— Por Leandro Brito —
Vencer na pressão parece ser o caminho dos aliados do nosso presidente Jair Bolsonaro. A manifestação ocorrida no último domingo (26/05) em todo o Brasil foi uma forma de pressionar o Congresso Nacional. Que o Congresso tem os seus defeitos, tem… todo mundo sabe disso; não é sem razão que a renovação na Câmara dos Deputados beirou os 50% na última eleição — e não podemos nos esquecer de que o povo que votou em 243 novos parlamentares foi o mesmo povo que votou em 270 velhas raposas. E é este mesmo povo que, em sua grande maioria, votou no presidente Jair Bolsonaro.
O clima que deveria ser de tranquilidade com a vitória de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil não ocorreu. O Governo vive constantes polêmicas, dirige ataques verbais aos que são contrários, e até aos aliados. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também teve desentendimentos com membro do Governo do Jair. No último domingo eleitores do presidente foram às ruas em apoio ao governo.
Pelo que vejo, essa foi a primeira vez em tão pouco tempo de governo, apenas cinco meses, que os apoiadores do presidente voltaram às ruas para reconfirmar a sua confiança em Bolsonaro como se fosse reconfirmação do voto. O problema é que a mensagem que realmente ficou foi a seguinte: “Sou Bolsonaro e não aceito você de esquerda”.
O Brasil hoje vive o seu momento mais delicado em seu contexto político. A divisão — “eu sou Bolsonaro” ou “eu sou PT” — resulta num debate que não apresenta ideias para o crescimento da nação. O que se vê claramente em cada esquina é uma torcida para que o “meu” partido dê certo e para que tudo vá bem enquanto que, enquanto o outro partido estiver no poder, que tudo dê errado.
A Marcha do domingo ficará marcada na história deste país, indiferentemente dos números apresentados que, ao meu ver, não foram tão grandes para preocupar ninguém, mas também não foram tão pequenos para não serem considerados. Porém, dividir um país em um momento econômico delicado, como o que vivemos, não parecer ser, no momento, uma boa medida para uma nação que anseia por prosperidade. O governo, penso eu, mais parece cada dia episódios de uma série com diversos capítulos que, aos poucos, vem se tornando uma temporada interminável.
Outro perigo que precisa ser analisado por todos tem a ver com a imagem que estamos passando para os outros líderes políticos mundiais, e para os nossos principais parceiros comerciais. Qual a imagem que a manifestação de domingo passou? Essa desconfiança democrática, junto com essa guerra ideológica, irá, de fato, afetar ainda mais a nossa economia?
Vivemos hoje um índice de desemprego altíssimo onde os pobres acabam sendo alvos das ações do governo. Porém, neste governo, eu, pelo menos, ainda não vi essas ações.
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