Por Juliana Cipriani | Estado de Minas
O clima político desfavorável fez o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desistir de ir a Ouro Preto, Região Central de Minas Gerais, receber a medalha da Inconfidência na próxima sexta-feira, dia 21 de abril. O petista seria o principal homenageado e orador oficial da cerimônia que ocorre todo ano no feriado de Tiradentes.
Segundo um aliado do governador Fernando PImentel (PT), a decisão de não trazer Lula a Minas foi um consenso. “O próprio Lula foi o primeiro a achar que não era o melhor momento para ninguém, que é hora de se preservar o máximo possível”, afirmou a fonte.
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O entendimento foi que não seria a melhor ocasião para antecipar o lançamento da pré-candidatura de Lula à Presidência em 2018. “Ficou confortável para o governador Pimentel”, reconheceu o aliado.
Oficialmente, o Palácio Tiradentes não confirma nem desmente a desistência. Já o Instituto Lula informou que Lula já recebeu a medalha da Inconfidência em 2003 e não vai nesta.
Apesar de Lula estar na lista dos delatados da Odebrecht e, na avaliação de alguns, ter se complicado depois da divulgação de vídeos dos ex-executivos da empreiteira, a fonte próxima a Pimentel garante que a desistência já tinha ocorrido antes da “Lista de Fachin”.
Lula é um dos ex-presidentes que figuram entre os nomes sobre os quais o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, pediu investigação. Como ele não tem mais foro privilegiado, o caso foi remetido ao juiz Sérgio Moro.
Desde o anúncio da possibilidade de vinda de Lula a Minas, movimentos se manifestaram nas redes sociais contra a visita do petista.
Lula recebeu medalha de Aécio
O ex-presidente recebeu a medalha da Inconfidência em 2003, no primeiro ano do governo Aécio Neves (PSDB), hoje senador, e da gestão de Lula à frente do Palácio do Planalto. Na ocasião ele foi o orador da cerimônia. A medalha oferecida este ano é uma promoção ao grau máximo da comenda.
O governador Fernando Pimentel tem usado a data para agraciar pessoas ligadas à esquerda, desde que assumiu o Palácio em 2015. Um dos primeiros homenageados foi o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile. Na ocasião, a homenagem causou revolta entre parlamentares da oposição e antigos agraciados. Alguns chegaram a devolver a comenda. No ano seguinte, o condecorado foi o ex-presidente do Uruguai, José Mujica, que também foi o orador.