Por Nívia Lauar
O ser humano sobreviveu a todas as intempéries e catástrofes até hoje porque tem uma característica muito peculiar, a solidariedade. Nos tempos remotos as pessoas viviam em grupos e se uniam para defenderem-se mutuamente, quando necessário. Era preciso que todos se associassem, seja na defesa do grupo ou para matar animais para se alimentarem.
Tempos depois as pessoas criaram as cidades. O progresso e a estabilidade de uma cidade dependiam muito da sociabilidade dos seus habitantes. Alguns completavam o que faltava nos outros, como uma verdadeira fraternidade.
Agora as cidades cresceram e os homens se tornaram capitalistas, no sentido de estarem o tempo todo pensando quase que apenas no dinheiro: “Será que vou conseguir pagar isso?” Ou: “Será que conseguirei o empréstimo para comprar aquilo?” E também: “Estou tendo lucro neste negócio?” E, ainda: “Por que meu vizinho sempre compra um carro melhor do que o meu?”
Tudo isso transformou a cooperação de outrora em competição particular e pessoal. No seu egoísmo, o ser humano deixou a sua principal virtude para trás, exatamente a de ser humano. A indiferença cada vez maior em relação aos problemas dos outros e a vulgaridade das relações transformaram o que se chamava de amizade em apenas relações frias e calculadas.
O interesse e o egoísmo conduzem as pessoas cada vez mais para os próprios interesses. A corrupção brota e cresce como uma erva daninha. Algumas vozes solitárias clamam por socorro. Estamos indo num caminho que nos conduz diretamente para o precipício. Mas não são ouvidas, porque ninguém mais ouve o outro a menos que tenham algo para lhe oferecer.
………………………………………….
NOTA: artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião dos editores do minasreporter.com. Sua publicação visa demonstrar pleno respeito à liberdade de expressão e tem o propósito de incentivar o debate dos problemas humanos e evidenciar a diversidade de opiniões no mundo contemporâneo.