Laboratório da UFMG detecta nova linhagem da variante ômicron em MG inédita no Brasil

Laboratório da UFMG detecta nova linhagem da variante ômicron em MG inédita no Brasil

Segundo CT Vacinas, trata-se da BA.2.12.1, predominante nos Estados Unidos, que ainda não havia sido detectada no Brasil. ‘Se a vacina ajuda a impedir que o vírus se multiplique, ela também ajuda a impedir que novas variantes importantes apareçam’, disse pesquisador

Uma nova linhagem da variante ômicron foi detectada pela primeira vez no Brasil. — Foto: Niaid (EUA)/ Divulgação

Um laboratório da UFMG detectou a circulação de nova linhagem da variante ômicron em Minas Gerais que ainda não havia sido encontrada no Brasil. Segundo o professor Flávio da Fonseca, pesquisador do CTVacinas, trata-se da BA.2.12.1, predominante nos Estados Unidos. Esta nova linhagem tem características comuns à variante ômicron, mas é mais infecciosa.

“Essa linhagem se dissemina mais, com maior rapidez, que as outras da ômicron presentes no país. Daí a nossa preocupação com a descoberta”, disse Flávio. O professor explicou que é a primeira vez que essa linhagem é detectada no Brasil, mas não há como afirmar que é a primeira vez que ela entrou no país, “porque pode ser que ela já tivesse circulando, mas só foi detectada agora”.

Pesquisadores infectados

Segundo a UFMG, a detecção da nova linhagem começou durante um evento internacional ocorrido no Rio de Janeiro, na semana passada. Após o encontro, três pesquisadores de Belo Horizonte voltaram à capital mineira contaminados. As amostras continham quantidade de vírus muito alta.

“Como havia norte-americanos no encontro, decidimos realizar o sequenciamento genético das amostras para detectar a variante. E constatamos que a nova linhagem havia chegado por aqui”, disse Flávio da Fonseca.

De acordo com o pesquisador, as três pessoas passam bem, tiveram sintomas de médio para brando, e ainda estão isoladas. A Secretaria de Saúde de Minas e o Ministério de Ciência e Tecnologia foram avisados.

A coleta do material foi na quinta-feira (5). O sequenciamento começou na sexta-feira (6) e, na segunda-feira (9), foi detectada a nova linhagem. O pesquisador explicou que a detecção de novas linhagens é importante no contexto de vigilância epidemiológica e genômica.

“Toda vez que surge uma variante, ela se subdivide em linhagens que podem ter características diferentes. As novas linhagens podem ser mais infecciosas, mais graves, mais transmissíveis ou mais resistentes a anticorpos vacinais ou de infecções prévias. Por isso é importante monitorar a entrada de novas linhagens para verificar se aumentarão os casos de infecção e se essas novas linhagens vão se difundir”, disse o professor.

Rastreamento

Com o alerta, algumas providências serão tomadas pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES). Segundo a UFMG, pessoas infectadas serão chamadas para realização de um rastreamento de todas as outras pessoas que tiveram contato com o contaminado, e será feito acompanhamento para descobrir se a nova linhagem vai se espalhar e para definir formas de contenção.

Imunização reduz mutações

O pesquisador alertou sobre a importância das doses de reforço das vacinas contra a Covid-19 e de se manter o esquema vacinal em dia.

“Quanto mais o vírus se multiplica, mais ele sofre mutações. Quanto mais ele sofre mutações, maior é a chance do surgimento de uma variante nova. Portanto, se a vacina ajuda a impedir que o vírus se multiplique, ela também ajuda a impedir que novas variantes importantes apareçam”, explicou.

Ainda segundo ele, a vacina também garante que as pessoas infectadas desenvolvam sintomas mais brandos e apresentem menor quantidade de vírus em seus organismos, o que reduz a transmissibilidade e favorece o fim da pandemia.

“Temos a expectativa e a esperança de que, neste ano ou no ano que vem, a situação de pandemia seja encerrada e que o vírus da Covid-19 entre em uma condição endêmica e sazonal, semelhante à da influenza nos dias de hoje. O Sars-CoV-2 vai continuar circulando, mas conseguiremos conviver com ele”, disse Flávio.

(Fonte: Maria Lúcia Gontijo, G1 Minas)



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