Por Cristiano Carlos
A indústria mineira vem demonstrando recuperação lenta e gradual no decorrer deste ano. As quedas na produção industrial estão menos intensas e aos poucos alguns setores do estado vão saindo do vermelho, como a produção de veículos automotores, por exemplo. Mas, no geral, o faturamento das empresas e a criação de vagas de emprego na indústria de Minas Gerais ainda registram números negativos. Em agosto, o faturamento das firmas do estado caiu 1%, em comparação ao mês anterior.
O número de vagas de trabalho nas empresas mineiras esteve praticamente estável em agosto, quando comparado ao desempenho de julho. Porém, na comparação com o mesmo período de 2016, a taxa de emprego nas indústrias caiu para quase 5,5%. Os dados são da Federação das Indústrias de Minas Gerais.
Outro fator que pode influenciar negativamente no preenchimento de vagas nas indústrias mineiras diz respeito à capacitação profissional do trabalhador. De acordo com o Mapa Industrial 2017-2020, do Senai, a região Sudeste do País vai precisar qualificar mais de um milhão de técnicos profissionais para atender à necessidade da indústria local nos próximos quatro anos.
O problema é que cerca de 61% das empresas brasileiras têm dificuldades de encontrar no mercado profissionais técnicos capacitados para o preenchimento de vagas, de acordo com a pesquisa Escassez de Talentos, publicada em 2015.
Para o deputado Federal, Lincoln Portela, do PRB mineiro, o ensino técnico no país não tem condições de formar profissionais suficientes para atender as demandas das indústrias. Ele explica que as escolas voltadas para o ensino técnico estão em estado precário por falta de investimento dos governos Federal e Estadual. “As escolas técnicas profissionalizantes estão sucateadas no Brasil e nem existem. Nós perdemos várias escolas destas e não há investimentos no Brasil nesse sentindo. Desta maneira acabamos importando mão-de-obra ou acabamos ficando sem a qualificação devida. E as empresas, querendo produzir, querendo andar, sendo emperradas pela própria burrice e estultice dos governos de plantão.”
O governo Federal espera que o Novo Ensino Médio, que foi sancionado pelo presidente da República em fevereiro, possa contribuir para a formação técnica no país. A nova base curricular do ensino médio prevê a flexibilização da grade para possibilitar que as escolas ofereçam aos alunos cursos técnicos, como explica o Coordenador-Geral de Ensino Médio do MEC, Wisley Pereira. “Ter outras opções dentro das possibilidades do ensino médio, como o ensino técnico e profissional, é tentar também atender os projetos de vida dos estudantes. Mas, caberá isso ao sistema de ensino a produzir o ensino técnico e profissional já na matriz do ensino médio.”
Ao todo, o país vai precisar capacitar 13 milhões de profissionais técnicos para atender as demandas das indústrias em todos os estados. As maiores demandas são nas áreas de Meio-Ambiente e Produção, e Metalmecânica.
(Agência do Rádio Mais)