Congresso. Não é ruim, mas chega a cansar. Depois de 20 anos cheguei à exaustão”, conta. Para o prefeito, enquanto falta ver os resultados práticos no Legislativo, a vida no Executivo é estressante e problemática. “É tomar um choque elétrico a cada duas horas. É um buraco ali que fez cair uma pessoa, um fulano que teve problema no hospital, a adutora que estourou e deixou o bairro sem água. E o prefeito é culpado de tudo”, diz. Ainda assim, Márcio Reinaldo diz que a compensação vem ao enxergar uma obra pronta. “Vamos entregar agora um projeto de tratamento de água, é uma satisfação enorme.”

Em Uberlândia, no Triângulo, o ex-deputado federal, agora prefeito Gilmar Machado (PT) diz que se estivesse na Câmara dos Deputados estaria com vergonha. “Aquele espetáculo do dia 17 vai ficar marcado na história. Tem alguns deputados de Minas que deveriam ter vergonha de falar que são do estado”, disse, se referindo à votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara. Machado afirmou que recebeu o município no vermelho e vai entregar com saldo positivo. “Fácil não é, mas estamos conseguindo melhorar a arrecadação. Como prefeito você tem a oportunidade de ver o trabalho concretizado”, diz. O petista, porém, afirma que prefeito responde a muito mais processo. “Principalmente quando é do PT, é compra de remédio, problema com transferência de hospital, tudo vem para o prefeito”, atesta.

Vaidade pesa na hora de escolher
Para o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Pará de Minas, Antônio Júlio (PMDB), porta-voz da choradeira das prefeituras, ainda vale a pena estar no Executivo municipal. Para ele, é uma questão de “vaidade” e “missão” política. “O parlamento é mais tranquilo, não tem tanta responsabilidade, até porque hoje o CPF do gestor municipal responde por todas as mazelas da Constituição de 88. São direitos da criança, do idoso, judicialização da saúde, se não cumprir é o prefeito que é penalizado. Mas quem disputa o cargo não vê essas dificuldades, é a vaidade de ser prefeito”,diz.

Antônio Júlio vai tentar a reeleição, mesmo com a perspectiva de fechar o ano com um orçamento menor do que o previsto – eram R$ 170 milhões, mas não deve chegar a R$ 150 milhões. “Estou com uma média de 60 dias de atraso no pagamento de fornecedores mas fazendo todo o esforço para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. O cara quando põe na cabeça que quer ser prefeito não vê dificuldade”, reforça. De acordo com a AMM, enquanto a lei obriga as prefeituras a investir 15% em educação, todos estão precisando gastar 25% da receita. Além disso, 70% dos prefeitos não devem conseguir cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Além dos aumentos de salário e energia elétrica, as despesas cresceram no mínimo 20% e todos vivemos esse dilema de equilibrar as contas com uma receita que diminuiu em média 15%.

O prefeito de Contagem, Carlin Moura (PCdoB) também afirma que uma cidade tem desafios enormes, mas já se prepara para tentar continuar no poder. “Já tinha consciência que administrar uma cidade do porte de Contagem, com um orçamento de R$ 1,3 bilhão era um desafio, e nos deparamos com uma das maiores crises econômicas e políticas do Brasil. Mas vamos tentar a reeleição para continuar cumprindo os compromissos assumidos com a população”,disse. O prefeito também precisou fazer cortes, inclusive no próprio salário que foi a R$ 19 mil e dos servidores comissionados para conseguir lidar com a queda na arrecadação. “Não estou na política por salário, mas por um compromisso social. Estou muito satisfeito como prefeito”, garante.

O vice-prefeito de Belo Horizonte, Délio Malheiros (PSD), tentou duas vezes concorrer enquanto era deputado federal e acabou ocupando a cadeira como substituto do prefeito Marcio Lacerda. Gostou tanto que vai tentar agora ser o titular da cadeira para administrar um orçamento de R$ 9,5 bilhões. “É um desafio gigantesco. É onde você poderá contribuir de forma efetiva para melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem na cidade. A experiência no Executivo é diferenciadas e traz uma realização pessoal única, mesmo com todos os riscos que hoje representa”, disse.

Vaidade pesa na hora de escolher
Para o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Pará de Minas, Antônio Júlio (PMDB), porta-voz da choradeira das prefeituras, ainda vale a pena estar no Executivo municipal. Para ele, é uma questão de “vaidade” e “missão” política. “O parlamento é mais tranquilo, não tem tanta responsabilidade, até porque hoje o CPF do gestor municipal responde por todas as mazelas da Constituição de 88. São direitos da criança, do idoso, judicialização da saúde, se não cumprir é o prefeito que é penalizado. Mas quem disputa o cargo não vê essas dificuldades, é a vaidade de ser prefeito”,diz.

Antônio Júlio vai tentar a reeleição, mesmo com a perspectiva de fechar o ano com um orçamento menor do que o previsto – eram R$ 170 milhões, mas não deve chegar a R$ 150 milhões. “Estou com uma média de 60 dias de atraso no pagamento de fornecedores mas fazendo todo o esforço para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. O cara quando põe na cabeça que quer ser prefeito não vê dificuldade”, reforça. De acordo com a AMM, enquanto a lei obriga as prefeituras a investir 15% em educação, todos estão precisando gastar 25% da receita. Além disso, 70% dos prefeitos não devem conseguir cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Além dos aumentos de salário e energia elétrica, as despesas cresceram no mínimo 20% e todos vivemos esse dilema de equilibrar as contas com uma receita que diminuiu em média 15%.

O prefeito de Contagem, Carlin Moura (PCdoB) também afirma que uma cidade tem desafios enormes, mas já se prepara para tentar continuar no poder. “Já tinha consciência que administrar uma cidade do porte de Contagem, com um orçamento de R$ 1,3 bilhão era um desafio, e nos deparamos com uma das maiores crises econômicas e políticas do Brasil. Mas vamos tentar a reeleição para continuar cumprindo os compromissos assumidos com a população”,disse. O prefeito também precisou fazer cortes, inclusive no próprio salário que foi a R$ 19 mil e dos servidores comissionados para conseguir lidar com a queda na arrecadação. “Não estou na política por salário, mas por um compromisso social. Estou muito satisfeito como prefeito”, garante.

O vice-prefeito de Belo Horizonte, Délio Malheiros (PSD), tentou duas vezes concorrer enquanto era deputado federal e acabou ocupando a cadeira como substituto do prefeito Marcio Lacerda. Gostou tanto que vai tentar agora ser o titular da cadeira para administrar um orçamento de R$ 9,5 bilhões. “É um desafio gigantesco. É onde você poderá contribuir de forma efetiva para melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem na cidade. A experiência no Executivo é diferenciadas e traz uma realização pessoal única, mesmo com todos os riscos que hoje representa”, disse.

(Estado de Minas)



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