— Por David Ribeiro Jr. —
TEÓFILO OTONI — Na quinta-feira (02/06) a Polícia Civil de Minas Gerais deflagrou a Operação Sétimo Mandamento que nas cidades de Teófilo Otoni, Governador Valadares, Galileia e Pavão. Nesses lugares a operação cumpriu mandados judiciais de busca e apreensão visando à apuração de supostos fatos ilícitos relacionados à disposição fraudulenta de imóveis de institutos de assistencial social e da Igreja Católica localizados na cidade de Teófilo Otoni e região (leia mais aqui).
A operação se focou em investigar pessoas suspeitas de estarem se apropriando do patrimônio de instituições fazendo doações entre eles por meio de laranjas, como a compra de vários imóveis acabados e outros em fase de construção, ultrapassando, segundo a investigação, a soma de R$ 6 milhões em patrimônio. A operação contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público Estadual de Minas Gerais e foi autorizada pelo juiz da 2ª Vara Criminal da Comarca de Teófilo Otoni.
Conduzido
Durante o cumprimento dos mandados, o Padre Joel Ferreira da Silva, que neste ano se licenciou do sacerdócio, e que desde então vinha residindo em um apartamento junto ao Recanto Frei Dimas, foi convidado a acompanhar a equipe de investigadores até à Delegacia de Polícia Civil para prestar esclarecimentos sobre duas armas de fogo (uma garrucha e uma espingarda polveira) encontradas em seu apartamento.
Equívoco
Muitas pessoas na cidade, inclusive alguns órgãos de imprensa, chegaram a divulgar que o padre foi preso em função da Operação Sétimo Mandamento. Não foi. Ele foi convidado a comparecer à Delegacia para prestar esclarecimentos sobre as armas, o que fez voluntariamente.
Em sua defesa o padre explicou que as armas pertenciam a um idoso que vivia no Recanto Frei Dimas, e que veio a falecer recentemente. As armas estavam sendo mantidas devidamente guardadas para serem listadas em um acervo do Recanto Frei Dimas que está sendo criado pela instituição.
O advogado do Padre Joel esclareceu à imprensa que a condução do religioso à Delegacia não passou de um mal-entendido que sequer teve a ver com a operação.
Nota da Diocese
Em nota de esclarecimento divulgada pela Diocese de Teófilo Otoni, hoje dirigida pelo bispo Dom Messias dos Reis Silveira, foi comunicado que a diocese não possui nenhum instituto de assistência social. A íntegra da nota da Diocese segue em vermelho:
“As dependências da Cúria Diocesana de Teófilo Otoni foram surpreendidas, no início desta manhã, pela visita da ‘Operação 7º Mandamento’ deflagrada pela Polícia Civil de Minas Gerais, a partir de investigações realizadas pela 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Teófilo Otoni, com apoio do GAECO, Polícia Civil e Polícia Militar de Governador Valadares, para cumprimento de mandados judiciais de busca e apreensão em vários endereços localizados em Teófilo Otoni e outras cidades da região, com o intuito de apurar supostos fatos ilícitos relacionados à disposição fraudulenta de imóveis de Institutos de Assistência Social que, de alguma maneira, estariam, ligados à Igreja Católica.
“A Diocese de Teófilo Otoni esclarece que não tem, no momento, nenhum Instituto de Assistência Social ligado diretamente à sua gestão como fora no passado, e acolhe estas investigações com serenidade e espírito de colaboração com a Justiça, na expectativa de que se possam esclarecer dúvidas e fatos que, eventualmente, tragam sofrimento e angústia para os seus fiéis. Enquanto promotora da caridade cristã, a Diocese de Teófilo Otoni tem ciência de que ‘não se pode fazer validamente composição ou compromisso a respeito das coisas referentes ao bem público, e a respeito de outras, das quais as partes não podem dispor livremente. Tratando-se de bens eclesiásticos temporais, sempre que a matéria o exigir, observem-se as formalidades determinadas por direito para a alienação de coisas eclesiásticas’ (Cân. 1715 do Código de Direito Canônico).
“Embora o momento seja emocionalmente desgastante para todos os nossos diocesanos, rezemos juntos para que a luz libertadora do Espírito de Deus – que faz novas todas as coisas – nos ajude a ‘caminhar na luz, para que a escuridão não nos alcance, pois quem caminha no escuro não sabe para onde vai’ (cf. Jo 12,35). Vivamos, pois, com segurança de fé, mais este desafio da nossa caminhada na direção da Luz!”
Balanço
A operação, de fato, não se focou na prisão de ninguém. Por enquanto, consta que foram apreendidos muitos documentos em vários dos endereços nos quais a operação se concentrou, além das armas já citadas, a importância de R$ 6.770,00 (seis mil setecentos e setenta reais) em moeda nacional, euros, várias folhas de talões de cheques, vários aparelhos celulares e notebooks, além de pedras preciosas e outros bens.