Manifestantes reclamam que estão sem água no distrito há quatro dias. Construção de barragens irregulares prejudica abastecimento, diz morador.
Cerca de 300 manifestantes fecharam a rodovia LMG-759, por volta das 4h da madrugada desta sexta-feira (2), próximo ao distrito de Revés do Belém, em Bom Jesus do Galho. Segundo a moradora Marly Almeida, os manifestantes cobram soluções para a frequente falta d’água que, segundo eles, começou desde o o dia 28 de setembro deste ano.
Marly informou que o trânsito permanece fechado nos dois sentidos da via para quem vai e volta do distrito, e somente ambulâncias estão circulando. Os moradores reivindicam um posicionamento da Copasa diante da interrupção de água. A manifestante conta que somente as casas que tem poço artesiano estão utilizando água.
“Isso é um absurdo. Precisamos de um posicionamento da Copasa sobre essa situação, a população não pode passar por isso. Donos de fazenda fazem o desvio do rio para abastecer as suas propriedades e a comunidade paga o pato?”, reclama a manifestante.
Segundo o radialista, Creumárcio Lopes, o problema no distrito ocorre devido às barragens que estão sendo feitas por alguns fazendeiros da região. Ele diz que o possível desvio feito no rio está prejudicando o abastecimento no distrito. O morador foi até uma das fazendas particulares, e filmou as represas.
Crispim Elias, proprietário da fazenda onde foram feitas as imagens, diz que essas acusações não procedem. Segundo ele, a barragem existe há mais de 50 anos, e quando ele comprou o local, já existia. Ele afirma que o desvio faz parte do Ribeirão do Onça, e muitas outras fazendas, antes dela, recebem a água.
O que diz a Copasa
Em nota, a Copasa confirmou que nos últimos dias foi registrada uma redução drástica do nível de água no ribeirão do Boi, que abastece o distrito de Revés do Belém,no município de Bom Jesus do Galho. Equipes da Copasa, juntamente com a Polícia Militar do Meio Ambiente, verificaram o manancial e constataram várias intervenções indevidas, feitas com sacos com argila, pedras e madeira, desviando toda a água do ribeirão do Boi. Os desvios seriam para realizar irrigação através de sulcos em lavouras de quiabo, arroz e jiló.
A nota informou que no dia 28 de setembro, a PM de Meio Ambiente registrou a irregularidade. Novamente no dia 30 do mesmo mês, os militares reuniram com o proprietário do terreno, onde havia o barramento, solicitando a destruição do mesmo, o que não foi atendido. Dessa forma, a Polícia Militar de Meio Ambiente irá acionar o Poder Judiciário para que que as devidas providências sejam tomadas.
Na quinta-feira (1) representantes da Copasa, juntamente com a Polícia Militar de Meio Ambiente, foram ao Ministério Público de Caratinga, solicitando o Termo Autorizativo para eliminação do referido barramento, mas não obtiveram êxito.
A nota informa ainda que a Companhia aguarda a decisão judicial, pois não pode exigir o desmanche da barragem.
Fonte: G1 Vales de Minas