Religioso foi proibido pela Justiça de se aproximar de vítimas e testemunhas, mas permanece na casa paroquial.
Um padre de São João da Chapada, distrito de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, está sendo investigado por estupro de vulnerável. O caso veio à tona no fim do ano passado e, em fevereiro, a Justiça determinou uma série de medidas cautelares que o religioso deve cumprir. Entre elas há a ordem judicial para que ele mantenha distância das vítimas e testemunhas. De acordo com a delegada que investiga o caso, há duas vítimas já identificadas. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) confirma que há uma denúncia de crime sexual contra o padre, mas que o caso corre em segredo de Justiça. A natureza do procedimento não foi divulgada.
“O inquérito corre em segredo Justiça por se tratar de violência sexual. Há uma investigação contra ele e o juiz determinou medidas cautelares que ele deve cumprir. Se descumprir, será preso preventivamente”, informa a delegada Kiria Orlandi, da Delegacia de Atendimento à Mulher de Diamantina.
Segundo ela, em outubro de 2015 foram recebidas diversas denúncias anônimas contra o padre. Duas vítimas, adolescentes, foram identificadas. O padre está na cidade desde 2013 e morava em um centro comunitário infantil. Ainda em outubro, a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão e recolheu todas as mídias eletrônicas do religioso. De acordo com a delegada, na ocasião, representantes da igreja acompanharam o depoimento dele na delegacia. O material foi encaminhado ao Instituto de Criminalística. “Eu fiz o requerimento de prisão preventiva dele em janeiro, a Justiça negou, mas determinou cautelares de afastamento do centro infantil, das vítimas e testemunhas”, explica a delegada. Ainda segundo Kiria Orlandi, há relatos de coação de testemunhas.
As medidas cautelares determinaram que o padre não pode se aproximar dos adolescentes, das testemunhas e deve se afastar do centro infantil. Além disso, ele deve se recolher à noite e nos fins de semana, mas não foi afastado de suas funções e permanece na casa paroquial da igreja.
As denúncias contra o pároco de São João da Chapada coincidem com a vitória do filme “Spotlight” na premiação do Oscar. O enredo aborda o trabalho de um grupo de jornalistas encarregados de desvendar como a Igreja Católica encobertou crimes de pedofilia cometidos por quase uma centena de padres em Boston, nos Estados Unidos.
Ouvido no início da tarde pelo Estado de Minas o padre Franciane Bretas, representante da Cúria Diocesana de Diamantina, alegou que ainda não tinha conhecimento da situação. “Estou sabendo agora através de você”, disse ele. “Fomos pegos de surpresa pelo caso. Ainda vamos apurar, e certamento será dada oportunidade ao padre envolvido para que possa dar sua versão à sociedade”.
Fonte: Estado de Minas