Criminosos vendiam gabaritos por até R$ 200 mil, inclusive do último teste do Enem, para candidatos em todo o País
Uma quadrilha especializada em fraudar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), vestibulares e concursos públicos foi presa no último dia 23 de novembro pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-MG). Pelo menos 30 pessoas foram detidas, entre fraudadores e candidatos que faziam as provas para o curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (CMMG), em uma universidade no Bairro Buritis, Região Oeste de Belo Horizonte. Segundo as investigações, a organização criminosa, que atua em todo o país, também fraudou o processo seletivo da última edição do Enem.
O mineiro Áureo Moura, que mora em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, e Carlos Lobo, morador de um condomínio em Guarujá (SP), estão entre os presos e são apontados como os chefes da quadrilha. Eles montaram o esquema de fraude no estado, que contava com a participação de médicos residentes e professores universitários. “Queriam montar uma base operacional no estado, mas acabaram presos em flagrante”, afirmou o promotor André Luís Garcia Pinho, coordenador da Promotoria de Combate ao Crime Organizado.
Segundo ele, os fraudadores usavam equipamentos sofisticados de transmissão e recepção, por meio de GSM (telefonia celular) e VHF (radiocomunicação), importados da China. Áureo mantinha empresa de fachada no ramo de eventos e Carlos no setor de venda de equipamentos eletrônicos. “Os dois mantinham alto padrão de vida, tendo como renda fraudes em vestibulares, cobrando de R$ 60 mil a R$ 200 mil para garantir uma vaga, por meio da fraude”.
O delegado Antonio Junio Dutra Prado, da Polícia Civil, disse que todos os envolvidos seriam ouvidos e que não poderia dar mais informações sobre a operação, pois a prisão dos fraudadores e candidatos estava apenas dando início às investigações. Um investigador contou que há seis meses a quadrilha vinha sendo monitorada, com autorização da Justiça. Áureo Moura foi preso dentro de um veículo importado, de onde passava informações por meio de rádio VHF.
“Identificamos vários candidatos que pagaram para conseguir a vaga. O golpe consistia em inscrever médicos residentes e professores universitários em vestibulares. Eles faziam as provas e, depois de anotarem o gabarito com as respostas corretas, repassavam para Áureo. Usando um rádio transmissor, numa frequência ajustada nos micropontos (escutas) dos candidatos, ele repassava as respostas”, explicou o investigador.
Além da fraude no vestibular, foi apurado que o grupo, a partir de uma base num hotel em Pontes e Lacerda (MT), passou informações do gabarito das provas do Enem para vários candidatos no país. “Eles utilizaram um moderno sistema de telefonia celular, em que o aparelho de recepção imita um cartão de crédito. Trinta minutos antes do início das provas, eles tinham as provas em mãos e resolviam as questões”, contou o policial.
Nota: vários dos detidos já foram soltos. A Polícia ainda não explicou o porquê.
(com informações do Estado de Minas – em.com.br)