“A empresa é a galinha dos ovos de ouro. Se você sufoca a galinha, fica sem a empresa”. Essa frase é do bacharel em Ciências Contábeis Wlamir Kmit e resume bem o provável destino de um negócio quando o dono confunde o seu caixa com o próprio bolso. As consequências, nesse caso, não são nada boas. Além de, muitas vezes, ser forçado a fechar as portas, em algumas situações o empresário ainda se vê “afundado” em dívidas. Por esse motivo, é tão importante a definição prévia do pró-labore e da divisão de lucros dentro de uma empresa.
Ter esse controle não é complicado, mas é preciso boa vontade e muito conhecimento por parte do dono. Orçamento anual, índices pré-definidos e um bom acordo entre sócios quanto ao valor do pró-labore podem ser fundamentais para evitar grandes rombos.
O orçamento anual é uma importante ferramenta para manter as rédeas de um negócio. Anualmente, no final de cada ano, é importante promover uma reunião para fazer a previsão de receita e despesa para o ano seguinte. E é nessa reunião que também é definido o pró-labore e que passa a ser mantido o resto do ano.
“É de grande importância esta definição, porque, se não, a pessoa acaba confundindo o dinheiro da empresa com o particular. E isso pode levar a empresa a ter dificuldades financeiras. É preciso ter isso bem separado para o particular não interferir no resultado. Os honorários têm a ver com o mercado, com o que a pessoa nessa função receberia”.
O que o empresário precisa principalmente no seu negócio é evitar o pagamento de juros. Os juros levam todo o lucro previsto. “É indispensável que se faça um fluxo de caixa porque, se não for feita uma previsão de receitas e despesas, dificilmente o empresário conseguirá sobreviver. Todas as despesas, inclusive o pró-labore, devem estar dentro de uma previsão rigorosa”.
Planejamento – Muitas vezes pode parecer difícil não misturar o dinheiro da empresa com o particular. Entretanto, mudanças simples na cultura do negócio podem ser eficazes e ajudar. Dois itens, nesse caso, são fundamentais: boa gestão e planejamento.
“Tudo na vida é planejar. O empresário tem de pensar: qual é o tamanho do meu negócio? Ele vai crescer? O pró-labore tem de dizer se atende às necessidades, se está dentro da faixa da função e da capacidade da empresa. Uma empresa é como uma vida: tem de ter projeto”.
Segundo Kmit, um bom parâmetro para definir o valor do pró-labore é o próprio mercado. O especialista, no entanto, lembra que é preciso também levar em consideração a realidade da empresa. “O empresário pode usar como referência, por exemplo, o que está na tabela de salários de executivos pelo Brasil. Mas não é só isso. É preciso ver a realidade da empresa e a média paga pela função em cada caso. Existem diversos parâmetros, mas o sócio que trabalha, por exemplo, também precisa sentir que ele está recebendo um salário justo”.
Olho do dono
Confira algumas dicas básicas de como definir o pró-labore sem prejudicar o seu negócio:
- Conheça o poder financeiro de sua empresa;
- Não confunda o caixa da empresa com o próprio bolso;
- O empresário não deve deixar de receber, mas tem de definir um valor que não afete a saúde de seu negócio;
- Adote como referência de valor o que é pago, habitualmente, pelo mercado, para funcionários que exerçam a mesma função em outras empresas, ou a tabela de salários de executivos pelo Brasil;
- O sócio que trabalha precisa sentir que está recebendo um salário justo;
- Se o sócio não trabalha na empresa, não deve receber o pró-labore;
- Determine, de forma prévia e planejada, um valor para o pró-labore;
- Procure sempre adotar uma boa gestão em sua empresa.