Astrofísica da UFMG participa de descoberta de ‘planeta-bebê’ de 2 milhões de anos

Astrofísica da UFMG participa de descoberta de ‘planeta-bebê’ de 2 milhões de anos

Ilustração de um planeta gigante recém-nascido, como o novo planeta descoberto na vizinhança da estrela jovem muito ativa V830 Tau (Foto: Mark A. Garlick/markgarlick.com)
Ilustração de um planeta gigante recém-nascido, como o novo planeta descoberto na vizinhança da estrela jovem muito ativa V830 Tau (Foto: Mark A. Garlick/markgarlick.com)

Na constelação de Touro, a 430 anos-luz da Terra, está o planeta mais jovem já encontrado pela ciência até agora. O “recém-nascido” V830 Tau B, surgido há cerca de 2 milhões de anos, foi descoberto por um grupo de 14 cientistas, entre eles a astrofísica brasileira Sílvia Alencar, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O trabalho foi publicado pela revista Nature, uma das revistas científicas mais renomadas do mundo.

“É um passo importante para gente entender como ‘nascem’ os planetas”, disse a pesquisadora. O “bebê” gira em torno da jovem estrela V830 Tauri e tem quase a mesma massa que Júpiter, planeta cujo raio é onze vezes maior que o da Terra.

O trabalho de pesquisa durou cerca de um mês. A pesquisa foi desafiadora porque a V830 Tauri é muito ativa provocando várias manchas que prejudicam a observação por parte dos telescópios. Uma técnica em terceira dimensão foi usada para mapear a superfície da estrela. “Perturbações” provocadas em sua órbita apontaram para a existência do novo planeta.

“Desafio técnico de observar o entorno de estrelas jovens é porque a característica de jovens planetas atrapalha as medidas. É necessária uma precisão muita grande para achar planetas”, explicou Silvia.

O V830 Tau B está vinte vezes mais próximo de sua estrela do que a Terra está do Sol. “Nós também o chamamos de ‘Júpiter quente’, por ter mais ou menos o mesmo tamanho de Júpiter e por estar tão perto do calor”, contou a física.

Sílvia estuda a formação de estrelas desde 1998. Tornou-se “caçadora de jovens planetas” pouco tempo depois. “O engraçado é que eu nunca fui destas crianças que viviam olhando para o céu. A minha curiosidade era com tudo. ‘De onde vem a eletricidade?’, ‘como funciona uma televisão?’. Acho que a decisão pela astrofísica foi porque engloba várias áreas da própria física como a ótica, a acústica, a estática. Foi meio um jeito de não ter que escolher, sabe?”.

A descoberta do V830 Tau B também comprovou a teoria de que os planetas podem se aproximar de seu sol migrando pela nuvem de gás e poeira que circunda as estrelas em sua origem. O “planeta-bebê” mostrou que isso pode acontecer em seus “primeiros anos” de vida.

Quando as estrelas se formam, elas estão cercadas por densas regiões de gás e pó, chamadas discos protoplanetários, a partir dos quais os planetas se formam. No entanto, quando os astros já têm alguns milhões de anos, os discos quase desaparecem e a formação dos planetas está quase completa.

Mais de três mil planetas já foram descobertos fora do Sistema Solar, mas são considerados maduros, com bilhões de anos, como a própria Terra. Agora a expectativa deste grupo de cientistas que, além do Brasil, são da França, Alemanha, Grã-Bretanha, Canadá, Taiwan e Estados Unidos, é de encontrar novos “bebês” que também ajudem a desvendar os mistérios da origem do universo.

A astrofísica Silvia Paixão Alencar (Foto: Silvia Alencar/Arquivo pessoal)
A astrofísica Silvia Paixão Alencar (Foto: Silvia Alencar/Arquivo pessoal)

(Fonte: G1 MG/Thaís Pimentel)



Deixe seu comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.