— Por David Ribeiro Jr. —
TEÓFILO OTONI

A Comissão de Organização da 3ª AGRIVALES anunciou nesta semana o adiamento do evento, inicialmente previsto para ocorrer na primeira semana de novembro para os dias 26, 27 e 28, na última semana do mês, objetivando, através da nova data, oportunizar uma maior participação do público para o qual a feira se destina, como vinha sendo pedido pelo mesmo público.

O presidente do Sindcomércio-TO, Iêsser Anis Lauar, conversou, via telefone, com o MINAS REPÓRTER sobre os avanços obtidos para o Agronegócio local e regional a partir do verdadeiro ecossistema que foi criado através da AGRIVALES.

Vale muito a pena acompanhar o bate-papo:

MINAS REPÓRTER: Presidente, como está o coração depois de quase dois anos de pandemia, e agora poder realizar um evento dessa envergadura na cidade?

IÊSSER LAUAR: A pandemia criou uma série de dificuldades para o comércio, mas agora as coisas estão voltando à normalidade. Para nós é uma grande oportunidade voltar a trabalhar e alavancar a nossa economia através das ações do Sindcomércio. Para inaugurar esta nova fase estamos reapresentando a AGRIVALES que, inicialmente, estava programada para a primeira semana de novembro, e agora adiamos para os dias 26, 27 e 28 para otimizarmos ainda mais a proposta do evento e fazer com que ela alcance a todos os seus objetivos.

MINAS REPÓRTER: E quais são os objetivos da AGRIVALES?

IÊSSER LAUAR: A AGRIVALES se tornou uma grande ferramenta de transferência de tecnologia para o setor agrícola. Nós transferimos a expertise do Sindcomércio ao agronegócio e à agricultura familiar. Eu vejo que houve um grande crescimento nesses dois, três anos, do agronegócio local, graças à tecnologia transferida, além da escolha dos produtos corretos para serem produzidos. A partir daí a AGRIVALES se transformou nessa ferramenta de transferência de tecnologia para que essa transição no campo ocorra com qualidade e segurança em nossa região. Uma boa amostra disso é o que ocorre com a nossa produção de uva e de cacau, e especialmente com o café conilon, que foi o ponto alto da primeira AGRIVALES, além do café arábico, porque a nossa região tem as características apropriadas para essa produção, como o clima e o relevo que fazem tanta diferença na produção do café conilon, por exemplo. Por isso é que trouxemos a cultura do plantio desse café para cá.

MINAS REPÓRTER: O objetivo inicial tinha a ver com a produção dessas novas culturas em nossa região?

IÊSSER LAUAR: Também. Mas não só isso. Eu posso dizer que a AGRIVALES começou com três pilares bastante claros que, reunidos, tinham o propósito de fazer com que o agronegócio aumentasse o nosso PIB (produto interno brito) regional em pelo menos 10% na próxima década. O primeiro pilar era a transferência de tecnologia para o setor agrícola. Não estamos reinventado a roda aqui, apenas usando tecnologias já experimentadas em outros lugares para tornar o nosso agronegócio mais efetivo.

“O segundo pilar tem a ver com a composição de diferentes forças trabalhando para esse objetivo em comum, já que a AGRIVALES é uma realização conjunta do Sindicato do Comércio de Teófilo Otoni, do SEBRAE, da EMATER e da Prefeitura de Teófilo Otoni. Agora o projeto já está se ampliando e novas prefeituras da região abraçaram a proposta. Essas prefeituras estão investindo na fruticultura em suas cidades. Através da EMATER estamos mostrando a viabilidade dessa cultura da fruticultura, que já está mais do que testada e aprovada no Espírito Santo, por exemplo. Lá eles trabalham com assistência dos órgãos e têm apresentado importantes resultados. O Sindcomércio entendeu isso como uma prioridade e logo no primeiro ano da AGRIVALES nós compramos um carro para ser usado no projeto da fruticultura em toda a região.

“O terceiro pilar a que nos propomos tem a ver com a comercialização de tudo o que é produzido. Nesta terceira edição da AGRIVALES, nós do Sindcomércio estamos entregando ao projeto um software chamado, inicialmente, de SindAgro, que vai mapear toda a logística da produção até os compradores. Através deste software a AGRIVALES une oferta e demanda no agronegócio local…

MINAS REPÓRTER: O software será gratuito?

IÊSSER LAUAR: Sim, será gratuito. O Sindcomércio está doando o software ao projeto. Ele será ancorado na cooperativa da Agricultura Familiar, que hoje produz e entrega para a merenda escolar. Esse software vai ficar na cooperativa e, através dos nossos técnicos, será possível mapear toda a produção programada e compará-la com a demanda dos supermercados na data de entrega. O software consegue prever que num dia xis precisa-se entregar tantos quilos de cenoura, por exemplo. Assim os produtores “A”, “B” e “C” se programam para atender a entrega nessa data. O software é capaz de prever tanto a falta quanto a sobra do produto. Se houver previsão de sobrar produto, é preciso, antecipadamente, buscar mais supermercados, armazéns, mais compra para a merenda escolar, enfim! Por outro lado, se houver previsão de falta, com a mesma antecedência pode-se programar com os produtores para contornar essa falta. A ideia é que o software acompanhe a produção semana a semana, e assim consiga prever com assertividade a demanda e, atendê-la. Já que o Sindcomércio é especialista em comércio, estamos ensinando a cooperativa a casar a demanda com a oferta. O SEBRAE está ajudando muito na gestão interna da cooperativa, e o Sindcomércio contribuirá com essa expertise em vendas. Assim, a AGRIVALES está se tornando um retrato anual de tudo o que está acontecendo na cidade na área do agronegócio. Poderemos ajudar produtores que estão com áreas de terras improdutivas a mudarem essa realidade transferindo tecnologia de irrigação, até porque todo projeto pressupõe o uso de irrigação; não há a menor chance de se trabalhar sem irrigação. E com os resultados obtidos poderemos pensar em começar logo até a trabalhar com exportação. A AGRIVALES vai contribuir com isso também.

MINAS REPÓRTER: É correto dizer que a AGRIVALES deixou de ser uma feira para se tornar um grande evento de apresentação de demandas e de propostas para otimizar o agronegócio regional?

IÊSSER LAUAR: Sim, com certeza. E há um fato novo a se considerar. A AGRIVALES está se tornando uma grande mostra que hoje agrega valor e que até tem chamado a atenção dos nossos deputados quando eles veem que estamos nos organizando e nos profissionalizando. Agora, por exemplo, já temos uma emenda do deputado federal Hercílio Diniz no valor de R$ 150 mil que colocou um recurso para a Cooperativa montar uma vinícola na região da Brejaúba, na Lajinha, e antes já tínhamos um outro recurso de R$ 50 mil alocado pelo deputado estadual Neilando Pimenta. A licitação para a compra dos equipamentos já está até sendo feita pela Prefeitura. Com isso, teremos ainda mais incentivo para a produção de uva em nossa região, já que teremos essa vinícola em funcionamento. Na AGRIVALES deste ano será anunciada a primeira Festa da Uva de Teófilo Otoni, que ocorrerá na região da Brejaúba, onde temos a uva que já está sendo produzida por quem abraçou este projeto lá atrás, quando o apresentamos. A festa deve ocorrer em meados de dezembro ainda neste ano de 2021 e vamos ter uma produção pequena a ser apresentada. A terraplanagem do terreno da vinícola já está pronta. O terreno foi doado e agora vamos buscar recursos para a edificação do prédio que receberá os equipamentos da vinícola para a produção de vinho e espumante. A AGRIVALES foi responsável por levantar o recurso para os equipamentos. A próxima fase é a construção da obra. Mas temos que comemorar o fato de que estamos chamando a atenção de vários parlamentares que querem abraçar ao projeto. Outro deputado que também já esteve na feira e ficou impressionado com a nossa proposta foi o federal Leonardo Monteiro. A AGRIVALES está se tornando autossustentável. Quando todos esses núcleos estiverem em funcionamento, geraremos uma elevação na economia local, um verdadeiro sistema de ganha-ganha para todos. Além de todas essas culturas, temos orientado aos agricultores que têm plantado a uva e o cacau, por exemplo, a produzirem ainda culturas intermediárias. A abóbora, por exemplo, pode ser produzida em meio à uva e ao cacau onde já há irrigação e consegue gerar renda de noventa em noventa dias, de modo que se produza recursos que giram na economia local; e o que é mais importante: de forma autossustentável, e sendo bom para todo mundo.

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