Por David Ribeiro Jr.
TEÓFILO OTONI
O prefeito Getúlio Neiva (PMDB) já deixou clara a sua pretensão de disputar a reeleição no ano que vem (leia aqui). Em se confirmando a candidatura, esta será a sexta vez consecutiva que Neiva disputa o cargo de chefe do Poder Executivo no município, sem contar com a sua primeira eleição em 1982.
A primeira candidatura desta sequência ininterrupta foi em 1996, dois anos depois de retornar de Brasília, por não ter conseguido se reeleger para a Câmara dos Deputados. Seu candidato a vice era o pastor evangélico e advogado Dermival Macedo. Em 2000 disputou novamente, e foi eleito tendo o médico e então vereador Ademir Camilo Prates Rodrigues como seu vice. Em 2004 Getúlio recompôs a dobradinha com Ademir, mas não conseguiu se sagrar vitorioso. Perdeu para a então deputada estadual Maria José, do PT. Em 2008 Getúlio voltou a disputar contra Maria José, desta vez tendo a professora Emília Menezes como sua candidata a vice. Não logrou êxito e Maria José foi reeleita. Em 2012 somou-se ao também médico e vereador Ilter Volmer Martins, do PSDB, e venceu as eleições.
Como Getúlio já deixou clara a sua pretensão de disputar a Prefeitura, uma pergunta tem ganhando eco pelos bastidores da política teofilotonense: quem será o seu candidato a vice no ano que vem?
Tendo em vista o que ocorreu em 2004, quando Getúlio preferiu manter a parceria com o vice de então, o médico Ademir Camilo, imagina-se, pelo menos num primeiro momento, que a parceria Getúlio/Dr. Ilter vá se manter. Mas alguém aposta realmente nisso?
Um retrospecto do noticiário político na cidade nas épocas de campanhas eleitorais para a Prefeitura vai mostrar que em todas as eleições que participou desde 1996, o candidato a vice de Getúlio só é definido no segundo tempo da prorrogação do jogo político.
Em duas situações o nome que ganhou a vaga até já vinha sendo ventilado entre os muitos outros candidatos prováveis, como foi o caso do Pr. Dermival Macedo em 1996, e o próprio Dr. Ilter em 2012. Em outras duas ocasiões o nome realmente só foi conhecido no apagar das luzes: Ademir Camilo em 2000 e Emília Menezes em 2008.
No caso bastante específico de 2008, quando quase que unanimemente se apostava numa vitória esmagadora de Neiva sobre a então prefeita Maria José, todo mundo queria ser candidato a vice de Getúlio. Todo mundo, mesmo. Havia pelo menos uma dúzia de nomes que eram continuamente apresentados como tal nos noticiários políticos. Por ironia, o nome escolhido, Emília Menezes, nem estava entre os previamente postos.
Apesar de tudo o que apresentei aqui, a lógica ainda continua sendo a manutenção da dobradinha Getúlio e Dr. Ilter. Inclusive, houve ao longo dos últimos três anos um enorme falatório vindo de muitas direções e fontes dando conta de que um acordo previamente firmado entre os dois, Getúlio e Dr. Ilter, assegurava que para a eleição seguinte — no caso, 2016 — haveria uma inversão dos papeis. Getúlio nunca confirmou esse acordo, mas também nunca o desmentiu.
É claro que quem entende minimamente de política sabe que numa disputa, principalmente visando a Prefeitura, precisa-se levar em consideração muito mais do que acordos, ainda mais acordos antigos. O que vence uma eleição é voto. Então, quem tem que ser o candidato a titular do time é quem tem, de acordo com pesquisas científicas e críveis, voto.
Tendo dito tudo isso, pergunta-se: há alguma possibilidade de o nome do vice não ser o Dr. Ilter?
Respondo eu: Há, sim, claro! O Dr. Ilter é um nome excepcional, não restam dúvidas. Também tem a vantagem de estar num partido que Getúlio precisa trazer para perto de si, até porque, depois da denúncia de que o vice-presidente Michel Temer também assinou autorização para pedaladas fiscais (leia mais aqui), existe uma enorme possibilidade de que o impeachment de Dilma, cada dia uma realidade mais palpável, acabe por atingir de quebra ao vice-presidente. Se isso (um eventual impeachment de Dilma, e de Michel Temer também) ocorrer depois do dia 31 de dezembro de 2016, quando terá decorrido dois anos do atual mandato presidencial, o presidente da Câmara dos Deputados, que não será Eduardo Cunha (mesmo que não seja cassado, até lá já terá sido eleito outro nome) assumirá o País. Se o eventual impeachment dos dois, em conjunto ou separado, ocorrer antes de 31 de dezembro de 2016, convoca-se novas eleições. E de acordo com as pesquisas, o nome mais provável para assumir o país é o do senador mineiro Aécio Neves, do PSDB. Em resumo: Getúlio hoje precisa, sim, e muito, do PSDB, que a qualquer momento pode voltar a governar o País.
Contudo, apesar da importância do PSDB para um eventual segundo governo de Getúlio, pergunta-se: e se a presença do partido em sua coligação não for o bastante para assegurar uma campanha vitoriosa em Teófilo Otoni? Afinal, uma coisa é governar, outra diferente é ganhar no voto o governo.
Nesse caso, apesar da importância do PSDB para um eventual segundo governo de Getúlio, ele terá que lançar mão de outro candidato a vice visando se reeleger. Hoje há pelo menos meia dúzia de pré-candidatos autoproclamados ou mencionados por terceiros como vices de Getúlio Neiva no ano que vem. Três deles se destacam. Eu vou enumerá-los, e depois explico o porquê da exposição e a importância de cada nome.
Edson Soares
O ex-prefeito e ex-deputado federal Edson Soares, hoje no PCdoB, diz que não aceita ser vice de ninguém (leia aqui e aqui). E numa coisa ele tem razão: quem admite ser candidato a vice, ou quem pleiteia ser candidato a vice, não é candidato a nada. Apesar das divergências havidas em outros tempos, Edson foi um importante cabo eleitoral de Getúlio Neiva nas eleições de 2008 e 2012. Será que o prefeito está em condições de abrir mão do espólio eleitoral de Soares? É quase certo que não. O homem obteve cerca de 10 mil votos tanto para deputado estadual quanto para deputado federal nas duas últimas eleições que disputou. Tudo bem que a eleição para a Prefeitura é diferente; mas que o homem tem um peso a ser considerado, claro que tem! Só não vê isso quem é cego politicamente.
Ricardo da Emex
O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Teófilo Otoni, o empresário Ricardo Bastos Peres, o Ricardo da Emex, disputou contra Getúlio na eleição passada pelo Partido dos Trabalhadores. Mas terminada a disputa, entenderam-se. De forma humilde, Ricardo surpreendeu a todos quando, na diplomação de Getúlio, em solenidade na Câmara Municipal, foi até lá dar um abraço ao ex-adversário e desejar-lhe que a sua Administração fosse coroada de êxitos e bênçãos. Ricardo hoje está fora do PT, e há quem diga que sem uma estrela vermelha no peito não consegue ter o peso dos quase 30 mil votos da eleição passada. Mas há uma coisa a ser considerada: ele tem o potencial para um forte e avassalador discurso. Ricardo teve a sua chapa cassada na véspera da eleição passada, embora tenha sido inocentado em seguida ao se julgar o mérito da ação. Seria muito fácil para ele partir para uma campanha com o mote “fomos roubados na boca da urna. Agora é a nossa vez. Agora é a vez do povo!” Entenda melhor essa eventual estratégia lendo aqui. E aí? Como o prefeito Getúlio Neiva pode deixar esse homem à solta longe do seu grupo? Nem a pau, Juvenal!
Éder Detrez
“Quem?”… Muita gente pode estranhar este nome no rol dos prováveis candidatos a vice de Getúlio. Mas eu insisto em deixá-lo aí. O médico, empresário e empreendedor social Éder Detrez é um nome a se levar em conta. O homem é sócio-diretor da FATEGÍDIO, é médico, dono de clínica ortopédica, teve uma atuação muito importante para ajudar o América de Teófilo Otoni tanto no módulo I quanto no módulo II do Campeonato Mineiro, e ainda por cima criou uma fundação que está oferecendo emprego para centenas de adolescentes, nos moldes da antiga Guarda Mirim de Teófilo Otoni, só que projetada dentro das regras atuais exigidas pela legislação vigente. Com uma boa estratégia, esse homem pode dar trabalho, ainda mais tendo em vista que incorpora o papel do novo tão pedido, mas com trabalho prestado — que é diferente dos muitos ditos novos que pululam por aí, mas que nunca fizeram nada pela cidade antes. Então, é muito melhor para o prefeito tê-lo junto ao seu grupo.
Pois é… Eu admito que não queria estar na pele do prefeito Getúlio Neiva. Quatro nomes de peso: Dr. Ilter, Edson Soares, Ricardo da Emex e Dr. Éder Detrez… todos eles apresentados como ótimas alternativas para ser vice, mas com o risco de os preteridos migrarem para outras paragens.
Ah! E antes que eu me esqueça, há outros nomes que, hoje, têm um peso menor no jogo político, mas que podem, evidentemente, ganhar alguma projeção daqui para frente e até se destacarem em relação a esses quatro aqui propostos.
Mais uma vez eu digo: não queria estar na pele do prefeito Getúlio Neiva.
O que ele vai fazer?
Eu tenho um palpite. Mas prefiro dar tempo ao tempo para não dizer que estou tentando influenciar o processo.
Quem viver, verá!