“A Copa que menos encanta”, por Márcio Barbosa dos Reis

“A Copa que menos encanta”, por Márcio Barbosa dos Reis

A Copa do Mundo de 2018, que está acontecendo na Rússia, de todas as Copas do Mundo de futebol as quais presenciei, esta é a que menos tem encantado o povo brasileiro, nele me incluindo, a poucos dias da sua abertura.

Em todas as Copas anteriores, nos poucos dias que antecipavam o início dos jogos, haviam ruas e casas pintadas com as cores da Pátria, bandeirolas, camisas, chapéus e outros apetrechos muito utilizados. Hoje, pouco se vê ou se fala sobre o assunto. Também não é para menos, o ambiente atual e o cenário futuro não são animadores.

Embora o desencanto antes do início dos jogos sempre ocorrera, é bem verdade, porém sua intensidade era menor. Ao longo dos jogos a empolgação ia crescendo. Entretanto, diante da grave situação econômica e política, aliada ao inesquecível, vexatório e inexplicável desastre da seleção brasileira na Copa de 2014, na final do jogo com a Alemanha, não acredito que a empolgação possa alcançar os níveis de Copas do Mundo anteriores, mesmo excluindo aquelas memoráveis e gloriosas, dos grandes e espetaculares jogos e dos grandes craques.

A crise de valores não poupou o esporte, e, em especial o futebol. Os escândalos de corrupção debilitaram a esperança, a alegria e a garra do povo brasileiro. Este é um mercado que movimenta bilhões de dólares e muitas negociatas. Por onde quer que se volte a corrupção foi desnudada e provocou revolta e apatia.

A superação do atual momento, não se sabe quanto tempo haverá de levar, e qual será o caminho que será percorrido. A sua construção passa por todos os fenômenos sociais, incluindo a Copa.

No episódio da Copa do Mundo de 2018, não sei o que será registrado na história, só espero que, perdendo ou vencendo, o mais importante seja não perder o foco pela busca de uma nova e melhor ordem social, econômica, política e moral para o país, que só será vencedora se houver a participação coletiva. Neste caso, não basta escalar uma seleção de homens e mulheres nas próximas eleições, e deixar que façam o espetáculo, é preciso continuar a participar diuturnamente da escalação, das estratégias de defesa e de ataque, das decisões que eles haverão de tomar em nosso nome. Enfim, não tirar o olho do lance! E, como juízes, expulsar aqueles que descumprirem as regras da nova ordem.

Márcio Barbosa dos Reis é membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni e auditor fiscal da Receita Estadual

 

Márcio Barbosa dos Reis

Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni e auditor fiscal da Receita Estadual

E-mail: marciobareis@outlook.com

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