A direção nacional do MDB determinou que a decisão sobre apresentar candidatura própria ou se coligar com outro partido na disputa pelo Palácio da Liberdade ficará sob a responsabilidade da comissão provisória e não será mais decidida pelos delegados da legenda. A convenção, antes marcada para domingo, foi cancelada, e o encontro da comissão que vai bater o martelo sobre o futuro do MDB mineiro está marcado para a manhã de sábado. A desistência do ex-prefeito Marcio Lacerda – após acordo fechado ontem entre PSB e PT – fortaleceu a ala do partido que defende a retomada da aliança com o governador Fernando Pimentel.
“Essa determinação (de cancelar a convenção) partiu do diretório nacional, do próprio estatuto do partido. A Executiva de Brasília nos informou que quando acontece a dissolução do diretório estadual, como aconteceu em Minas, cabe à comissão provisória definir a situação”, explicou o deputado Saraiva Felipe, presidente da comissão provisória criada após a destituição do vice-governador Antonio Andrade do comando estadual do MDB.
No início de julho, pesquisa encomendada pelo diretório estadual do MDB (uma semana antes de Andrade ser destituído) apontou que 92% dos delegados do partido não queriam manter a aliança com o PT e apoiar a reeleição de Pimentel; 95% dos delegados votaram pela indicação de candidatura própria. A tese desagradou a parte da bancada emedebista, principalmente os deputados federais, que consideravam a aliança com outra legenda fundamental para garantir a reeleição. Segundo Saraiva, mesmo sendo a comissão provisória (formada por três deputados federais e quatro estaduais) responsável pela decisão, os delegados foram convidados para participar do encontro. Só não vão votar.
A mudança no cenário eleitoral mineiro com a possível saída de Marcio Lacerda da disputa movimentou ontem os emedebistas. Segundo parlamentares do MDB, cresceu no partido a tendência de uma retomada na aliança com o PT – desde abril, os dois partidos estavam rompidos. “A tendência é que ou vamos fechar com Pimentel ou teremos uma candidatura própria”, afirmou Saraiva. O deputado federal Fábio Ramalho (MDB) afirmou que ao lado de Mauro Lopes, Leonardo Quintão e alguns parlamentares estaduais, vai defender a manutenção da aliança de 2014 com o PT. “Na bancada federal, a posição majoritária é ficar com Pimentel”, afirmou o deputado.
Já o deputado estadual Iran Barbosa (MDB), integrante da comissão provisória que é contra a retomada da aliança com o PT, criticou nas redes sociais o acordo feito entre PSB e PT. “PT tentando fazer com o Marcio Lacerda o que fez com o Adalclever Lopes (presidente da Assembleia) em fevereiro. Minas tem um largo histórico contra articulações assim. Newton Cardoso fez isso com Itamar Franco em 2002. Resultado foi Aécio Neves no governo”, postou o emedebista.
(Fonte: Marcelo da Fonseca – Estado de Minas)