Reflita a respeito: “Ontem foi Natal”

Reflita a respeito: “Ontem foi Natal”

Por David Ribeiro Jr.

Nestas últimas semanas uma das coisas mais comuns foi ver pessoas em polvorosa por causa da comemoração do Natal. A crise econômica pairou sobre a data trazendo medo para comerciantes, e até mesmo para o cidadão comum, que estava preocupado em não ter a grana necessária para bancar a comemoração com a sua família e amigos. Mas o Natal, com crise ou sem crise, chegou. E com ele toda o encanto desta que é a época mais linda do ano… pelo menos é isso o que todo mundo diz.

Neste ano, pra ajudar ainda mais, e para compensar um pouco a crise, o Natal se deu numa sexta-feira — ou caiu em uma sexta-feira, como a maioria prefere dizer. Com isso tivemos todo o fim de semana pra comemorar… alguns, para encher a cara.

Ainda por causa da crise, este pode até ter sido o Natal do presentinho, mas não o Natal da ceiazinha. Ao contrário, o que vi em imagens no Facebook, Instagram, Twitter e WhatsApp foram pessoas se abarrotando de boa comida, de peru (como se o coitadinho tivesse alguma coisa a ver com isso) e de muita bebida. Se bem que quem não teve nada disso não costuma postar imagem em redes sociais…

Mas… quer saber? Que bom que houve comemoração! Que bom que foi assim! Mesmo Jesus não tendo nascido de verdade nesta data, tudo bem! O importante é que a gente tem a oportunidade, e, mais do que isso, o estímulo, para tirar esse tempinho pra lembrar dEle — Jesus —, para comemorar pensando nEle e para nos voltarmos para Ele. Afinal, não é pra isso que o Natal existe? Para pensarmos em Jesus e, na medida do possível, tentar imitá-Lo?… Não é por isso que tantas pessoas promovem e participam de campanhas assistenciais nesta semana?

Porém, antes que você pense o contrário, não comecei a escrever este texto para refletir sobre o Natal, que foi ontem. Antes, prefiro pensar um pouco no dia de hoje, o dia depois do Natal. Bem… o que tenho para dizer sobre este dia, o dia depois do Natal? Pouco… mas penso ser um pouco importante também. Ontem foi Natal. Hoje não é mais. Ontem nós passamos um pouco do nosso tempo com pessoas que amamos. As que estavam longe receberam nossos telefonemas, cartões e mensagens. As que estava perto, visitas, abraços e votos de prosperidade e paz no ano novo.

Pois é!… Será que não estamos nos prendendo apenas a um rito? Será que tudo isso não se transformou em algum tipo de obrigação social que em nada nos torna pessoas melhores? Caramba! Que feriado é esse que, embora se diga existir para nos voltarmos para Jesus, termina com pessoas empanzinadas, bêbadas, e com a casa muitas vezes suja e bagunçada?

Sinceramente, eu, de minha parte, não consigo imaginar o Jesus a Quem sirvo comemorando este nosso Natal. E olha que todos nós, ontem, insistíamos em dizer que comemorávamos o aniversário dEle, hein!?

Mas como o Natal foi ontem, pelo menos o Natal do comércio e da mídia, que tal fazermos do hoje, do dia depois do Natal, um dia melhor? Mas melhor de verdade, ?! Que tal, ao invés da ressaca, reflexão? Ao invés da letargia, ação? Que tal se permitirmos que o Natal do ano que vem comece hoje?… Mas, por favor, faça diferente! Ao invés de dizer para si mesmo que “no Natal do ano que vem eu quero estar de carro novo”, diga para você, e para Jesus também, já que a festa é dEle, o seguinte: “Senhor, no Natal do ano que vem quero ter ajudado alguém a ser uma pessoa melhor e a caminhar com as próprias pernas; quero ter ensinado a alguém a pensar por si mesmo e a não ser vítima do pensamento unilateral que a mídia secular tenta nos impor todos os dias. Quero ter poupado algum dinheiro para os dias difíceis, sem ter sido avarento ou me esquecido de estender a mão para o irmão triste e necessitado. E quero muito agir de modo a ter certeza de que fiz na minha vida que, não apenas o Teu nascimento, mas também a Tua morte, não tenham sido em vão”.

Ontem foi Natal. Hoje não é mais. Na última semana do ano a celebração à fartura vai continuar. E aí perguntaremos: se Jesus comemorava oferecendo tudo o que tinha para os pobres, por que nós comemoramos enchendo as nossas barrigas a ponto de haver tanto desperdício hoje, no dia seguinte ao Natal? E pior: algumas das pessoas que comemoraram o Natal, a data escolhida para o nascimento de Jesus, uma semana depois vão estar fazendo simpatias e outros ritos de origem ocultista acreditando que assim atrairão sorte, paz, amor, prosperidade e sucesso para no ano que vem, a esta altura do ano, estarem comemorando novamente… imaginem o quê?… pois é, o nascimento de Jesus.

Contraditório? Um pouco. Ou melhor: bastante.

No dia seguinte ao Natal, as luzes da árvore se apagam, e a mesa guarda apenas a lembrança da festança ocorrida ali há tão poucas horas
No dia seguinte ao Natal, as luzes da árvore se apagam, e a mesa guarda apenas a lembrança da festança ocorrida ali há tão poucas horas

Depois da comemoração estendida do ano novo aí começa um outro tipo de rotina: o do choque da realidade. Gente que precisou parcelar a ceia de Natal em muitas vezes no cartão de crédito agora vai se deparar com o IPTU, IPVA, volta às aulas, renovação do seguro, sem falar no vencimento de muitas compras feitas em apenas uma parcela no cartão ou no crediário.

E aí ninguém mais vai se lembrar do menino Jesus até à comemoração da sua morte na sexta-feira da paixão, em março.

Mas eu insisto em dizer que você e eu podemos fazer tudo diferente. Tudo mesmo. Se até ontem nós nos prendemos a uma comemoração que era muito mais comercial do que religiosa, hoje podemos começar um ciclo novo, um ciclo diferente, um ciclo em que nos inseriremos numa rotina voltada a uma vida de piedade, de modéstia e de elevação dos nossos valores e do nosso caráter. Podemos começar agora a nos perguntar o que deixaremos de exemplo e de legado para as próximas gerações ao invés de nos perguntar apenas como obter um carro maior para ser exibido no Natal do ano que vem.

Neste novo espírito natalino eu posso dar presentes sem motivo e fora das chamadas “datas comemorativas”. Também posso distribuir sorrisos e abraços sem nenhum interesse egoísta, e um tapinha no ombro das outras pessoas sem falsidade ou hipocrisia. Sim, neste novo espírito de Natal eu posso fazer de mim mesmo uma pessoa melhor. E se eu for uma pessoa melhor, logicamente que o lugar em que estou ficará pelo menos um tantinho assim melhor. Quem sabe eu consiga influenciar outras pessoas a também tentarem ser melhores?!… Quando nos apercebermos do que aconteceu, teremos construído uma enorme corrente do bem, corrente esta que, para ser melhor e mais forte, precisará contar com você que está lendo este texto agora. Por isso, seja bem-vindo ao novo espírito de Natal! Não aquele que acabou ontem, mas um novo, que começa hoje, e que não vai terminar em 25 de dezembro do ano que vem, mas vai passar a fazer parte da sua vida 365 dias por ano, ou 366 no caso dos anos bissextos.

Isso, sim, é que é Natal.

Neste novo espírito natalino todas as noites serão uma ceia de Natal, mesmo que só haja macarrão instantâneo na panela. Todas as manhãs serão natalinas, mesmo que, ao invés do pão recheado com doces e frutas, só haja um biju de farinha de mandioca. Todos os dias serão Natal em nossa vida quando formos inundados pelo amor do Cristo, pelo Seu exemplo, pelas suas atitudes e pelo Seu senhorio em nossa vida.

Eu quero muito este Natal pra mim, mesmo que nele o Papai Noel não tenha barba e use os óculos das pessoas mais velhas da família. O que importa é vivermos um feliz, mas permanente, Natal.

Junte-se a mim e a quem pensa desta maneira, e tenha este Natal na sua vida!

Experimente! Quem quiser, terá!

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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