Roberto Marcos ficou conhecido na cidade e região como “profissional de comunicação”… e dos bons, diga-se de passagem. Também foi professor de Português e Redação. Como radialista, é dele alguns dos mais famosos programas de rádio dos anos noventa. Foi o criador do jornalístico Cidade Revista (Rádios 98 FM e Mucuri AM); do eclético A Hora da Goma, talvez o precursor da programação interativa quando a internet ainda dava os primeiros passos no Brasil; o polêmico Encontro Marcado (Rádio 98 FM), hoje apresentado por Aníbal Gonçalves, além de tantos outros programas e quadros em outras rádios e TV locais.
Como profissional de Marketing, foi o responsável pela intensa e dinâmica campanha de publicidade da Farmácia Indiana quando a família Mattar ousou abrir a sua primeira filial na Avenida Getúlio Vargas, além de tantos outros cases bem-sucedidos.
Na Política, coordenou campanhas e até foi candidato a deputado estadual em 2002 e a prefeito de Teófilo Otoni em 2016. Mas a sua paixão, ele insiste sempre em afirmar, continua sendo “escrever” e “contar histórias”.
Além de centenas de ensaios e crônicas publicados nos mais diferentes meios de comunicação, Roberto Marcos é autor do controverso “O Encomendado Amadeu” (2000) e do polêmico “Verdades Intoleráveis” (2004), este último sendo referência de discussão em vários fóruns de debates de universidades Brasil afora, sem falar nas próprias discussões na internet.
Em 2017, depois de anos sem lançar nenhum título novo, o autor, que não se incomoda de ser chamado de polêmico, se prepara para lançar sua nova obra intitulada “Os Escritos de Blanca Mares”, que será lançado ainda no primeiro trimestre.
Em “Os Escritos de Blanca Mares” Roberto Marcos mergulha fundo na avaliação da psique humana e traz um thriller envolvente e desafiador da primeira à última página. A Blanca Mares que dá título à obra morre logo no início da história… chega! Este é o máximo de spoiler que estamos autorizados. A partir daí a morte da personagem-título acaba por criar uma série de eventos e desdobramentos na pacata cidade de Filadelfia, que lembra muito a Teófilo Otoni do final dos anos sessenta.
Mais spoiler, agora até sem autorização: O marido de Blanca Mares, que acaba sendo, com a morte da esposa, o verdadeiro personagem principal da história, não consegue lidar com a tristeza e o luto, e cria um mecanismo de defesa: ele simplesmente bloqueia em sua mente o dia do falecimento da mulher amada e, por mais de vinte anos, revive o dia que antecedeu a morte de Blanca, inclusive reescrevendo… ou melhor, para ele, escrevendo… uma carta para a esposa, como fez um dia antes de ela morrer, e a colocando no correio da estação.
Assim como ocorreu na Teófilo Otoni do final dos anos sessenta, a Filadelfia do livro teve a sua linha ferroviária desativada, o que faz com que cada dia, desde então, seja diferente um do outro, quando a população está tendo que conviver com mudanças, e o nosso personagem principal insiste em reviver o mesmo dia todos os dias. E diante de tantas situações diferentes, cada dia a sua correspondência para a esposa tem um viés diferente também…
Mas antes de você pensar que o autor só quis encontrar um tema legalzinho para sobre ele dissertar, não se engane. À medida que começar a ler, você entenderá que o maior de todos os dilemas da história não é vivido pelo personagem em si, mas sim pelo leitor que acompanha avidamente a história querendo saber desesperadamente o que vai acontecer quando forem abertos os tais “Escritos de Blanca Mares”.
Acredite: se você leu Verdades Intoleráveis e insiste em dizer que o autor conseguiu dar à sua obra anterior um desfecho simplesmente inacreditável, mesmo, e apesar, de todas as pistas ao longo da história, tenha a certeza de que a nova obra é ainda mais desafiadora e envolvente. Só um conselho: não comece a ler o livro ao final da tarde nem no início da noite. É bem provável que, se fizer isso, você passará a noite em claro para saber, afinal, quais são as maiores revelações de “Os Escritos de Blanca Mares”.
(Por David Ribeiro Jr.)