— Por David Ribeiro Jr. —
Teófilo Otoni
O ano de 2023 terminou com muita gente tentando entender a atitude do prefeito Daniel Sucupira que, como articulador político do amigo Tarcirlei Mariniello de Brito, a quem defende como seu sucessor, resolveu fazer o lançamento oficial da pré-candidatura de Tarcirlei à sucessão municipal, pelo Partido dos Trabalhadores, em dezembro, cerca de 10 meses antes das eleições.
Por que tão cedo?
Será que Daniel não teme que o seu pré-candidato se desgaste?
Vai queimar o rapaz…
Esses foram apenas alguns comentários que pude acompanhar em redes sociais aqui e acolá nos dias que se sucederam ao pré-lançamento. Como é possível ver em muitos comentários e publicações que ainda estão lá (pois não foram removidos), há pessoas até mesmo do Partido dos Trabalhadores que acredita que desta vez o “Pai Véi” cometeu um erro. “Lançar Tarcirlei é uma coisa; lançar com tamanha antecedência é outra coisa completamente diferente”.
Para a maioria, Daniel errou, pois, ao lançar uma pré-candidatura com tamanha antecedência, se expõe ao que o ex-prefeito Getúlio Neiva chamava na roda de amigos de “desgaste desnecessário”. Os mais velhos ainda se lembram muito bem como Getúlio costumava lançar nomes de eventuais “candidatos” a vice para testá-los, e, em alguns casos, apenas para queimá-los mesmo e se ver livre de alguns “chatos”.
O que essas pessoas talvez não tenham entendido é que Getúlio era Getúlio e Daniel é Daniel. Com base nos meus mais de 30 anos acompanhando a política de Teófilo Otoni, posso dizer sem medo de errar que há casos e casos. No caso do lançamento antecipado da pré-candidatura de Tarcirlei, sou da opinião que Daniel fez a coisa certa, sim, por incrível que pareça.
Antes que alguém me julgue como tendencioso (embora todo mundo sabe que não sou petista), faço questão de relembrar sempre que eu apenas desenvolvo análise de cenários políticos; eu não projeto tendências.
Segundo algumas pseudo-pesquisas que circularam por aí no ano passado, Tarcirlei não era o líder, mas estava em segundo lugar. E a isso eu faço questão de lembrar que antes o PT tinha 8 (oito) pré-candidatos (leia o editorial que publiquei em 21 de março de 2023), com alguns deles pontuando relativamente bem. Agora o partido tem apenas um único pré-candidato, Tarcirlei, que, para quem sabe somar dois mais dois em matéria de política, entende que é só uma questão de tempo para que os votos que vinham sendo apontados nas sondagens para os demais candidatos do partido, e da esquerda como um todo, agora sejam canalizados gradativamente para Tarcirlei.
Alguns mais atentos podem se lembrar, inclusive, de que entre os 8 (oito) pré-candidatos do PT estava Lucas Míglio, hoje no PDT, e que também já se apresentou como pré-candidato independente, ou o que alguns chamam de terceira via. Pessoas próximas a Lucas Míglio garantem que ele não abrirá mão da sua candidatura e que vai levá-la até às últimas consequências. Há quem diga até que Lucas teria se lançado numa candidatura alternativa ao PT porque ele tiraria mais votos dos candidatos da direita do que dos da esquerda, como se tivesse sido algo combinado.
Que fique claro: Eu, que conheço Lucas há quase 30 anos e DUVIDO desse argumento. Lucas é um cara íntegro, realizado pessoal e profissionalmente, e jamais se prestaria a esse papel. O que eu acredito que aconteceu é que lhe foi prometida uma pré-candidatura; uma vez que a promessa não se consolidou, ele, que, como eu disse, é um cara realizado pessoal e profissionalmente, se lançou em carreira solo porque, de fato, não precisa de ninguém para brilhar. É alguém com brilho próprio. Para ele, o apoio do PT seria bem-vindo. Mas, como não ocorreu…
Mas voltando ao assunto desse editorial, que é a pré-candidatura de Tarcirlei (a de Lucas Míglio será analisada depois, ao seu tempo) insisto que Daniel, que é o padrinho político de Tarcirlei, fez a coisa certa. E mais de uma vez. Primeiro ele colocou juízo em todos os nomes do PT que faziam barulho ao perceber que isso só deixava a base dividida, ainda mais diante de tantos nomes que, de fato, eram bons e com condições reais de disputar. Uma vez que o partido agora está unido em torno de uma candidatura única (ou melhor, pré-candidatura, como a lei me obriga a dizer), entendo que a base petista vai se unir aos poucos em torno do nome do partido. É claro que haverá críticas e desgaste, mas o ganho dessa atitude articulada por Daniel é muito maior. Ele fez a coisa certa, ponto!
Seja como for, é só uma questão de tempo para que vejamos os votos da esquerda sendo canalizados para Tarcirlei em eventuais pesquisas que virem a ser feitas.
Essa canalização será suficiente para ele ganhar a eleição?
Não sei. Aí já é uma outra discussão. Nesses 30 anos trabalhando profissionalmente em análise política aprendi que uma única variável lançada aos 45 minutos do segundo tempo pode mudar muito o resultado de um jogo. E não, não é de futebol que estou falando.
Mas não podemos ignorar que o apoio de Daniel é importante. E tão importante quanto o seu apoio pura e simplesmente é a repercussão do anunciado pacote de obras, um recorde tal qual nunca houve antes na história desta cidade. Com certeza que isso vai colocar muita lenha nessa fogueira chamada ELEIÇÃO em Teófilo Otoni.
E aí talvez você me pergunte: E como ficam os candidatos da DIREITA nesta equação?
Ótima pergunta! Mas este é um assunto para outro editorial. Aguarde!
Quem viver, verá!