Já sonhou em ajudar a Nasa? Matt Barrie, CEO do Freelancer, diz que “sua hora chegou!”

Já sonhou em ajudar a Nasa? Matt Barrie, CEO do Freelancer, diz que “sua hora chegou!”

O CEO do site Freelancer fala sobre a parceria com a agência americana que permite que profissionais de todo o mundo colaborem no desenvolvimento de soluções inovadoras para a aventura espacial

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Por Lucas Ribeiro 

É possível enxergar o Freelancer como um ponto de encontro virtual entre empresas e profissionais. A Nasa viu na plataforma uma fonte de conhecimento. A agência especial vem fazendo encomendas aos 16,3 milhões de usuários do serviço (261.000 só no Brasil) que antes só poderiam ser endereçadas ao super-restrito time de especialistas ligados à instituição americana. Quem alguma vez sonhou em cooperar com a conquista do espaço tem agora sua chance. As empreitadas propostas pela Nasa, por meio do Centro de Excelência para Inovação Colaborativa (CoECI), incluem a criação de ferramentas que serão usadas pelo Robonaut 2, robô que irá para a Estação Espacial Internacional, e a concepção do aplicativo para smartwatchs que vai ficar no pulso de astronautas em missão. O freelancer que apresentar o melhor projeto, segundo avaliação da Nasa, recebe a gratificação (1.500 dólares, no caso do app) e pode ver sua ideia entrar para a história. Como nos demais acordos fechados no Freelancer, não há vínculo formal de trabalho nem garantia de que a projeto vai sair do papel. A parceria se apoia no modelo de crowdsourcing, que se alimenta do conhecimento de pessoas que, embora dispersas pelo mundo, cooperam para encontrar soluções — pode ser a criação de um produto, um serviço ou outro desafio. “Isso permite agilizar processos e reduzir custos, acelerando o processo de inovação”, diz o australiano Matt Barrie, CEO do Freelancer. “Com a parceria, a Nasa passa a receber ideias de profissionais de todo o mundo, ideias que talvez não surgissem dentro de casa”. Na entrevista a seguir Barrie fala sobre a parceria e o perfil dos milhões de freelancers, profissionais cujas habilidades se espalham em 850 áreas, como desenvolvimento digital, design, marketing, astronomia, entre outras. “É gente altamente qualificada”, diz.

Acompanhe a entrevista:

Como surgiu a parceria com a CoECI, da Nasa?

O CoECI nos procurou depois de conhecer nossa parceria com a ARKYD, primeiro telescópio espacial de acesso ao público. O objetivo era acessar nossa comunidade de freelancers qualificados para realizar a competição deles. Então, falamos com Steve Rader, subgerente do CoECI da Nasa em Houston, que formulou a estratégia da competição de design por crowdsourcing. O primeiro focus foi a criação em 3D de modelos para o Robonaut 2, robô para uso na Estação Espacial Internacional. Os resultados foram muito bons. Agora, o foco se voltou para desafios mais complexos, como o de criação da interface do aplicativo do smartwatch, que também será usados por tripulantes da estação.

Como será o app dos relógios inteligentes dos astronautas?

A Nasa pede que os freelancers usem o Samsung Gear 2 como referência para o design. O app terá funções como agenda de atividades dos astronautas, alertas, canal de comunicação via voz e vídeo, entre outras.

Como convencer uma instituição como a Nasa de que o crowdsourcing pode ajudar?

Muitas vezes, projetos grandiosos de empresas e instituições podem consumir muito tempo e dinheiro, pois é preciso recrutar pessoas qualificadas para o trabalho e garantir recursos para tanto. Isso pode levar semanas e até meses. O CoECI está interessando em usar plataformas de freelancers para começar rapidamente seus projetos, reduzir custos e agilizar processos. O Freelancer.com é perfeito para isso, uma vez que permite à Nasa acessar milhões de profissionais em todo o mundo, gente qualificada em mais de 850 categorias do conhecimento, de designers a engenheiros e cientistas de dados.

Quais foram os resultados até agora?

A Nasa está muito satisfeita com os resultados até agora. Steven Rader já disse que eles devem promover vários concursos na plataforma nos próximos meses. Além disso, vamos realizar disputas diferentes. Uma delas vai usar fotos em alta resolução da Estação Espacial Internacional feitas a partir de telescópios na Terra por astrônomos amadores. É um desafio para nossa plataforma, não sabemos se vai dar certo, mas queremos testar e descobrir os limites do que pode ser feito no formato de crowdsourcing. Estamos vendo a economia de compartilhamento, ou a economia colaborativa, crescer no sentido de se tornar parte central da sociedade.

A parceria também tem caráter de inovação aberta, uma vez que a Nasa amplia seu processo de criação de produtos e tecnologia para profissionais fora da agência. Quais os ganhos?

A Nasa usa ativamente o modelo Provedores de Serviço de Inovação para gerenciar a inovação e aumentar as chances de encontrar soluções e parcerias bem-sucedidas. A metodologia permite que a Nasa apresente desafios publicamente para procurar soluções inovadoras, construir colaboração com pessoas em todo o mundo e ser ainda eficaz do ponto de vista dos custos. Faz parte da Open Government Initiative dos Estados Unidos. A partir da parceria com o Freelancer, a Nasa passa a receber ideias de profissionais de todo o mundo, ideias que talvez não surgissem dentro de casa.

O Freelancer não foi criado como plataforma de nicho, mas muitos desafios apresentados ali são dirigidos para profissionais ligados à computação. O serviço se especializou na área?

Se você tem uma ideia para seu negócio e pode colocá-la em prática usando um computador, então pode contar com os usuários do Freelancer. Ocorre que hoje é possível fazer quase tudo com o computador.

O equilíbrio entre oferta e demanda de serviços é o maior desafio da plataforma?

O mercado se ajusta, com ajuda da equipe da plataforma. Se percebemos que um novo tipo de projeto é apresentado, adicionamos categorias de conhecimentos que são demandadas. Assim, mais profissionais qualificados entram na plataforma. Ao mesmo tempo, como os orçamentos da empresas vêm caindo, tanto nas pequenas como nas grandes, vemos projetos cada vez mais complexos sendo apresentados na plataforma.

Como garantir a qualidade nas duas pontas: do lado das empresas e dos prestadores de serviço?

Contratantes e freelancers se comunicam antes e durante o projeto. Isso garante que os requisitos de lado a lado sejam entendidos pelas duas partes e o trabalho, cumprido em nível adequado. Nós ajudamos nesse processo permitindo que os contratantes realizem pagamentos à medida em que as tarefas são cumpridas e avaliadas.



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