Em busca de alternativas que possam garantir a boa qualidade do café produzido pelos agricultores e que, ao mesmo tempo, tenham um custo acessível, a Emater-MG apresenta uma novidade: o terreiro híbrido para secagem do café. O sistema foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Epamig e também difundido pela Embrapa.
O terreiro híbrido nada mais é que o uso de parte de um terreiro convencional onde se adapta um sistema de ventilação – composto de ventilador, túnel e distribuidores de ar (tomadas de ar e calhas de distribuição) –, cujo ar é aquecido por uma fornalha (com carvão, lenha ou palha), para secagem do produto enleirado sobre as calhas de distribuição.
“O café secado apenas num terreiro convencional, de concreto ou lama asfáltica, leva cerca de 20 dias para chegar à umidade ideal, de 11%. Com o terreiro híbrido, este prazo fica entre três e seis dias”, explica o engenheiro agrônomo da Emater-MG em Carmo da Cachoeira, Marcel Reis Naves. Porém, ele alerta que para o café iniciar o processo de secagem no terreiro híbrido, a umidade do grão deve estar em torno de 25%, ponto conhecido como meia-seca. “Mais do que isso, é preciso que ele seque por um tempo no terreiro convencional”, diz.
Marcel Naves conta que o terreiro híbrido que está sendo demonstrado no município é adaptado para a secagem do café em coco, mais comum na região. Segundo ele, a construção deste equipamento, utilizando peças novas, fica entre R$ 12 mil e R$ 15 mil. “Mas é possível fazer adaptações e este custo cai mais de 50%. Podemos usar fornalhas mais antigas, tubos de irrigação fora de uso e até turbinas de pulverizadores de modelos mais velhos, para insuflar o ar quente”, comenta.
É recomendado cobrir a área do terreiro que contém o sistema de ventilação (fornalha, ventilador, dutos e calhas) com um telhado permanente. Entretanto, para reduzir custos iniciais de implantação do sistema, é possível cobrir o sistema com lonas durante a noite ou em períodos chuvosos.
Segundo a Emater-MG, o sistema do terreiro híbrido é viável apenas para propriedades pequenas, com produção de 50 a 200 sacas por ano. A Embrapa editou um material técnico, em pareceria com os pesquisadores que criaram o sistema. A cartilha apresenta os passos para a construção do terreiro e pode ser acessada na internet pelo endereço www.sbicafe.ufv.br.
A cafeicultura é a principal atividade agropecuária do município de Carmo da Cachoeira, no Sul de Minas. As lavouras ocupam cerca de 16 mil hectares e a produção de café está em torno de 350 mil sacas (60kg) por ano. A maior parte das propriedades é conduzida por agricultores familiares. “No total são cerca de 600 propriedades. Destas, de 70% a 80% são de agricultores familiares”, afirma o engenheiro agrônomo.
(Agência Minas)