Algumas propostas de 3ª e 4ª via nas eleições do ano que vem são meros esbirros de gente sacana e muito mal intencionada

Algumas propostas de 3ª e 4ª via nas eleições do ano que vem são meros esbirros de gente sacana e muito mal intencionada

Por David Ribeiro Jr.

Ontem eu publiquei um texto em forma de editorial onde afirmei que a apatia política em Teófilo Otoni tem superado o medo e até a esperança da população (leia o texto aqui). Continuo pensando da mesma maneira. Até agora não vejo nenhuma razão para me retratar.

Dito isto, é importante esclarecer que muitas pessoas me ligaram, e outras tantas me mandaram e-mails, dizendo que o texto atrapalhava fulano, beltrano e ciclano. É mesmo? Que peninha! … Bem, a intenção não era prejudicar ninguém, e sim propiciar um metafórico sacode na nossa classe política que, por mais que o tempo passe, continua a governar sem um projeto viável para o progresso e o desenvolvimento de nossa cidade e região. Isso é um fato. Entre os muitos que entraram em contato comigo, houve uns poucos que, julgando me dar uma boa notícia, deixaram-me ainda mais amedrontado. Sério mesmo! Eles me disseram que, como alternativa aos nossos políticos tradicionais, aquelas figuras carimbadas que todo mundo já conhece, nós teremos no ano que vem (2016) pelo menos duas candidaturas alternativas, o que essas pessoas têm chamado de terceira e quarta vias alternativas. … Alternativas? Sei!

Pois então, permitam-me deixar claro o que penso disso: toda e qualquer candidatura, para qualquer cargo, é legítima num estado democrático de direito. O maior exemplo disso é que nos Estados Unidos, embora nós aqui só ouçamos falar do Partido Democrata e do Republicano, chega a se registrar trinta candidatos a presidente. E lá, diferentemente daqui, não há horário eleitoral gratuito. Assim, nem mesmo os americanos conhecem os candidatos — mas esse é o preço da democracia. Acaba que quem se destaca mesmo por lá são os democratas e os republicanos. Mas todo mundo tem o direito legítimo e constitucional de disputar, de votar e ser votado.

Mas voltemos a Teófilo Otoni. Há um porém nessas candidaturas alternativas, por mais legítimas que sejam: quando incentivamos as chamadas 3ª e 4ª vias, estamos, na maioria das vezes, incentivando a nada mais que uma bagunça política. O colunista Reinaldo Azevedo, que mantém um blog hospedado na VEJA.com costumava dizer no ano passado, referindo-se à presidenciável Marina Silva, que “nem tudo o que não é PT me serve”. E parafraseando a sua fala, nem tudo o que não é PT ou PMDB, no caso de Teófilo Otoni, me serve.

Candidaturas alternativas: "nem tudo o que não é PT ou PMDB me serve"
Candidaturas alternativas: “nem tudo o que não é PT ou PMDB me serve”

O Partido dos Trabalhadores errou quando esteve à frente da Prefeitura? Errou. E errou muito. Deixou uma dívida enorme, abriu irresponsavelmente um restaurante popular que não estava sequer aprovado pelo Corpo dos Bombeiros e chegou a ser alvo de investigações da Polícia Feeral… enfim: o PT fez uma lambança. Mas, por outro lado, deu a sua importante cota de contribuição para a instalação da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, que é, sem sombra de dúvidas, uma das mais importantes conquistas da região em todos os tempos.

E o PMDB do prefeito Getúlio Neiva? Tem errado? Tem, sim. Principalmente no que diz respeito à comunicação institucional da Prefeitura. Por não conseguir falar de forma eficiente com a população, as pessoas têm uma imagem deturpada da Administração. O vereador Northon Neiva, presidente da Câmara Municipal e um dos maiores apoiadores-defensores do prefeito Getúlio Neiva, admitiu numa entrevista no ano passado que enquanto a comunicação atualmente é feita de forma digital, dinâmica e interativa, a Prefeitura insiste na comunicação analógica (leia a entrevista aqui). Contudo, apesar dos erros da Administração do PMDB, ninguém pode negar os méritos da gestão Getúlio Neiva, que consegue milagrosamente pagar os servidores e prestadores de serviços em dia e manter a Prefeitura operacional quando há tantas prefeituras fechadas em cidades aqui bem perto de nós.

Então, que fique claro: não é porque as administrações petista e peemedebista cometeram erros que qualquer outra me serve. Nã-nã-nin-nã-não. Seria ótimo se a política local fosse renovada com nomes novos, competentes e comprometidos com os ventos da mudança do Século XXI. Mas é preciso que estes nomes estejam, de fato, comprometidos com os ventos da mudança e em condições de virarem o navio na direção desses ventos da mudança. Do contrário, serão apenas esbirros arrogantes, candidaturas de si mesmas, ou ações que visam única e exclusivamente manobras em defesa de alguns velhos coronéis. Se me permitem a indelicadeza, ouso afirmar que alguns dos nomes que estão sendo apresentados como opção ao PT e ao PMDB não passam de protegidos de gente bacana — e sacana — que não quer se comprometer de verdade. Um dos nomes que me foi apresentado, por exemplo (e já sendo chamado de 4ª via, pra se ter uma ideia das suas chances) está sendo patrocinado por um político que, sem querer se comprometer com o PMDB, hoje na Prefeitura, ou com o PT, que já se acha na Prefeitura no ano que vem, lança um nome sem chance nenhuma. A ideia do coronel é que depois, quando o seu candidato perder, estenderá a mão para quem ganhar e dirá que quer contribuir com o futuro da cidade. … Esperto, hein?!

Volto a dizer: sou plenamente a favor de candidaturas alternativas. Por exemplo: na eleição 2012 a ex-vereadora Fátima Dantas lançou-se candidata com a alcunha de 3ª via. E todo mundo que a conhece sabe que ela, em si, é uma pessoa competente e plenamente capaz de assumir o cargo que pleiteava. Ela, tudo bem. E outros tantos que há por aí estão, também, em condições de pleitearem o cargo. Mas é preciso que se prove estar em condições, assim como Fátima Dantas provou como vereadora, como mulher pública, como presidente de partido e como secretária municipal. Se o sujeito deseja ter a aprovação da sua gente para a dirigir, que primeiro prove ter o mínimo de condições para tal tarefa. É importante lembrar que a primeira característica do líder é ser um bom servidor. E eu simplesmente não consigo ver como servidor alguém que some e só aparece na época de eleição com um pseudodiscurso de indignação e se achando o salvador da pátria — às vezes sem nunca ter dirigido sequer uma lojinha de um e noventa e nove.

Eu insisto que nem tudo o que não é PT ou PMDB me serve. Já caímos nesta armadilha antes e quebramos a cara. Já fizemos isso também em nível estadual… e quebramos a cara. E em nível nacional… bem, aí já nem precisa falar mais nada. Concluo com uma frase do meu editorial de ontem: “se correr, o leite derrama. Se parar, o leite azeda”.

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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