Por Márcio Barbosa dos Reis
A história política brasileira clássica, em relação à forma de governo, é cheia ambiguidade. Veja, o Brasil deixou de ser colônia da monarquia portuguesa, e adotou a monarquia como forma de governo, sendo o imperador descendente do reinado português, que por mais de 300 anos explorou o solo brasileiro e seus habitantes. Nesse período, de 1822 a 1889, os dois partidos políticos, liberais e conservadores, digladiavam entre si e ao mesmo tempo se subordinavam ao imperador.
A proclamação da República foi patrocinada por um monarquista, Marechal Deodoro da Fonseca, em 15 de novembro de 1889. Permanece até os dias atuais simplesmente com alterações dos títulos dos beneficiários do poder.
Outro fato inusitado veja: os descendentes da família imperial, Orleans e Bragança, que ainda vivem no Brasil, em Petrópolis/RJ, continuam a receber dinheiro público para custear suas vidas laboriosas.
Essas “rupturas históricas”, paradoxais e ambíguas, que provocaram essas mudanças da forma de governo, refletem até hoje na alternância do poder demonstrando um compadrio imoral entre os seus maiores líderes políticos, em detrimento dos interesses da população. Articulações e discursos para enaltecer, incendiar ou fanatizar a população, sem qualquer conteúdo programático são as marcas desses líderes.
Por essa razão vimos políticos de ideologias dita de “esquerda” ou “direita” apoiarem uns aos outros, sem o menor constrangimento. Você vê um deputado que apoia o governo federal e um governo estadual, em tese, antagônicos.
O princípio que vige no Brasil é: estar no poder, permanecer no poder e usufruir do poder. Para isso, o discurso deve se moldar à postura de poder.
Nesse contexto de mudanças meramente teatrais, usurpadores e salteadores aproveitaram e aproveitam para dilapidar e surrupiar as riquezas nacionais. O mais grave, do atual momento, é que não só estão saqueando as riquezas materiais como a intelectual, a cultural, a espiritual e a moral.
Os brasileiros, gerentes do poder, são verdadeiros traidores, Judas Iscariotes, do povo, não por algumas moedas, mas por milhões de cédulas, que conduzem o povo ao matadouro do analfabetismo, da violência, da miséria, do imoralismo e da baixa autoestima.
Esse momento sinaliza o começo do fim da soberania nacional, a última fase do processo da traição, a entrega das riquezas materiais e imateriais estratégicas nas mãos de estrangeiros. A “República brasileira” foi e continua a ser um clube particular, deveria se chamar “Reparticular brasileira”, para deixar de ser cínica com a verdade. Lanço uma pergunta, para finalizar: Qual o fato concreto que temos para celebrar no dia 15 de novembro? Infelizmente, eu estou a procurá-lo.
Márcio Barbosa dos Reis
Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni e auditor fiscal da Receita Estadual.
E-mail: marciobareis@outlook.com
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