Resfriamento do oceano leva a queda de termômetros em Minas Gerais

Resfriamento do oceano leva a queda de termômetros em Minas Gerais

No Sul mineiro, clima é bom para o turismo e para produtores de azeitona, mas preocupa cafeicultores.

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O resfriamento das águas do Pacífico Equatorial derruba temperaturas em todas as regiões de Minas. Nesse clima, a uma semana do início oficial do inverno, se há quem sofra, algumas cidades não só comemoram, mas até investem na propaganda do frio para atrair turistas. É o caso do distrito de Monte Verde, no município de Camanducaia, além de de Maria da Fé e de Caldas, no Sul de Minas, que registraram temperaturas negativas ontem – respectivamente -2,9 graus, -2,3 graus e -1,7 graus. “A massa de ar polar chegou, há quatro dias, e fez com que os termômetros declinassem”, diz o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Luiz Ladeia. E, para os próximos dias, os mineiros podem preparar cobertores e comidas quentes, pois a previsão é de que a temperatura siga baixa.

Bom para o dono da Pousada Flor de Cerejeira, Davi Salgado de Souza, que festeja o declínio do termômetro em Maria da Fé. “É bom para o turismo e também para a nossa principal atividade econômica, que é o cultivo de oliveiras”, afirma, lembrando que o município produz cinco variedades da lavoura. Para os 80 produtores da cidade de 18 mil habitantes, a notícia ainda melhor é que as baixas temperaturas devem continuar até agosto. “Ano que vem, teremos bastante azeitona e azeite de oliva”, prevê Davi.

“Este ano, o frio veio bem forte. Ano passado, praticamente não tivemos inverno e agora já temos essa cara ainda no outono”, pontua o geógrafo William Siqueira. Por conta própria, ele faz medições na área rural de Maria da Fé e na entrada da cidade. Nas duas estações meteorológicas que mantém, as temperaturas registradas ontem foram de -3,2 graus na área rural e -4,4 graus no Bairro Lage. Os moradores e turistas esperam que o clima antecipe a florada das cerejeiras que, geralmente, ocorre em julho. Integrante do grupo Brasil Abaixo de Zero, William espera que o inverno deste ano seja mais rigoroso do que de 2014 e 2015.

Sinal também de paisagens belíssimas, quando a geada cobre de branco a vegetação, como costuma ocorrer em Maria da Fé, cidade que se tornou famosa pelo frio. Festejado por uns, porém, o fenômeno coloca em alerta produtores de café no Sul de Minas. A coordenadora da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Aline de Freitas Veloso, lembra que nos últimos três anos a região teve um inverno seco, com temperaturas mais elevadas. “Com a incidência de vento e geadas, temos perdas na qualidade e quantidade de café. O gelo queima os pés e os frutos caem. A umidade faz com que os grãos tenham menos qualidade”, pontua.

SUSTO Se tem assustado mesmo moradores e produtores de regiões mais acostumadas à friagem, ela tem chegado até mesmo a regiões do estado que normalmente têm clima mais quente. No Triângulo Mineiro, os moradores se surpreenderam com a queda brusca dos termômetros. “Está muito frio. Nos últimos cinco anos, não tivemos algo assim”, disse a atendente Michele Paula Monteiro, de 34 anos, que ontem saiu de casa bem agasalhada. A temperatura também caiu em Governador Valadares, na Região do Rio Doce, e em Montes Claros, no Norte de Minas.

Na Zona da Mata, as menores temperaturas foram registradas em Juiz de Fora (7,2°C) e Santos Dumont (8°C). Clima bom, na avaliação da atendente Rosângela Maria do Nascimento, de 40 anos, para preparar comidas aconchegantes. “À noite, é bom para tomar chocolate quente e caldo. Também gosto muito do mingau de fubá com couve rasgadinha”, diz. Já Elton Fernandes, de 29, sofre com a queda na temperatura. “De manhã, o tempo fica muito fechado. Não gosto, porque piloto moto”, reclamou.

LA NIÑA E O FRIO

  • O fenômeno La Niña é associado ao frio e o final do outono e do inverno devem ser combaixas temperaturas na Região Sudeste do Brasil
  • La Niña é ooposto do fenômeno El Niño, que ocorre quando a temperatura das águas do Pacífico, a cerca de 2 mil quilômetros da Costa do Peru, sobe dois ou três graus acima de média
  • Como aquecimento, uma corrente descendente de ar quente atua sobre o Sudeste do Brasil, impedindo a entrada do ar frio que chega do Polo Sul, passando pela Argentina. O resultado é muito calor para o Sudeste do Brasil
  • Já com La Niña, a água do Pacífico começa a se esfriar também na região costeira peruana. Comisso, as frentes frias, sem encontrar barreira, tendem a subir commais frequência pelo litoral do Rio de Janeiro e São Paulo, sempre acompanhadas de massa de ar polar

Fontes: Instituto Nacional de Meteorologia
Meteorologista Ruibran dos Reis



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