Quase metade do empresariado ouvido em pesquisa da Câmara Americana de Comércio (Amcham) considera Minas Gerais pouco competitivo em relação a outros estados. O levantamento entrevistou 108 presidentes, dirigentes e coordenadores executivos de empresas com operações locais no território mineiro.
Levando em conta o atual cenário e comparando Minas a outros estados, 45% dos entrevistados consideraram o ambiente pouco competitivo para receber investimentos. Outros 43% acreditam que Minas se iguala às demais unidades federativas, mas não oferece nenhuma vantagem competitiva.
Entre os maiores obstáculos apontados, está a dificuldade para cumprir as obrigações legais vigentes. Isso porque a complexidade das normas (48%), o número excessivo de legislações (44%) e a alta frequência de mudanças dessas obrigações (22%) cria empecilhos para o empresariado que deseja se firmar por aqui.
Para Rafael Carvalho, superintendente da Amcham Belo Horizonte, é preciso modernizar o sistema tributário para tornar o território mais atraente. “Além da defasagem em relação à infraestrutura, a complexidade das normas e o excesso de burocracia enfraquece a competitividade de Minas. Por isso, defendemos a reforma dos tributos sobre bens e serviços, a redução do custo tributário e a revisão da tributação da renda corporativa”, afirma.
O economista Felipe Leroy, professor do Ibmec, explica que a mudança não é tão simples quanto parece. “Temos uma diferença grande de ICMS em relação a outros estados, o que acaba influenciando muito a decisão dos investidores. Mas na atual circunstância, a redução dessa taxa poderia trazer um impacto devastador na arrecadação”, explica.
Ele ressalta ainda que a burocracia e as dificuldades de logística exigem projetos de médio e longo prazo para serem solucionados. “Não são questões de curto prazo. O nosso escoamento via rodovias é precário e, às vezes, demora-se 90 dias para conseguir abrir uma empresa. Para solucionar essas questões, é preciso ter dinheiro, fazer concessões, duplicar estradas. Nada simples”, afirma.
Infraestrutura
Outras desvantagens apontadas pelos empresários que participaram da pesquisa são a defasagem em relação a aspectos de infraestrutura (42%), falta de rede integrada de transportes (35%) e sistemas logísticos pouco eficientes (25%).
Os participantes também consideraram precárias as condições de rodovias, segurança pública e transportes municipais e intermunicipais – todos avaliados com nota 2 em uma escala de 1 a 5.
Apesar do cenário negativo, o clima ainda é de otimismo. O empresário David Braga decidiu manter a sua matriz em Belo Horizonte. Presidente da Prime Talent, empresa que atua na busca e seleção de executivos na América Latina, ele optou por lançar uma unidade em São Paulo, mas não abriu mão de ter a sede por aqui.
“Em Belo Horizonte, temos grandes empresas e investidores, além de ser um dos principais rankings de inovação do país, com startups e alta geração de organizações de pesquisa e desenvolvimento”, disse.
(Fonte: Rafaela Matias – Hoje em Dia)