Promotora diz que parque tem bacias que podem abastecer 45% de MOC. Ela também destaca que a fauna, a flora e solo são negativamente afetados.
Além dos danos causados à fauna, flora e ao solo do Parque da Lapa Grande pelo incêndio que atinge a unidade de conservação, em Montes Claros (MG), há seis dias, os órgãos de fiscalização e proteção ambiental também estão preocupados como o fogo pode afetar os recursos hídricos. Segundo a promotora, Aluisia Beraldo, no local estão as Bacias do Pai João e do Cedro, com capacidade de gerar 45% da água utilizada para o abastecimento do município. Até o momento não há estimativa da área afetada.
A promotora diz que o Rio Pai João é o “grande manancial de Montes Claros” e é responsável por 30% do abastecimento; ele nasce dentro do Lapa Grande e passa por alguns pontos da cidade. Já a bacia do Cedro, foi incorporada à área do Parque em dezembro de 2014 e pode gerar mais 15% do que é necessário para abastecer o município. Na época da criação, a área era de sete mil hectares, atualmente é de 15 mil.
“A área que foi ampliada é de proteção integral, é dela que podem sair 45% de toda a água necessária para o abastecimento do município. Com a ampliação, outra bacia [do Cedro] foi incorporada. A regularização fundiária, que é a efetiva compra do terreno, está ocorrendo, mas já foi reconhecido que o local é de extrema importância e necessita de ser preservado, já que é uma fonte para garantir água para toda a população”, fala a promotora.
“A unidade de conservação sofre as consequências, mas todo a região é afetada, já que haverá mais gases que contribuem para o efeito estufa na atmosfera, além disso, com a retirada da cobertura vegetal, o solo pode sofrer erosão e os sedimentos são levados para os cursos de água, causando assoreamento”, esclarece o doutor em Ecologia, Mário Marcos.
Investigação
Peritos do Ministério Público irão até a unidade de conservação para avaliar os estragos. Aluisia Beraldo diz que o MPMG está acompanhando o trabalho de levantamento de informações sobre as causas do incêndio. Na terça-feira (10), o major Paulo Veloso, da Polícia Militar, disse que o fogo foi colocado em uma propriedade e, provavelmente, se alastrou pelo Parque.
“Estamos providenciando uma vistoria técnica e serão adotadas as providências, com a responsabilização civil e criminal”, esclarece a promotora. O responsável de ter colocado o fogo deve ser obrigado a arcar com os prejuízos ambientais e pode, inclusive, perder a propriedade dele.
As queimadas são proibidas por Lei, com raras exceções de casos em que há autorização dos órgãos ambientais.
Combate
Segundo informações do Instituto Estadual de Florestas (IEF), 100 pessoas estão envolvidas no combate, que conta também com brigadistas de outros parques. Três aeronaves também são utilizadas para jogar água nos focos de incêndio, e uma dá apoio para transportar as equipes e monitorar a área. Até o fim da noite de terça, a Copasa disse já ter disponibilizado 320 mil litros de água utilizados nos trabalhos.
Aceiros também estão sendo feitos para evitar que o fogo se alastre. Segundo o Corpo de Bombeiros, estão sendo abertas estradas para limitar as áreas e facilitar o combate.
Fonte: G1 Grande Minas