A empresa AB InBev, de capital belga e brasileiro, e a britânica SABMiller anunciaram nesta quarta-feira (11) um acordo formal para que a primeira compre a segunda por US$ 121 bilhões, uma das maiores transações da história do setor.
Se a operação for concretizada como o previsto pelos acionistas e receber a aprovação dos órgãos competentes, o novo grupo incluirá as marcas de cerveja americana Budweiser e belga Stella Artois, pertencentes à AB InBev, assim como a italiana Peroni, a tcheca Pilsner Urquell e a holandesa Grolsch, da SABMiller.
Esta será a terceira maior fusão-aquisição da história, segundo o instituto de análises Dealogic, atrás apenas das operações entre Vodafone e Mannesmann, em 1999, e Verizon Communications e Verizon Wireless, em 2013.
A AB InBev destacou que a compra, que espera ver completamente concluída no segundo semestre de 2016, permitirá à empresa tornar-se “uma autêntica cervejeira mundial”, recordando que a SABMiller está implantada em mercados em crescimento na Ásia, América Central e América do Sul, assim como na África.
“A aquisição da SABMiller pela AB InBev é a conclusão lógica de uma década de reagrupamento na indústria de bebidas”, explicou Jeremy Cunnington, especialista da Euromonitor International. Entre 2005 e hoje, o domínio do mercado mundial pelas cinco principais empresas do setor passou de 38% a 56%”, recordou.
As duas empresas produzem combinadas quase 60 bilhões de litros a cada ano, três vezes mais que a terceira do setor, a holandesa Heineken, e vendem uma de cada três cervejas no mundo, da mexicana Corona (fora dos Estados Unidos) até a australiana Foster’s, passando pela chinesa Snow – a marca de cerveja mais consumida em todo o mundo.
A fim de evitar punição por sua posição dominante, esta aliança deverá ceder uma parte de suas atividades e as duas companhias já indicaram que SABMiller venderá por US$ 12 bilhões sua participação majoritária na cervejaria americana MillerCoors a uma produtora da região, Molson Coors.
“Ao somar nossas forças, construiremos uma das principais empresas mundiais de bens de consumo”, comemorou o diretor geral da AB InBev, Carlos Brito, em um comunicado.
“Rendimento em espécie”
Os grandes fabricantes de cerveja estão à procura de relançar o crescimento, enquanto o mercado de cerveja avança timidamente – espera-se um crescimento de apenas 1% entre 2014 e 2015 – devido à estagnação dos mercados desenvolvidos.
Contudo, as cervejas artesanais, que representam entre 5 e 9% do consumo, têm visto um salto de vendas superior a 10% ao ano nos mercados mais avançados.
O presidente da SABMiller, Jan du Plessis, destacou, neste contexto, “a presença incomparável da SABMiller nos mercados em desenvolvimento, que estão experimentando um forte crescimento”.
No entanto, ele ressaltou que a proposta do seu concorrente era irrecusável. “A oferta da AB InBev representa um bônus e um rendimento em dinheiro atrativos para os acionistas (…), razão pela qual o conselho de SABMiller recomendou por unanimidade a oferta da AB InBev”.
Os detalhes financeiros do acordo confirmam as linhas gerais reveladas na conclusão de um acordo preliminar em 13 de outubro, depois de uma verdadeira disputa que durou um mês e na qual o conselho da SABMiller recusou quatro ofertas informais, aumentando as apostas antes de aceitar uma quinta oferta.
AB InBev pagará 44 libras por ação aos acionistas da SABMiller, o que representa um prêmio de pelo menos 50% em relação ao preço de fechamento da ação SABMiller em Londres em 14 de setembro, antes das especulações sobre uma possível aquisição. Este montante valoriza a SABMiller em quase 80 bilhões de libras (US$ 112 bilhões), incluindo a dívida.
As ações da nova AB InBev passarão a ser negociadas principalmente na Bolsa de Valores de Bruxelas, como ocorre atualmente, com cotações secundárias em Johanesburgo, México e Nova York.
O título AB InBev subia ligeiramente em Bruxelas de 0,27% a 111,50 euros pouco depois das 11h00 GMT (9h00 de Brasília), enquanto em Londres, a ação SABMiller subia 2,79%, a 40,87 libras.
A direção da AB InBev espera que a aquisição da SABMiller lhe permitirá realizar economias mediante sinergias de até US$ 1,4 bilhão por ano a partir do quarto ano após a absorção eficaz da sua concorrente.
AB InBev indicou que fornecerá posteriormente detalhes sobre as “reestruturações necessárias”.
Fonte: UOL Economia