— Por David Ribeiro Jr. —
TEÓFILO OTONI
Um dos nomes mais cotados para ser candidato a deputado federal neste ano (2022), o geógrafo, consultor e perito ambiental BRUNO BALARINI (partido AVANTE), concedeu uma ampla e complexa entrevista ao minasreporter.com, ocasião em que deixou claro que, apesar de toda a expectativa em torno de uma eventual candidatura sua para deputado neste ano, não concorrerá a nenhum cargo. BRUNO disse que o seu projeto político não é se tornar legislador, e sim o chefe do Executivo; ou seja: ele pretende novamente se candidatar a prefeito de Teófilo Otoni em 2024. Segundo BALARINI, candidatar-se a qualquer cargo neste ano apenas para se manter em evidência seria trair a confiança das pessoas que acreditam em seu projeto político. E disse mais: “Eu não brinco de fazer política. O meu compromisso é defender Teófilo Otoni e à nossa gente”.
Acompanhe o nosso bate-papo. Vale muito apena!
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MINAS REPÓRTER — A maioria dos políticos, mesmo quando fora do cargo público, prefere dizer que é candidato a tudo que vier pela frente para se manter em evidência. Você adotou uma postura contrária e disse que não será candidato a nada neste ano. Por quê?
BRUNO BALARINI: Eu sempre entendi que é preciso conduzir a política com muita seriedade. Estar político no Brasil hoje deixou de ser honroso, é muito feio. Com isso, todas as nossas ações são misturadas à política. Eu não tenho o objetivo de ser político pura e simplesmente. É claro que eu gostaria de estar prefeito de Teófilo Otoni; tenho um projeto muito bem definido em relação a isso. Eu não brinco de fazer política. O partido Avante, do qual sou presidente na cidade, terá bons nomes colocados à disposição da sociedade para deputado estadual e federal. O que nós precisamos ter é muita lucidez para entender o momento. Eu não me vejo no cargo legislativo; me vejo no cargo Executivo; me vejo como prefeito fazendo as coisas acontecerem. Eu tenho meus ideais que ainda quero ver sendo postos em prática com Teófilo Otoni dando muito de si. Esta é uma cidade que tudo pode, mas, infelizmente, historicamente vem sendo explorada por grupos políticos que utilizavam e ainda utilizam da fragilidade da nossa gente para autopromoção. Acho isso ordinário e estou certo de que impede que a nossa cidade cresça. Então, é com muita transparência que coloco todos os meus passos políticos assim como coloquei em 2020. Naquele ano eu disse que seria candidato e fui até o fim. Agora, novamente estou deixando claro que o meu projeto para a cidade passa pela Prefeitura. Portanto, não faz sentido eu pleitear um cargo apenas para estar em evidência fazendo autopromoção vazia por interesse próprio. Isso seria o mesmo que trair a confiança das pessoas que acreditam no nosso projeto político. O meu objetivo é que nosso projeto político se consolide através do pleito de 2024. O meu compromisso é defender Teófilo Otoni e à nossa gente.
MINAS REPÓRTER — Você foi candidato a prefeito nas eleições 2020. Qual o saldo que ficou da sua participação no pleito?
MINAS REPÓRTER — Você tem criticado de forma bastante incisiva o discurso de polarização política que está dividindo o Brasil em esquerda e direita, com um lado culpando o outro por tudo o que há de errado. Como reverter essa polarização burra?
BRUNO BALARINI: Esse é um problema sério. Eu vivo pedindo aos meus amigos de esquerda e de direita para traduzir pra mim qual é o projeto de país, o projeto de estado e o projeto de cidade que está sendo discutido por aqueles que preferem apontar os erros dos outros, mas nunca apresentam soluções concretas para os problemas que trazem à tona o tempo todo, nem mesmo quando eles é que estão no poder. Com muita tristeza eu vejo aquilo que tenho dito nas redes sociais: enquanto o Brasil se divide em esquerda e direita, e discute tudo aquilo que é importante para a classe política, ninguém está de fato resolvendo os problemas do povo. É muito triste ver uma discussão tão superficial sobre todas as questões que não são diretamente relacionadas ao desemprego, à melhoria da infraestrutura, ao aumento da segurança, à melhoria e valorização dos professores e do ensino público, à valorização dos servidores públicos e quais são as metas claras do saneamento básico. Hoje a maioria das posições de políticas públicas estão contaminadas por ideologias. Cada um quer mostrar que é melhor e está esquecendo que isso não é uma competição, não é um jogo de futebol em que há um derrotado e um vitorioso. Essas pessoas se esquecem de que é a nossa comunidade que paga o preço por essa infantilidade e por essa verdadeira demência política. Eu gostaria de ver os pseudolíderes de esquerda e de direita do país tendo a decência de discutirem juntos qual é o melhor caminho. Alguns dizem que não se sentam com os adversários, mas, quando não se discute com o adversário, você está deixando de sentar com grande parte da população que pensa de maneira diferente. É nessa discussão com os que pensam diferente que boas decisões são realmente tomadas. Precisamos aprender a ouvir. Quem está na política precisa acreditar que é o momento de convergência e de união, não de extremismo. Eu não conheci nenhuma região do mundo que com o extremismo tenha se dado bem. Eu lamento muito que em um ano eleitoral estejamos convivendo com essa polarização e que boa parte da sociedade esteja dando fôlego para essa tolice infantil que é criar rótulos e apenas supostamente apontar culpados. Mas e quanto às soluções? Quem de fato tem discutido essas soluções? Assisti com muita tristeza como grande parte das famílias brasileiras tiveram posicionamentos ideológicos até quanto à pandemia. Para um determinado grupo, morrer era normal. Para outro grupo, quanto mais pessoas morressem, melhor seria. É só isso que o Brasil tem para oferecer? Bem… eu não me contento com isso. Enquanto cidadão brasileiro que torce por Teófilo Otoni não posso ver uma situação dessa e ficar calado.
MINAS REPÓRTER — Tendo em vista toda essa polarização que você acabou de explicar, o que espera das eleições de outubro de 2022?
MINAS REPÓRTER — A Câmara Municipal aprovou recentemente um reajuste de quase 30% no salário dos vereadores. Juridicamente, é legal; ninguém está discutindo isso aqui; porém, muita gente tem criticado o momento, já que a comunidade está empobrecida pela pandemia. Outros dizem que é melhor dar o reajuste escancaradamente do que através de “diárias”. Qual a sua posição quanto a isso?
BRUNO BALARINI: Ainda que a medida tenha todo o revestimento de legalidade, eu entendo que não era o momento de fazer. Antes de discutir o reajuste dos salários dos vereadores, penso que deveria ser pautado, por exemplo, uma revisão dos salários dos servidores efetivos da Prefeitura que estão há quase seis anos sem reajuste e ameaçando greve. Essas questões têm que ser mais amplas e não pontuais. Também não podemos ser hipócritas para dizer que, só porque é vereador, não deve ser remunerado. É preciso ter maturidade para entender aquilo que é legal, mas é preciso ter essa mesma maturidade para entender qual é o momento coerente para que mesmo o que é legal seja feito. Enquanto cidadão de Teófilo Otoni, sou contrário a esse reajuste. Tudo bem que seja legal, mas quem disse que tudo o que é legal é necessário? Quem disse que a Câmara precisa liquidar todo o seu orçamento, ainda mais num momento em que se precisa discutir uma revisão salarial justa para os servidores municipais?!
MINAS REPÓRTER — Se você tivesse sido eleito prefeito, estaríamos chegando aos 15 meses do seu governo. O que estaríamos comemorando?
MINAS REPÓRTER — E, como não foi eleito, o que estava em seu plano de governo, e que você mais lamenta não ter sido colocado em prática nesses 15 meses?
MINAS REPÓRTER — Há poucas semanas você fez um vídeo enaltecendo o potencial socioeconômico de Teófilo Otoni enquanto que todo político que não está no poder só sabe criticar. Qual era o seu objetivo com aquela publicação?
MINAS REPÓRTER — Mesmo não sendo candidato a nenhum cargo nas eleições deste ano, que mensagem deixa para o povo de Teófilo Otoni?